terça-feira, 31 de julho de 2012

CONTAGEM REGRESSIVA


CONTAGEM REGRESSIVA



Como ficou perfeitamente claro no memorial enviado pelo Procurador Geral da Republica, Roberto Gurgel, ao Supremo, os brasileiros, aguardam ansiosos,  que o STF cumpra seu dever, punindo de modo exemplar os corruptos que compõem a quadrilha do Mensalão.

Alem das provas adicionais anexadas ao extenso memorial, Roberto Gurgel, reafirmando as palavras de seu antecessor, deixa claramente explicitado, que o Mensalão foi  “o mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público flagrado no Brasil”.

Os corruptos envolvidos no esquema estão com os fundilhos em brasa, especialmente o crápula mor, José Dirceu, chefe da gangue e idealizador do plano maquiavélico de meter a mão no dinheiro publico, para assegurar a continuidade e supremacia do PT, em nosso imundo cenário político nacional.

A TV Globo, oportunamente e para desgosto da quadrilha, está reprisando os principais capítulos da novela Mensalão, reavivando o sentimento de revolta que tomou conta da população, diante roubalheira, perpetrada por políticos e ministros, que trabalhavam(roubavam) ao lado do Gabinete Presidencial.

O velho Batráquio manhoso, sempre alegou desconhecer a gatunagem geral, alegando que foi traído por seu braço direito(Dirceu), pelo esquerdo(Genoino), pelas pernas(Delúbio e Silvinho), salvando-se apenas...

Dirceu, a cabeça da “Hydra”, apesar de teoricamente cassado e afastado das funções públicas, continuou nesses seis para sete anos, dando as cartas no governo, indicando figuras manjadas para importantes cargos na administração federal, onde, com sua firma de consultoria, obteve contratos vantajosos para seus clientes.

Faturou uma grana preta nos últimos anos, vendendo influência e descortinando a seus associados o famoso caminho das pedras(da bufunfa pública).

Acabou de comprar em São Paulo, um imenso apartamento, com valor de mercado estimado em 3 milhões, obviamente, sub-faturado, por não poder declarar a origem do dinheiro.

Nossos ministros do STF poderão demonstrar ao povo, que o longo braço da justiça alcança a todos, inclusive os ricos, poderosos e políticos, que sempre escaparam ilesos, graças ao cinzento manto da impunidade e a esperteza de seus caríssimos e ilustres advogados.

Teremos que ficar atentos a atuação de dois ilustríssimos membros de nossa corte suprema.

Um deles, o ministro Ricardo Lewandowisk, por suas ligações com o Ex e com a turma de São Bernardo, tendo já demonstrado excesso de lentidão como revisor do relatório do Ministro Joaquim Barbosa( relator e acusador da quadrilha), retardando o inicio do julgamento.

Caso não houvesse a oportuna interferência do Presidente do STF, provavelmente seria transferido para depois das eleições, como pretendiam os acusados e a marginalia petista.

O outro, o ministro Dias Toffoli,  deveria declarar-se impedido de participar do julgamento por ter sido empregado do PT, defendido o principal réu e por sua namorada já ter defendido réus nesse mesmo processo.

Caso, por moto próprio, não se julgue impedido, o Congresso, a sociedade, ou mesmo o próprio STF,  deverá exigir que se afaste do caso, para que tudo transcorra em ambiente neutro e isento.

O hora H está chegando e aguardamos para ver se existe mesmo lei em nosso sofrido e espoliado país.

Que a justiça seja realmente para todos!



José Roberto- 31/07/12



 

segunda-feira, 30 de julho de 2012

QUE NOS SIRVA DE EXEMPLO


QUE NOS SIRVA DE EXEMPLO



Quem assistiu a abertura dos Jogos Olímpicos na última sexta-feira, deve ter se emocionado.

O ingleses, com uma simplicidade que a princípio até contrastava com a tradicional empáfia britânica, nos proporcionaram um espetáculo belo e inesquecível.

Dando maior importância aos fatos históricos, que tornaram a Inglaterra a grande potência, senhora dos mares e da terra, até início do século 20, os organizadores, abriram mão do uso excessivo de artefatos tecnológicos, preferindo expor a virtude e fibra de um povo, que chegou a dominar o mundo.

A interessante seqüência, desde a época feudal até o início da revolução industrial, ressaltou o aguerrimento e criatividade de um povo, que deu o salto inicial para a modernização do mundo.

Dentre as aberturas de Olimpíadas que tive a oportunidade de assistir pela TV, considero a de Londres, a mais simples e a mais original e para meu gosto particular, a melhor de todas.

É inegável que a da Pequim foi maravilhosa, com abuso da tecnologia.

A de Atenas também foi grandiosa, com despesas vultuosas para um país capenga, contribuindo para a crise atual.

Fica a impressão, que face a grave conjuntura atual, a Inglaterra fez a coisa certa, da maneira certa.

Buscou a simplicidade, preocupada em não esbanjar dinheiro do exigente contribuinte inglês.

Justamente o contrário do que ocorre em nossas bandas.

O malfadado PAN, que deveria ter custado 900 milhões, chegou aos 5 bilhões, deixando-nos como herança verdadeiros mostrengos, como a Vila Residencial(que está afundando literalmente), o parque aquático Maria Lencke(entregue aos aedes-egypte), o Engenhão(entregue ao Botafogo, Loco Abreu e ao vovô Seedorf), sem mencionar o Velódromo, entregue as baratas, pois fora dos padrões, será implodido.

Com a Copa, se as previsões de gastos foram da ordem de 50 bilhões, facilmente chegaremos aos 100, que sabe aos 200.

Deixando de lado a perdularidade e roubalheira que obviamente frutificarão nesse interregno, esperamos que o Brasil tenha a compostura, de não cair na tentação de ceder aos estereótipos pelos quais somos vistos mundo a fora.

Apesar de nossa imagem ter melhorado um pouquinho nos últimos anos, Brasil, para os gringos, é sinônimo de mulatas( carnaval/samba) e futebol(quanto ao futebol já tenho minhas duvidas).

Espero de coração, que o projeto da abertura não seja entregue a nenhum carnavalesco de plantão, pois é obvio que o samba, carnaval e mulatas devam constar do roteiro, porem em doses mínimas, procurando como fizeram os ingleses, realçar as riquezas e outros atributos do nosso povo.

Será ridículo e humilhante, over doses de popozudas semi-nuas, requebrando na abertura ao sons de tamborins e para completar,  aquele pentelho malabarista do pandeiro, rodando o instrumento pelos braços e pelo corpo.

Merecemos coisa bem melhor!

Que esse espertalhão do Nuzman(amigão do Ricardo Teixeira e do Havelange), se manque,  espelhando-se no belo exemplo que veio de Londres.



José Roberto- 30/07/12




sexta-feira, 27 de julho de 2012

FILA DOS IDOSOS


FILA DOS IDOSOS



Envelhecer é uma merda, mas com não há escapatória, temos que agarrar  determinadas vantagens que nos são oferecidas.

A primeira boa surpresa que tive, foi por ocasião da renovação do meu passaporte, quando completava os fatídicos “sessentinha”.

