sexta-feira, 6 de julho de 2012

OBSERVANDO A NATUREZA

UM ASSUNTO LEVE, PARA TERMINAR A SEMANA.


OBSERVANDO A NATUREZA



Termino a semana sem mencionar uma linha sequer sobre política, corrupção, desvios, assuntos estampados diariamente nas manchetes dos jornais.

Abordei nos últimos dias, assuntos pessoais, desventuras, humilhações, percalços e atribulações, presentes na vida de todo bravo cidadão brasileiro.

Os passeios diários com meu fiel companheiro Vick, contribuíram para aguçar minha natural curiosidade, despertando ainda que tardio, sentimentos conservacionistas, que jamais suspeitei possuir.

Esse tardia consciência ecológica, rendeu a defesa intransigente da ninhada de Quero-queros, mencionada em duas colunas de O Globo, com foto que tirei dos “bichinhos” publicada em destaque, porem rendeu também aborrecimentos, com as muitas intervenções que fiz, com donos de cães que atormentavam as aves.

Desisti de vigiar esses pássaros teimosos, que todos os anos insistem em fazer seus ninhos nos lugares mais impróprios, defronte meu prédio, no Parque da Lagoa.

Mudei o itinerário do passeio com o Vick, indo diariamente até a Praça Benedito Cerqueira, também conhecida como Praça da Macumba, por ficar no cruzamento da Epitácio Pessoa, com varias alternativas.

Notei, que nesses últimos meses, os despachos que registro fotograficamente em meu celular, diminuíram significativamente.

Talvez por culpa da crise, ou por descumprimento das promessas dos pais de santo.

Sem despachos, comecei a observar as saúvas, que em determinados períodos tomam conta da praça.

Elas surgem do nada.

Há uns três meses, dezenas de “olhos de formigueiro”, brotaram sob as duas imensas amendoeiras e uma jaqueira, que dominam e sombreiam a praça.

A amendoeira não é uma árvore nativa, porem adaptou-se maravilhosamente ao nosso clima, a ponto de ser uma das únicas espécies cujas folhas caem e nascem ao mesmo tempo, durante o ano inteiro, sendo a grande dor de cabeça da Conlurb. No caso, um prato cheio para as formigas.

Observei, que com os buracos recém abertos, formavam-se trilhas de saúvas parrudas, que num vai e vem contínuo, abasteciam suas despensas, preparando-se para o inverno, tal como diz a fábula, pois as cigarras já haviam parado de cantar.

O trabalho operoso das saúvas continua, porem tenho notado, que atualmente, apenas formigas pequenas continuam na labuta, em menor quantidade, e com sinais evidentes que os “olhos” já não estão sendo cuidados, alguns inclusive estão se fechando pela ação da chuva, do vento e da própria erosão do solo.

Penso que as pequeninas estão completando o estoque, a fim de encerrar atividades até o próximo outono, quando ressurgirão a plena carga.

O interessante, é que pouco tempo depois que os “olhos” se fecham, externamente, tudo volta a normalidade, sem danos aparentes a vegetação existente na praça.

Talvez esse seja mais um dos pequenos milagres da natureza, pois aqui no Brasil, conforme estudos e pesquisas realizadas, apesar da saúva em determinadas regiões acarretar prejuízos à algumas culturas, não chega a ser uma praga, como ocorre em outros paises, inclusive nos Estados Unidos.

Conheço alguma coisa sobre o assunto, pois Panaia, inseparável amigo da minha juventude e com quem ainda mantenho algum contato, cursou Agronomia, e antes de formar, colaborou com um pesquisador americano que estudava a saúva, percorrendo vários estados do país, tentando descobrir os controles biológicos naturais, que evitam que esse “predador” se torne uma praga.

Panaia foi inclusive co-autor de um livro sobre o assunto, que lhe rendeu um convite para trabalhar nos USA, obviamente não aceito, pois estava mais preocupado em tomar conta de seu boteco e de sua quitanda, atividades que exercia em paralelo, pois como funcionário publico federal em Viracopos, tinha tempo de sobra para outros afazeres.

Panaia atualmente, alem de fingir que trabalha com inspetor fiscal aduaneiro no Aeroporto Internacional de Guarulhos, gasta seu tempo e energia, freqüentando bailes e fazendo a alegria das senhoras da terceira idade, em Piracicaba.

Bem quanto as saúvas, estou acompanhando o término de mais um ciclo.

Pela diminuição do fluxo, estimo que a hora do merecido repouso dessas incansáveis trabalhadoras está chegando.

Preparam-se para hibernar, com as despensas lotadas e com o dever cumprido.



José Roberto- 06/07/12








6 comentários:


  1. Você sempre me surpreende.
    É um boca suja sentimental e delicado.
    Adora a forma como escreve, principalmente sobre as mais banais.
    Você tem alma de poeta, já que é pai de uma poetiza.

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  2. Um boa crônica para um final de semana.
    Você está ficando um bom cronista, já pode pleitear sua coluna num jornal.
    Continue escrevendo.

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  3. Pelo jeito você está se preparando para a Eco-Rio +40.
    Está ficando um especialista em formigas.
    Parece que você entende de tudo ou e um tremendo curioso.

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  4. Nós estamos tão acostumados a dirigir e a usar o automóvel para tudo , que esquecemos a natureza. Deixe de lado o carro e saia pelas ruas, avenidas e parques, que enxergará um mundo novo. Certamente, agindo assim, teremos outras ótimas crônicas.Você tem futuro e já é um ótimo cronista, portanto, mãos a obra e trate de escrever , pois queremos ler!

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  5. Como você sempre diz que é um coroa, não sei se tem muito futuro como diz no coment´rio acima, porem sem dúvida você é um ótimo contador de casos.

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  6. No momento meu amigo Gimael, estou mais é precisando de uma casa no campo, como dizía Elis Regina. Penso que saindo, desse borburio que virou Campinas, certamente, ficaría menos doente. Depois de tudo que já passei, minha amiga Rê, sabe, estão achando que já estou com a famosa gripe, não bastando a coqueluche. Preciso, ficar apreciando vários tipos de formigas mas em um lugar, onde o ar seja bem menos poluído. Gimael, voce me deu um ótimo fim de domingo, aqui, amanhã, ainda é feriado, Revolução Constitucionalista de 32, mais um final comprido. Beijos.

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