quarta-feira, 4 de julho de 2012

O SOBREVIVENTE

O SOBREVIVENTE



Estou de volta a meu posto, com a moral baixa, mancando da perna esquerda, mas inteiro.

Bem..., mais ou menos inteiro.

A consulta como esperado foi uma barra, “a Hora do Pesadelo”, com Freddy Krugger e companhia.

O médico, Dr. Kededo, palrador e atencioso, antes do ato doloso, leu com atenção meus exames, examinou o ultra-som, confirmando que tudo estava nos conformes. As pequenas alterações eram compatíveis com a idade provecta da vítima.´

Perguntou se eu havia ingerido por 90 dias, o remédio que havia prescrito na última consulta, há quase dois anos.

Fui bastante franco, informando que não havia tomado a Finasterida.

Após gastar uma nota comprando três caixas da droga, suficiente para o período indicado, vi um entrevista na TV com o Padre Marcelo Rossi, explicando que estava tomando esse medicamento para evitar queda de cabelos.  Seu médico havia esclarecido, que um dos efeitos colaterais do dito cujo, era de ser “brochante”, situação que vinha bem a calhar, pois sendo padre, ficaria menos sujeito as tentações carnais.

Se era bom para o Padre Marcelo, para mim era justamente o contrário.

Apesar de estar em plena forma não posso me dar ao luxo de correr esses riscos, pois não pretendo ser  dependente do “azulzinho”, como ocorre com vários amigos da minha idade.

Dr. Kekedo explicou, que na indicação capilar, as doses da Finasterida são bem mais elevadas, porem desistiu da prescrição, inclusive de um similar mais moderno, considerando que meus exames estavam dentro dos padrões esperados.

Após essa conversa nada agradável e preparatória, a contragosto, baixei as calças e posicionei-me na mesa de abate.

Momentos de angustia vendo o sádico vestir a luva, besuntando do imenso indicador com vaselina e partindo para a agressão.

Segundos que parecem anos(com duplo sentido), pois apesar do exame ter sido relativamente rápido a sensação e a dor foram péssimas.

Parece que a vaselina utilizada pelo “futucador” continha areia, com certeza a mais barata da praça, vendida em galões de 20 kg, pois como o uso é intenso, o danado deve economizar , comprando a de pior qualidade.

Para que se preocupar com o fiofó alheio?

Nessa hora de infortúnio,  lembrei da velha piada do sujeito que foi comprar vaselina na farmácia, pois a noite beliscaria um fiofó.

Perguntando o preço da primeira oferecida pelo farmacêutico, ficou sabendo que custava 4,50 reais.

Perguntou se não existia outra melhor, sendo imediatamente informado, que uma ecologicamente fabricada, custava o dobro.

Não satisfeito, argüiu se não existia o produto importado, de ótima qualidade, pois queria o melhor, considerando que a farra seria grande.

Coçando a cabeça e sorrindo disfarçadamente, o farmacêutico lhe vendeu uma vaselina especial feita na Alemanha, por mais de cinqüenta pratas.

O gaiato saiu feliz e o farmacêutico rindo sem pudor, comentou com outro freguês que acabara de chegar:

Esse não me engana! Vai agasalhar o croquete!

Ninguém tem assim tanto cuidado com o fiofó alheio!

Lembrar dessa piada num momento tão terrível, não caiu bem, tive uma sensação de morbidez, de auto-flagelamento.

Porem bateu a dúvida: será que daqui há muito tempo, por ocasião da próxima consulta, não será recomendável levar um desses “amaciantes” importados, ou talvez um K-Y de ultima geração?





José Roberto-04/07/12


5 comentários:


  1. Todos os bravos tem que passar por esses infortúnios.
    Aguente firme e compre um amaciador.

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  2. Rsssssssssssssss... esse exame te inspirou!!! Está hilário!!!

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  3. Zé,

    Para com isto! Você está gostando da coisa, tanto é que está igual ao conhaque Dreher, "de pai para filho desde 1910". Logo logo o neto é que cutucará lá!

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  4. Estou ficando cismado.
    Logo logo você vai comprar um amaciante perfumado, e outros apetrechos sobressalentes.
    Será que ele é?

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    Respostas
    1. Se não ficou claro, quero esclarecer agora, para que não pairem dúvidas sobre minha condição de espada afiada:
      Detestei e detesto o exame.
      O faço porque não tenho alternativa.
      Porem qualquer tentativa para aminizar as dores desse estupro consentido, é válida.
      Assinado: Zé, espada muito afiada.

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