A fila de espera era imensa e já estava sacando o livro que carrego a tiracolo, para matar o tempo nessas ocasiões que abusam da nossa paciência, quando um gentil funcionário me encaminhou para a fila dos idosos, onde apenas dois velhinhos aguardavam para entregar a papelada.

Meio ressabiado, aceitei de pronto a oferta, sendo atendido em menos de quinze minutos.

Essa foi a minha primeira vez e da primeira a gente nunca esquece!

“Dobrar o Cabo da Boa Esperança” não é nada agradável, ainda mais se nossa cabeça não estiver pronta para assumir que nos tornamos sexagenários.

Antigamente, um cara de cinqüenta estava no fim da linha, “no bico do corvo”. Hoje, é um garotão.

Eu e minha curriola, que já ultrapassamos com folga esse marco, até que estamos em boa forma, pelo menos de “cuca”, pois as vezes, o corpo não acompanha nossos pensamentos e nossa vontade.

Já perdi a vergonha e atualmente sempre procuro a fila dos idosos, o que nem sempre é uma vantagem.

Costumo fazer uma análise visual dos velhinhos que estão a minha frente, pois é comum vê-los enrolados com as senhas, solicitando saldos e questionando valores, como se o caixa fosse o responsável por não terem depositado sua aposentadoria.

O pior é quando você topa com algum ancião, que tem horror em apertar as teclas daquelas maldita caixinha, precisando sempre do auxilio de um funcionário do banco.

Outra situação ainda mais irritante, é quando o velhinho a sua frente faz o serviço de boy para escritórios de contabilidade, tendo em mãos um imenso envelope, com centenas de contas a serem pagas.

Aí a coisa pega!

Você fica puto, mas não tem jeito.

Estão desvirtuando a função do caixa especial, com esses escritórios utilizando “boys-velhos”, como fura-filas.

Em bancos onde existe o sistema de senhas, o jeito é dar uma de “garoto esperto”, apanhando duas senhas, uma para atendimento especial e outra para o atendimento normal.

Vale a que aparecer primeiro no telão!

Observando com atenção, notamos raras mulheres nas filas de atendimento especial, eventualmente algumas grávidas.

As coroas vaidosas não estão dispostas a dar recibo de sua idade provecta, preferindo enfrentar longas filas que assumir em publico aquilo que tanto lutam para disfarçar(as plásticas e os botox que o digam).

Alguns bancos, a exemplo do Itau, do qual sou cliente, estão redimensionando suas agências, algumas com apenas um caixa, por azar, justamente a que fica mais próxima do meu escritório.

Como é que nosso Banco Central admite um desrespeito desses para com os clientes?

Como ficará o atendimento especial para os velhinhos?

Vou deixar de ser preguiçoso, andar um pouco mais, e ir a minha agência Personnalité, onde ainda desfruto de algumas mordomias(água e cafezinho).

Estão minguando as vantagens da “Melhor Idade”.

Gostaria de conhecer o inventor desse maldita expressão, pois melhor idade é o caralho!

Melhor idade é ter entre trinta e quarenta anos!



José Roberto- 27/07/12






quinta-feira, 26 de julho de 2012

O LUCRO DOS BANCOS


O LUCRO DOS BANCOS



A notícia quase me tirou o sono: “Lucro de bancos cai pela primeira vez em 10 anos”.

Tadinho dos bancos!

Fiquei tão preocupado, que talvez comece a aceitar todos esses produtos enganadores que nos são oferecidos pelos aplicados gerentes; seguros de vida, de carros, residenciais, e o pior deles, o maior engodo, que deveria ser proibido pelo Banco Central, os famigerados Títulos de Capitalização.

As manchetes são mesmo alarmantes, informando que o resultado do Bradesco no semestre, cresceu apenas 1,7%, com lucro líquido de míseros 5,6 bilhões.

O pobre do Itaú também teve um aumento inexpressivo, resultando num lucro líquido no semestre de apenas 6,7 bilhões.

Esses analistas estão de gozação, pois essa dinheirama toda dá para encher de grana, o cu  de todos os donos e grandes acionistas dessas casas bancarias, justamente o contrario de suas irmãs européias que patinam em prejuízos, ameaçadas de falência.

Alegam os pobres banqueiros, que a principal razão da diminuição dos lucros é a elevada taxa de inadimplência, forçando um aumento da provisão para devedores duvidosos.

Conversa fiada, pois quem já se viu forçado pela conjuntura, a tomar dinheiro emprestado nos bancos, sabe que as exigências e garantias são exageradas.

Normalmente, banco só empresta para quem não precisa, aqueles privilegiados que tem contas gordas e aplicações parrudas.

Apenas o generoso BNDES empresta a juros subsidiados, para uma minoria de privilegiados, fortunas imensas, com garantias questionáveis ou tomando ações dessas empresas, que já nascem fadadas a serem deficitárias, sempre exigindo mais aportes para não quebrarem, num circulo vicioso e sugador de recursos públicos.

Cabe ao Tesouro Nacional, que injeta a grana fácil no BNDES, cobrir os rombos, captando dinheiro na rede bancária privada, a juros extorsivos, exigindo esforços extras de arrecadação do governo e o conseqüente aumento dos tributos. Em suma, ferrando a classe média, pagadora de impostos.

Os banqueiros choram de barriga cheia, pois com o advento da republica petista/sindicalista, passaram a navegar em mar de almirante, e como costumava dizer o Batráquio apedeuta, “nunca, na história desse país...” os bancos faturaram tanto.

Os bancos, que por princípio, foram criados para terem lucro, mas também para terem um cunho social, financiando e estimulando a industria, o comércio e serviços, aboliu de seus estatutos essa faceta, que dava respeitabilidade a essas organizações.

Se realizam alguma coisa dita de cunho social, são aquelas obras ou doações dedutíveis do imposto de renda, pois banqueiro não dá ponto sem nó.

Atualmente, o pobre do cliente paga por tudo que o banco deveria lhe oferecer gratuitamente. Taxa de manutenção de conta, talão de cheque suplementar, taxa de abertura de conta, taxas para emissão de DOC, TED, taxas e mais taxas.

O infeliz do cliente, só não paga taxa de uso do banheiro(WC), porque em agencias bancárias não existem sanitários para uso de terceiros.

Se alguma nova lei obrigar a criação de mijatórios/cagatórios nas agências,  serão do tipo, que para se ter acesso, será necessário colocar uma nota ou moedas, no mecanismo que aciona a abertura da porta.

O banco acabará lucrando até com nossas incontinências urinarias e caganeiras.

Banco no Brasil, é o melhor negócio para os que podem(com ph).

Os pequenos, cujos donos enriquecem, levando vidas nababescas e transferindo grana para suas contas secretas em paraísos fiscais, quebram, e acabam sendo comprados por bancos oficiais, socializando os prejuízos e novamente fodendo o contribuinte.



José Roberto- 26/07/12




quarta-feira, 25 de julho de 2012

COMO ANDA A SAÚDE NO BRASIL?


COMO ANDA A SAÚDE NO BRASIL?



Voltando aos temas terrenos e pornográficos, toco num assunto proibido para menores ou maiores de todas as idades, aqueles que infelizmente necessitam recorrer à rede publica de saúde, numa vã tentativa de buscar cura para seus males.

Falar de saúde pública em nosso país e pura sacanagem, da mais grossa e explicita, num flagrante desrespeito ao povão necessitado.

Estamos cansados de presenciar cenas chocantes nas tvs, mostrando cenas dantescas em nossos hospitais públicos, onde doentes são depositados como trastes imprestáveis, nos corredores das emergências e enfermarias, aguardando atendimento, que quando chega, já vem tarde.

Diante dessa afronta, fica a impressão, de que ao buscar atendimento na rede pública, o brasileiro pobre, antecipa sua passagem para o alem.

As razões dessas terríveis deficiências são sobejamente conhecidas. Má remuneração dos médicos, instalações precárias, falta de remédios, de equipamentos e principalmente a péssima administração, redundando em desvios e corrupção endêmica.

Essa situação caótica só é amenizada nas propagandas oficiais, onde aparecem hospitais limpos, médicos sorridentes confraternizando com pacientes, tudo nos trinques, um verdadeiro conta de fadas.

Assombrado, tenho acompanhado uma campanha do SUS, desencadeada pela TV em horário nobre, inclusive em intervalo do Jornal Nacional(o tempo mais caro da TV), informando que irá contatar pessoas atendidas pela rede, para aquilatar a qualidade do atendimento.

Alguém já tentou marcar uma consulta, agendar um exame mais complicado, ou mesmo uma cirurgia pelo SUS?

Quando o infeliz consegue seu intento, muitas vezes a doença já avançou a níveis irremediáveis, pois a demora é de meses, existindo casos em que cirurgias consideradas de baixo risco, são postergadas por mais de ano.

É mais uma piada de péssimo gosto do governo, que ao invés de atacar o problema pela raiz, tenta engabelar o povo através da mídia, como se fossemos um bando de idiotas.

É também óbvio, que nessas campanhas de publicidade, difíceis de serem quantificadas e aferidas, ganham todos os envolvidos no processo(menos os pagadores de impostos), num flagrante desperdício inútil de verbas públicas.

Caso o governo tivesse realmente intenção séria de averiguar a real situação da saúde publica no país, bastava enviar alguns emissários com filmadoras,  as principais capitais e cidades do interior, para termos em mãos, um documentário de qualidade, em condições de concorrer ao Oscar ou ao Festival de Cannes, com o sugestivo titulo de “O Inferno de Dante Brasileiro”.

Recordo, que há uns dois anos atrás, quando soltei o verbo contra o sistema de saúde em meu blog, um representante do Ministério ou alguém que se credenciava com tal, fez nos comentários, uma longa exposição sobre os esforços que estavam sendo despendidos na área, concluindo que minha posição era totalmente equivocada.

Devem realmente existir pessoas bem intencionadas no Ministério da Saúde, mas os resultados do que vem sendo feito, é pífio, o povo continua a sofrer com o péssimo atendimento praticado.

Caso os doutos pesquisadores se interessem, antecipo o resultado dessa cara e desnecessária perda de tempo:

A saúde no país continua sendo um problema crônico e o atendimento aos necessitados, uma merda!



José Roberto- 25/07/12




terça-feira, 24 de julho de 2012

LÁGRIMAS QUE REDIMEM


LÁGRIMAS QUE REDIMEM



Escrever o texto de ontem, sobre a morte de minha mãe foi muito difícil.

Normalmente chego ao escritório, sem saber qual assunto a ser abordado. A conversa com amigos, velhas lembranças, uma manchete dos jornais, mais um caso de dólares na cueca, enfim qualquer tema que não seja muito maçante e desperte o interesse de meus raros e fieis leitores.

Ontem, ao sentar diante do computador, sabia de antemão que escreveria sobre mamãe.

Levo normalmente entre 50 e 60 minutos para escrever meus textos, sem minutas, rascunhos, deixando que as palavras fluam com naturalidade.

Muitas vezes, essa espontaneidade me leva a cometer graves erros e omissões, porem, acredito, que o objetivo principal, mesmo que capenga dos meus escritos, no final das contas são atingidos.

Ontem foi diferente!

Chorei pouco no enterro de mamãe, pois sou metido a durão, procurando sempre reprimir as emoções e sentimentos.

Ontem foi diferente!

A medida que teclava as palavras, sentia o rosto afogueado e lagrimas incontidas rolavam por minha face.

Tinha a nítida impressão que o duto lacrimal interrompido, finalmente rompeu-se, como um dique represado, impossível de conter uma enxurrada de emoções.

Levei o dobro do tempo, entre interrupções, fungadas, o nariz vertendo aquela irritante coriza, fazendo sentir saudades do velho lenço de tecido, hoje pouco utilizado.

Com os olhos embaçados tentava caprichar, pois mamãe foi a leitora mais fiel e incondicional das minhas crônicas, a ponto de se vangloriar com as amigas e parentes.

Nos últimos tempos, já fraca e alquebrada, pedia as dedicadas filhas, que imprimissem e lessem para ela os meus textos, dando a impressão de momentaneamente se dopar, diante das perorações impertinentes e as vezes esdrúxulas contidas no meus escritos, mas que a inebriavam com um forte paliativo, minorando suas dores corporais.

Me comovi  extremamente aos escrever essa difícil crônica, que poderia ter sido bem melhor, se não fosse tolhida pela comoção recente.

Tenho o hábito de somente ler os comentários sobre meus textos, a noite, no computador da minha mulher(em casa, sou o único que não dispõe desse artefato mágico) e na manhã seguinte, antes de começar a escrever o blog do dia.

Porem, por ser um tema especial e percebendo que de imediato começavam a surgir comentários dos amigos e parentes, acessei o blog diversas vezes e chorei ainda mais.

As demonstrações de afeto contidas em todos os apartes me tocaram fundo, cada qual a sua maneira, com palavras doces e generosas, mesmo de pessoas que não conheceram mamãe pessoalmente, mas conheceram seus atos e seus frutos.

Hercília partiu, mas não deixou um vazio.

“Saudade é o amor que fica”

Espero que mamãe, lá no céu, tenha gostado do meu texto e nesse exato momento, o esteja lendo para Tonico, em voz alta, como sempre costumava fazer.



José Roberto- 24/07/12




segunda-feira, 23 de julho de 2012

O CÉU NÃO PÔDE ESPERAR


O CÉU NÃO PÔDE ESPERAR



Chovia muito!

Eram exatamente sete horas e treze minutos quando o visor do meu celular brilhou, aparecendo o nome de mamãe.

Senti imediatamente uma fisgada no lado esquerdo do peito, pois antes mesmo de levar o telefone ao ouvido já sabia do acontecido.

Bia, querida sobrinha que demonstrou tanto afeto durante esses derradeiros meses, informava chorosa, que mamãe havia partido.

Recebi e notícia no escritório, ligando imediatamente para Regina, pedindo para que se preparasse para partirmos de imediato para Piracicaba.

A chuva continuava intensa e a viagem se prenunciava longa, exigindo atenção redobrada.

Durante as sete horas gastas no trajeto, tive tempo de relembrar fatos e passagens vividas por Hercília, minha brava, corajosa e desprendida mãe.

Com cento e um anos completados recentemente, mamãe teve uma vida fecunda, laborioso, com altos e baixos, sem jamais esmorecer e perder a fé.

Casou-se muito cedo, com Tonico, seu eterno apaixonado, gerando uma extensa prole. Oito filhos, sendo que o mais velho, Heraldo, partiu prematuramente, deixando raras lembranças com os irmãos que não o conheceram.

Apesar do pouco estudo, mamãe sempre foi curioso e observadora, aprendendo a gostar dos livros, onde buscava ampliar seus horizontes e conhecer o mundo.

Nós, os filhos, devemos a ela o gosto que herdamos pela leitura, pois alem da fartura de livros que sempre circulou por nossa casa, desde pequeno, mesmo ainda com a compreensão limitada, ficava horas sentadas ao lado da rede, onde papai, refestelado, ouvia a leitura correta e firme de Hercília.

Tenho dúvidas se papai realmente prestava atenção nas palavras do texto, pois sentado na posição de “Buda”, balançava gingando como um pêndulo, devaneando, chegando muitas vezes a fechar os olhos.

Mas, pacientemente, mamãe lia todos os dias para papai, ou quem sabe, para os filhos que a rodeavam e quedavam silentes durante essas seções culturais.

Dada a ingenuidade e boa índole de papai, mamãe sempre foi a “fêmea dominante” de nossa família, a que cuidava das finanças, da educação , do estudo das crianças, enfim dos problemas do dia a dia.

Em épocas difíceis e de dinheiro curto, mamãe se desdobrou fornecendo refeições a parentes e conhecidos, garantindo como uma leoa, a sobrevivência da prole.

Através de bolsas de estudo parciais, mamãe conseguiu que freqüentássemos bons colégios, o Salesiano Dom Bosco, para os homens, e o Assunção, para uma das filhas, Lilida, tendo em vista que Cida, a mais velha, formou-se precocemente como professora e já lecionava em escolas rurais da vizinhança.

Durante os dez anos vividos em Monte Alegre, na época em que explodia em juventude, mamãe foi sempre rígida com relação aos horários, tanto para os estudos como para os folguedos, embora sempre encontrássemos meios de burlar essas normas caseiras, pois os castigos eram sempre leves e facilmente comutáveis.

Ao mudarmos novamente para a região central de Piracicaba, nos inicio dos anos setenta, mamãe que já ajudava a garimpar provisões para o Convento das Carmelitas, passou a dedicar-se com mais intensidade as obras sociais, tendo sido por mais de vinte anos presidente da Obra do Berço, entidade que assistia gratuitamente mães solteiras e pobres, fornecendo-lhes enxovais e roupas para bebes futuros ou já nascidos.

Jamais poderei esquecer a dedicação e o carinho dispensado por mamãe a meus filhos, em especial para Maria Silvia, principalmente logo após seu nascimento, quando passou mais de quarenta dias internada no Hospital das Clinica, em São Paulo.

Mamãe, incansável, passou todas essas noites a seu lado, revezando durante o dia com Regina, para renovar suas energias e estar novamente a postos, ao cair do sol.

Mamãe foi aquela avó incapaz de chamar a atenção de qualquer neto por gritarias, correrias e algazarras em sua casa. Encarava esse excesso de vigor, como uma necessidade natural de queima de energia das crianças.

Suas palavras eram sempre de carinho, jamais para ralhar ou chamar a atenção.

Os netos e bisnetos sempre retribuíram essa bondade, com demonstrações continuas de afeto.

Não posso deixar de mencionar papai, um eterno apaixonado por Hercilia.

Papai jamais levantou a voz ou mesmo criticou algo feito por mamãe, nem mesmo alguma tipo de comida que não tinha lá ficado grande coisa.

Papai sempre foi só elogios.

Partiu antes, para preparar  com esmero as coisas para sua amada.

Conforme descrevi, a chegada de papai no céu causou grande comoção, pois durante os longos cinco anos em que esteve acamado, que nada significa perante a eternidade, o Altíssimo preparava um lugar especial a sua direita, chegando mesmo a despertar um leve ciúme entre os anjos e querubins.

Após vinte e oito anos de sua gloriosa recepção no paraíso, Tonico “top ten” celestial, caprichou ao preparar um lugar especial a seu lado, para sua querida Lila.

Era assim que papai chamava mamãe na intimidade.

Tanto, que não teve paciência em esperar muito tempo para chamá-la para ocupar sua cadeira celestial ricamente ornada que construída com tanto carinho.

Menos de dois meses após mamãe apresentar sintomas de cansaço e debilidade, Tonico requisitou sua presença,  independente desse período ser um átimo  insignificante de tempo, perante a eternidade.

Tonico ansiava pela presença de Lilá.

No final de março quando a visitamos, mamãe estava bem, lúcida, falante, embora um pouco magra e com dificuldades para andar.

Depois de uma forte gripe abrigando-a a ficar acamada, começou um período de desgaste, para desgosto e sofrimento dos filhos, porem sem jamais deixar escapar uma palavra de dor ou lamento.

Percebendo o irreversível da situação, rezávamos para que sua travessia fosse breve, ao encontro do amado Tonico.

Temos absoluta certeza, que a chegada de Hercília foi mais natural, pois o respeito e admiração granjeados por Tonico nesses vinte e oito anos, não deixam duvidas. Ele é especial, um dos preferidos do “Chefão”.

Hercília chegou flutuando ao som leve das trombetas, assopradas por multidões de querubins, que não disfarçavam uma pequena inveja por aquela recepção tão gloriosa.

Tonico, sorridente, de braços abertos, esperava por sua mulher amada, fiel companheira terrena por longos anos, e que agora teriam juntos,toda a eternidade, para desfrutarem daquele amor tão puro e singelo, que só acontece entre pessoas realmente especiais.

Papai e mamãe foram pessoas muito, mas muito especiais.

Deixaram marcas de sua bondade nos filhos, netos e tataranetos.

Rezo para que Deus me ilumine e me de forças para transmitir aos meus, ao menos uma pequena parcela da bondade,  carinho e  integridade que recebi dos meus pais.

Se com um lá em cima, ao lado do “Maioral”, meu lugarzinho já estava assegurado, agora, com a chegada de mamãe, não resta a menor duvida, de que meu assento em lugar de destaque,  está mais que garantido.

Mais uma vez, como sempre fiz desde criança, peço sua benção minha querida mãe.

Me guie e  proteja, durante o período que me resta nessa travessia.

Abençoe seu filho muito amado.



José Roberto- 23/07/12






terça-feira, 17 de julho de 2012

LUIZ, O BICÃO


LUIZ, O BICÃO



Escrevi ontem sobre a saudosa turma do tênis, que pelas diversas razões explicitadas ou não,  se dispersou, mas que deixa muita saudade.

Lendo os comentários agora pela manhã, o último, foi justamente do meu atual e fiel parceiro quinzenal, Luiz, o Bicão.

Luiz é uma figura impar, sempre o último a chegar.

Quando me liga dizendo que já está saindo de casa, que fica ao lado, quando muito, está saindo do escritório, demorando quase uma hora para adentrar a quadra, onde de raiva, o massacro sem piedade.

Pontualidade não é o seu forte. Nós os amigos, temos que dar os descontos e tolerar essa sua característica irritante, que enche  nosso saco.

O apelido Bicão, vêm da época em que a turma era maior. Começávamos  cedo, pois sempre preferimos jogar simples, e Luiz, que sempre acordava mais tarde, morando no prédio ao lado, esticava o pescoço pela janela para  certificar se já estávamos pelejando.

Essa mania de esticar o pescoço espiando sorrateiramente, também lhe carreou o apelido de “Cuco”.

Apesar de ser um convidado, Luiz não tem cerimônia em convidar terceiros para jogar em nossa quadra, tendo a cara de pau de praticar esse expediente sem a presença de um morador, o que contraria as normas internas do nosso condomínio(não dele), do qual sou síndico.

Até que pelo peso e tamanho Luiz, o obeso, é relativamente ágil, tendo uma boa direita, a ponto de alcunhar a si próprio de “direitinha da Lagoa”.

A direita até que é forte, pecando pela irregularidade. Se acertar uns trinta por cento é muito. Em dias excepcionais, talvez acerte a metade das tentativas. Justamente o contrário do autor deste texto, que prima pela regularidade, com golpes perfeitos, uma esquerda meia-bomba, mas eficiente, e um estilo elegante de um auto-didata(nunca teve uma aula), a ponto da torcida e até os rivais, reverenciá-lo como o “Barishinikov das quadras”.

Luiz é o típico carioca entrão, que conhece todo mundo, mas as vezes “derrapa na maionese”.

Alegando ser sócio benemérito do Marimbás, clube tradicional que fica no final da praia de Copacabana, certa vez, nos convidou para uma peixada, numa sexta, as 13,00 horas.

Cheguei por volta das 13,30h, conhecedor da impontualidade do “sócio” que havia promovido o encontro.

Quando cheguei, Oto já estava barrado no portão do clube, argumentando ser convido do Luiz. Me aproximei, dando mais detalhes sobre nosso anfitrião, que apesar de vagamente conhecido, não era sócio porra nenhuma, aparecendo eventualmente, convidado por terceiros.

Fomos salvos com a chegada do Helinho, que por sinal conhecia ou era meio aparentado com o presidente do clube, permitindo finalmente nosso acesso, e nos livrando da vergonha de ser “barrados no baile”.

Luiz, como de costume, apareceu bastante atrasado, apresentando desculpas esfarrapadas, porem sem perder a ginga, numa boa, na maior cara de pau.

O almoço foi ótimo, pois a tradicional peixada do Marimbás é realmente famosa e apetitosa.

Depois de nossas gozações durante muito tempo, parece que o Gordo tomou vergonha e finalmente comprou um título do clube.

No prédio é a mesma coisa.

Age como morador, desfrutando da quadra a seu bel prazer.

Tenho que agüentar, pois é um dos únicos parceiros que me resta. Miguel, por problemas de ordem doméstica não é confiável e Paulinho é também muito explicadinho, falhando as vezes na hora de precisão.

Luiz alem de jogar em nossa quadra, raramente se faz acompanhar por uma garrafa de cerveja, ao contrário do que externou em seu comentário no Blog anterior.

Para encher aquele barrigão imenso, meia dúzia é pouco.

Concluindo, menciono resumidamente, a história da lagosta, que se tornou lendária entre a turma.

Há algum tempo atrás, num sábado, após encerrarmos nosso jogo, Luiz insistiu para que o acompanhasse a Niterói, onde pegaria umas lagostas com um dentista amigo, e sócio em um pangaré, que disputava os últimos lugares nos páreos do Jockey.

Meio a contragosto pelo avançado da hora, solicitei por telefone o alvará com dona Regina, pois atrasaria para o almoço e nos bandeamos para o outro lado da ponte.

Fomos bem recebido pelo amigo do Luiz, que lhe presenteou com duas imensas lagosta, de tamanho inacreditável, alem de uns cinco quilos de camarão pistola, de mais de um palmo.

Tomamos umas cervejas e retornamos.

No caminho, ficou combinado que Luiz faria um jantar em sua casa, com as enormes lagostas, e que Regina era convidada especial.

No tarde do dia convencionado, já estávamos nos aprontando, quando Luiz ligou, informando que o jantar estava cancelado, pois Jorge, seu cunhado e mestre cuca, não poderia comparecer, ficando o evento acertado para a semana seguinte.

Na data remarcada, já estávamos nos preparando, quando recebemos outro telefonema do meu amigo da onça, cancelando novamente o jantar de lagostas.

Depois dessas mancadas, deixamos morrer o assunto, até que um dia após os jogos, lhe perguntei sobre as lagostas.

O danado do cara de pau informou sorridente, que já tinha degustado as gigantes, mas que o convite estava de pé, para uma próxima ocasião.

Esse é um retrato em rápidas pinceladas do nosso amigo Luiz, o Bicão.

Minha alternativa é aplicar-lhe o merecido castigo, surrando-o impiedosamente na quadra.

Esse é o Luiz, ame-o ou deixe-o.



José Roberto- 17/07/12

segunda-feira, 16 de julho de 2012

E A TURMA DO TÊNIS?


E A TURMA DO TÊNIS?



Ainda ontem bem cedo, passeando com Vick pelo Parque da Lagoa, estava me lembrando da nossa turma do tênis.

Em pouco tempo, desapareceram.

Alguns remanescentes se comunicam quando muito por email, ou um telefonema eventual.

Da turma original permanecem apenas Paulinho Explicadinho, Luiz Bicão e eu.

Situação absurda, pois tendo uma quadra em nosso condomínio, faltam parceiros para se jogar algumas partidas.

Luiz Bicão, que não mora no prédio, é o único com quem posso contar de 15 em 15 dias, pois semana sim, semana não, o obeso tem que bater o ponto em seu sitio de Teresópolis, onde mantem meia dúzia de pangarés.

Paulinho explicadinho, dando aulas a semana toda, ainda tem paciência de eventualmente, bater umas bolas comigo, para depois falarmos mal da vida alheia, degustando umas cervejas encorpadas.

Renato, o velho, flechado pelo cupido mudou-se de mala e cuia para Salvador.

Dizem que até abandonou o tênis, dedicando-se a esportes mais radicais, como buraco e dominó. Reumatismo é foda!

Noticias do velho, só eventuais, através de conhecidos comuns, quando de suas rápidas passagens pelo Rio.

Oto, o pequeno gigante, leão do norte, cabra macho de Exu, desde que parou de tingir o cabelo parece que perdeu o ânimo e as forças.

Apesar de ser um pouco mais novo, notávamos, que no início desse processo mutacional, quando ainda freqüentava nossa quadra, já demonstrava sinais de fadiga e tensão, fruto evidente da abstinência de tintura acaju.

Desapareceu de vez, encafurnado em seu novo apartamento na Barra. Dele, nem emails, nem telefonemas. Noticias zero.

Miguel, o melhor oftalmologista do Rio, uma das novas aquisições, é uma incógnita.

Até que tem boa vontade, mas o problema é conseguir o alvará com a esposa para descer e participar do meeting.

Está sempre enrolado em levar os filhos para um aniversário, uma festinha, ou outros afazeres domésticos.

O pobre portuguesinho dá um duro a semana toda e não tem folga nem aos sábados e domingos.

Com nossa pressão, consegue as vezes libertar-se dos grilhões e descer sorrateiramente para umas partidas e umas cervejas.

Miguel sofre marcação cerrada e nem sempre leva a melhor, para não dizer, que quase sempre leva a pior,

O restante da turma se foi, alguns prematuramente como Aldir e Tião, deixando muita saudade.

Aldir era o pulmão da turma, o mais disposto. Sua ausência nos colocou em outro ritmo, quase em marcha-lenta.

Os outros foram nos deixando aos poucos, por troca de empregos, motivos de força maior, ou simples mudanças. De repente, sumiram do mapa.

Pensando nesse passado recente, trocava idéias com Vick, que abanando o rabinho torcido, procurava nova moita ou arbusto para marcar território.

Sem opções, não me restava alternativa senão caminhar novamente e sozinho.

Detesto andar, mas em minha idade, exercícios são obrigatórios. Enfrentaria novamente 7,5 km do entorno da Lagoa, contra a vontade, mas forçado pelas circunstâncias.

Enquanto isso, a quadra vazia, aguardava os contendores.



José Roberto- 16/07/12




sexta-feira, 13 de julho de 2012

OUTRA SEXTA-FEIRA 13


OUTRA SEXTA-FEIRA 13



Já é a terceira deste ano, o que pode justificar a maré de azar que atravessamos.

O país derrapando num “pibinho”, igual ao do comerciante do Amapá e dona Dilma dando aula de economia, com uma nova teoria, que provavelmente lhe dará direito a se candidatar ao Nobel: “o progresso ou o tamanho de uma nação não se mede pelo PIB”.

A Presidente, que engordou seu currículo com mestrados e pós-graduações que só existiram na imaginação de suas assessoras, talvez também tenha feito o curso de Economia por correspondência, daí essas intervenções não ortodoxas, seguindo a linha histriônica petista/marxista.

A industria nacional patinando, bolsas caindo, ações da nossa gloriosa Petrobras despencando, pois ao invés da propalada auto-suficiência, impingida aos brasileiros pela propaganda maciça e das inaugurações de “pedras fundamentais” de refinarias que não saíram das pranchetas, hoje importamos boa parte do diesel e da gasolina que consumimos, situação oposta a que ocorria anteriormente, quando exportávamos gasolina a preço de banana, a Bolívia, ao Paraguai e etanol aos Estados Unidos.

No cenário internacional e nas relações exteriores, temos adotado posturas que não se coadunam com nosso perfil histórico de independência e racionalidade, cometendo uma série de fiascos, a exemplo do ocorrido em Honduras e que agora vergonhosamente se repete com o Paraguai.

O bufão venezuelano Chaves, cuja influência maléfica contaminou nossas posições democráticas, tem agora uma grande colaboradora, a Evita de quinta categoria, Kristina Kirchener, inimigos da imprensa livre que fazem a cabeça de nossos chanceleres.

Respiramos aliviados, por termos nos livrados na virada do governo, do barbicha esquerdista Celso Amorin, amigo do Ahmadinejad.  Para nosso assombro, após a demissão do falastrão Nelson Jobin, Dilma o coloca a frente do Ministério da Defesa, talvez, para sacanear os militares.

As relações exteriores, entregue ao embaixador Antonio Patriota(ou Idiota), começou bem, dando a falsa impressão que voltaríamos a normalidade, porem, em pouquíssimo tempo, sucumbiu a mesmice petista, confundindo interesses do país, com política partidária.

No recente episódio da expulsão temporária do Paraguai do Mercosul, o Brasil votou a reboque de uma doida Argentina e de um bufão venezuelano, botando no mesmo barco o Uruguai, que arrependido, busca corrigir seu erro, tentando voltar atrás e impedir a Venezuela de ingressar no bloco.

A crise está tão brava, que como já disse anteriormente, até a quantidade de despachos reduziu na praça da macumba.

Amanha cedo darei uma checada, para verificar a performance dos pais de santo, nessa ultima data propícia de 2012.

Sinto porem, um desânimo no ar.

Talvez seja o caso, dos macumbeiros parcelarem os despachos, sem juros, aumentando a inadimplência da sofrida população.

A propósito, ainda não comprei o magnífico vinho “Monte dos Cabaços((R$59.90, to achando meio caro)

Hoje, outra propaganda do Mundial, anuncia em oferta especial, o “Cabeça de Burro”, um tinto reserva a R$ 34,80, recomendado a nossos dirigentes ou melhor, a todos nós eleitores, responsáveis por votar nesses safados que em tese, deveriam nos representar, mas que preparam o “terreiro” apenas para si próprios e seus apaniguados.

Contra esses políticos corruptos, nem despacho faz efeito.



José Roberto- 13/07/12

quinta-feira, 12 de julho de 2012

TAMANHO É DOCUMENTO


TAMANHO É DOCUMENTO



Para que serve o estado do Amapá, que apesar de ter o solo rico em minérios, é a maior mina de desvio de recursos públicos do país, em valores relativos?

O Amapá não é pouca coisa não!

É terra de ladrões e corruptos de primeiro time.

Ladrões de alto gabarito, que roubam porque gostam(parafraseando nosso velho e finado barqueiro de Caravelas(BA), Penoar, que costumava dizer que a mulherada da cidade, “dá, porque gosta”).

Ladrão pequeno não tem vez no estado, se bobear vai logo em cana, principalmente se tiver roubado uma laranja do pomar do vizinho ou um pedaço de pão.

A justiça é inclemente com esses pequenos infratores.

Já o governador, prefeito, presidente da assembléia legislativa e deputados, assaltam os cofres públicos sem a menor discrição ou pudor.

As vezes são até “encanados”, mas por pouco tempo, pois graúdos de colarinho branco, não costumam esquentar as celas das cadeias.

Mas não deixa de ser uma vergonha nacional.

Imaginem um estado pobre, que depende de repasses federais para sobreviver, cujos dirigentes e autoridades máximas, só pensam em encher os bolsos e as cuecas.

O governador foi preso o ano passado.

O prefeito de Macapá foi preso o ano passado.

Presidente da Assembléia foi afastado por corrupção.

Qual o político que se salva nesse pobre e espoliado estado?

Para completar esse vergonhoso quadro, que já é uma piada nacional de péssimo gosto, uma nova e verídica piada picante, compatível com os absurdos que ocorrem em nosso extremo norte:

A nota foi publicada na Coluna do Ancelmo, dia 10/06, informando, que uma advogada de Macapá(K.D.B), de 26 anos, em plena flor da idade, havia entrado na justiça, movendo uma ação contra o ex-marido, A.C.D., comerciante bem establecido, de 53 anos(meio passado), pelo grave motivo de “insignificância  peniana”.

Traduzindo, o coroa tem bilau pequeno, tipo anjinho barroco.

Contrariando o dito popular, a querelante afirma em seu pleito, que “tamanho é documento”.

A meu ver, a ação deveria ser julgada improcedente, pois considero impossível que essa gentil donzela não tenha apalpado, visto, ou até mesmo provado, a minúscula estrovenga do noivo, antes do casório.

Se esse pendenga inusitada tivesse ocorrido há uns cinqüenta ou sessenta anos atrás, até que a tese seria aceitável, mas atualmente,  juiz nenhum vai engolir essa alegação, pois tenho sérias duvidas que exista ainda uma mulher, que vá para o altar, sem antes ter cumprimentado a estrovenga do namorado.

Gostaria também de salientar, que o pobre(de estrovenga) do ex-marido, poderá tentar reverter o processo, alegando não haver insuficiência peniana, mas sim, um exagero “xanal” por parte da reclamante, que para os padrões comuns, possui uma “xavasca” exagerada, tipo bovina ou eqüina.

Daí a dificuldade no encaixe e na conjunção carnal, motivada pela ausência de atrito.

Sérias questões para a justiça do Amapá resolver.

Povinho danado esse do Amapá, que alem de escolher péssimos governantes e deputados, ainda de quebra, elege como senador, o velho marimbondo de fogo Sarney, turista que só visita o estado de oito em oito anos, na época das eleições.

Se bobear, sugiro que o estado retorne a condição de território federal, eliminando toda essa escumalha política.



José Roberto- 12/07/12






quarta-feira, 11 de julho de 2012

GOVERNO EMPACADO

GOVERNO EMPACADO

Quinzenalmente somos brindados com excelentes artigos do historiador e professor da USP(Ribeirão Preto), Marco Antonio Villa, para mim, um dos melhores articulistas e pensadores do Brasil atual.
Seus textos são oportunos, profundos, agradáveis de ler e didáticos, podendo ser lidos até por aqueles não muito chegados ao hábito, pois são de fácil entendimento e compreensão.
Num dos de seus últimos apartes, aborda com a costumeira precisão o governo de Dona Dilma, que a seu ver, parece velho aos 18 meses.
Vou alem.
Esse governo vetusto já nasceu velho.
Com ministros, assessores, dirigentes de importantes estatais e praticamente todas as peças da imensa maquina estatal herdada ou imposta pelo antecessor, Dilma começou sua caminhada pisando sobre as pegadas sinuosas de Lula, seu mestre e criador.
Depois que a mídia começou a revelar os escândalos em série, fruto da corrupção endêmica instalada no governo, Dilma se viu forçada a defenestrar esses canastrões corruptos, pegos com a boca na botija e dinheiro nas cuecas.
Numa tentativa de manter o apoio dos partidos oportunistas, cujos representantes estavam sendo despejados de seus cargos, a Presidente, para aliviar a barra, cunhou um sinônimo para roubo, alcunhando o ato de surrupiar dinheiro publico, como “malfeito”.
Malfeito o caralho!
Bem feito para esses canalhas, que tardiamente foram escorraçados e afastados da boca do cofre.
Como podemos engolir, que Dona Dilma, uma super-gerente (segundo seu criador, o manhoso Batráquio), que mandou e desmandou durante longos oito anos, não percebeu ou diagnosticou, que as raposas estavam tomando conta do galinheiro?
Sem comentários, pois em política tudo se explica, num faz de conta surreal.  O que se diz hoje não vale para o amanhã, o rufião de ontem é o fiel o atual fiel escudeiro e amigo eterno. Vergonha é ética são palavras que não existem nos dicionários dos nossos homens públicos(com raras exceções).
Com a crise batendo em nossa porta, o governo insiste em medidas pontuais, beneficiando temporariamente alguns setores e tentando estimular o consumo interno, mesmo sob o risco da população ficar endividada, o que já está acontecendo.
As obras de infra-estrutura estão paradas ou caminhando a passos de tartaruga.
As do PAC, estão desde há muito, empacadas.
A única movimentação que notamos, deve-se a correria das obras municipais, por conta das eleições que se aproximam.
No geral, os prefeitos metem a mão por três anos, guardando um pouquinho para o último, numa tentativa de engambelar novamente o eleitorado, se reelegendo, ou carreando votos para seus apadrinhados.
O governo federal tem se destacado em aumentar o numero de benesses concedidas à população pobre, dentro da premissa de melhorar e aumentar a distribuição de renda.
Nada contra, porem, convem salientar, que somos nós, os pagadores de impostos que sustentam esse assistencialismo e que a base de pagadores vem aumentando em ritmo lento, devido a queda do nível de empregos, o que prenuncia, aumento da carga tributária(para o mansos burros de carga).
Com milhares de novos vereadores, que desgraçadamente inflarão os gastos já elevados das câmaras municipais; com reivindicações salariais estapafúrdias de algumas classes de empregados públicos, que já ganham bem mais que similares da iniciativa privada; com os perigos e a generosidade peculiar dos períodos pré-eleitorais, com o BNDES tomando bilhões do Tesouro e emprestando com juros simbólicos a poucos escolhidos, o cenário que se avizinha é deveras preocupante.
Diante de todos esses riscos que estão evidentes, o governo, ao invés de  implementar medidas para conter os gastos públicos, acelara a liberação de emendas paroquiais, sucumbindo a chantagem dos deputados e senadores que compõe sua base de sustentação.
Os índices econômicos estão aí para provar: crescimento do PIB nanico, devagar, quase parando.

José Roberto- 11/07/12

terça-feira, 10 de julho de 2012

VINHOS


VINHOS



Jamais teria a pretensão de escrever sobre vinhos, se não tivesse lido por acaso, uma propaganda do Supermercado Mundial publicada no O Globo da ultima sexta-feira, anunciando preços especiais para o festival de queijos e vinhos.

Bati os olhos no anúncio e lá estava a garrafa do vinho português, em primeiro plano, com um nome espetacular que sem dúvida, deve justificar o elevado preço: MONTE DOS CABAÇOS.

Deve ser um vinho muito requintado, que os entendidos, ao degustá-lo, sentirão o aroma de colônias, sabonetes, pentelhos e do indefectível xixi.

Coroando esse mutirão de aromas bacantes, destaca-se o onipresente perfume de bacalhau, pois um bom vinho português não pode renegar suas origens.

Brincadeiras e gozações a parte, o vinho realmente tem um nome supimpa, de dar água na boca, induzindo o ávido cliente a correr  ao supermercado para não perder a magistral oferta.

De vinhos não entendo patavina, embora seja um apreciador dos tintos, desde que não custem mais que 30 pratas e desçam macio, sem arranhar a garganta.

Tenho encontrados bons chilenos e argentinos que me satisfazem plenamente(vinhos, obviamente).

Cheguei a gostar do Miolo nacional, logo que foi lançado.

Como fez sucesso, a vinícola cresceu demais, aumentando muito a produção. Para meu gosto, atualmente o vinho está bem fraquinho. Até que dá para engolir, mas nem de longe lembra o das safras iniciais.

Como frisei, tomo aquele que me agrada e que não seja caro, ao contrário de alguns amigos metidos, que também não entendem porra nenhuma, mas como estão cheios de grana, tomam pelo preço.

Quanto mais caro pagam pela garrafa num restaurante, mais satisfeito ficam, e ainda saem arrotando vantagens.

Recordo de uma ocasião que fomos almoçar num restaurante em Niterói, especializado em bacalhau, se não me falha a memória Gruta de Santa Maria.

As entradas e o prato principal realmente eram deliciosos, porem o vinho que tomamos foi uma merda.

A dona, uma portuguesa esperta, percebendo que alguns sentados à mesa exalam cheiro de grana alta, e insinuavam entender de vinhos, ofereceu-lhes um especial, que custava 300 mangos.

Achei o preço absurdo, mas fiquei calado.

O tal do vinho devia estar encalhado há muito tempo, pois sua cor já estava alterada e para completar, repleto de borra.

Com toda “mise en scène” , foi servido um tiquinho para degustação.

Não cuspi na hora porque sou razoavelmente educado, porem foi o mesmo que engolir vinagre azedo, com validade vencida.

Meus amigos ao contrário, com cara de babacas acharam o máximo, bebendo daquele fel sem fazer caretas.

A dona do restaurante tentou nos impingir uma nova garrafa. Como finalmente reclamei, trouxe outra de 200 reais.

Provei novamente e também não gostei. Outra porcaria para engambelar trouxas, metidos a sommelier.

A terceira garrafa foi mais em conta, 100 pratas, um vinho até razoável.

Meus amigos riam de minha pretensa ignorância vinícola, satisfeitos em pagar um nota preta por um vinho, que de pelo meu paladar, nem para tempero serviria.

Ainda por cima, me taxaram de pão duro, dando a entender que minha rejeição nada tinha a ver com a qualidade do vinho, estando apenas relacionada ao preço.

Não gostei do preço e muito menos do vinho.

Um dos presentes nesse almoço, Otacílio “o pequeno gigante de Exu”, metido a entendedor, presenteou-me posteriormente com duas garrafas de um vinho nacional pouco conhecido, Dom Laurindo, de pequena produção, mas de ótima procedência.

Uma das garrafas, reserva especial, havia custado 100 reais, outra mais comum, 30 reais.

Depois de entorná-las, fui obrigado a apresentar-lhe o veredicto: os dois eram bons, mas o de trinta muito melhor.

As pessoas tem que cair na real e deixar de ser obtusas, pois nem sempre o mais caro é o melhor, principalmente no caso dos vinhos.

Voltando a oferta do Mundial, vou abrir uma exceção e comprar uma garrafa, com valor acima do meu teto, R$49,90.

Pretendo degustar esse vinho, com um bom bacalhau, antecedido de uma farta salada de grelos(um tipo de brócolis portuguesa)

Quem sabe, no futuro, possa visitar o país de nossos descobridores, pois coisa rara hoje em dia, estou ávido para ver de perto, a região que produz o “Monte dos Cabaços”.



José Roberto- 10/07/12




segunda-feira, 9 de julho de 2012

MILTON GAMBÁ E COMPANHIA


MILTON GAMBÁ E COMPANHIA



Fê, minha caçula, com não poderia deixar de ser, é leitora fiel dos meus textos, dando preferência aos bibliográficos, quando abordo casos de minha atribulada infância e juventude.

Ontem, por ocasião do almoço domingueiro, pediu mais informações sobre Milton Gambá e o sobrinho, que havia mencionado semana passada, no texto “Boca Suja”.

Atendendo sua curiosidade, aqui vão esclarecimentos adicionais sobre toda a turma.

Toninho Pretinho era o mais chegado. Tinha a minha idade, de boa família, educado, bom de bola e companheiro de traquinagens. Se deu bem na vida.

Tornou-se um advogado respeitável em Piracicaba.

Zelão era um pouco mais velho, sendo mais amigo de meu irmão Toninho.

Não tenho informações sobre ele, mas deve ter assumindo parte dos negócios do comercio de seu pai, a tradicional Casa Beccari, que até hoje existe na Rua XV, esquina com Governador.

Recordo uma ocasião em que ele e Toninho, deram uma bela sova em dois marmanjos que me atormentavam no colégio. Provavelmente eu devo ter começado essa picuinha.

Depois da tunda, os dois rapazes nunca mais chegaram perto. Aproveitei para continuar enchendo o saco dos dois, sob a ameaça constante de reclamar com o mano e o Zelão.

Milton Gambá era a figura de proa. Bem mais velho. Na ocasião devia ter uns 16 para 17 anos.

Não trabalhava, dedicando seu tempo a cuidar do sobrinho de 5 anos, filho de uma irmã solteira, a jogar futebol e sua grande paixão, fazer e empinar belos papagaios(pipas).

Milton Gambá foi meu grande professor, ensinando-me a construir “barquinhos”, “estrelas”, “maranhões(sem rabo) e outras variedades de pipas, que com a poderosa linha 24, mandava as belezas para os ares.

Milton morava com a mãe, a irmã e o sobrinho, numa casinha que ficava num grande terreno na Rua Benjamin, quase na esquina com a Regente. A irmã era a única da família que trabalhava, arrimo de família.

A primeira obrigação de Milton era cuidar do sobrinho, arrastando-o para todos os lados.

Recordo de uma ocasião quando estávamos empinando um belo papagaio, em dia de vento forte, terminando por arrebentar a linha, forçando-nos a sair em disparada atrás do nosso leviatã.

O danado caiu perto do frigorífico, que ficava onde hoje é a Cidade Jardim, bairro nobre.

Na época, existiam umas poucas casas, o frigorífico e muita mata.

Ao recuperarmos o papagaio, topamos com um grande cão, que arrastava meia mortadela já bem mordida, provavelmente surrupiada do frigorífico.

Milton partiu para o tudo ou nada com o esfomeado cão, tomando-lhe a cobiçada presa, que com orgulho e extremo apetite, foi lavada, e devorada com alguns pãezinhos, comprados num bar da proximidade.

Eu, cismado e meio nojento, lembro que me recusei a participar do banquete, limitando apenas em apreciar a degustação.

Não sei que fim levou Milton Gambá e seu sobrinho, pois mudamos para a Usina Monte Alegre, e com o progresso que chegava a Piracicaba, Milton também deve ter mudado para a periferia, pois a área onde morava era muito valorizada.

A propósito, seu apelido devia-se a hábito de não ser chegado a um banho, como podemos facilmente deduzir.

Com essas mudanças os elos foram rompidos, perdemos totalmente o contato.

Pessoas que passaram por nossa vida, que em determinados momentos chegaram a ter relativa importância, mas que desapareceram sem deixar vestígios, sumindo na poeira do tempo.

Rumos diferentes, caminhos diferentes, destinos e sonhos diferentes.

Restam apenas as boas lembranças, que jamais deverão ser esquecidas, para serem eventualmente rememoradas com nossos filhos e netos.



José Roberto- 09/07/12






sexta-feira, 6 de julho de 2012

OBSERVANDO A NATUREZA

UM ASSUNTO LEVE, PARA TERMINAR A SEMANA.


OBSERVANDO A NATUREZA



Termino a semana sem mencionar uma linha sequer sobre política, corrupção, desvios, assuntos estampados diariamente nas manchetes dos jornais.

Abordei nos últimos dias, assuntos pessoais, desventuras, humilhações, percalços e atribulações, presentes na vida de todo bravo cidadão brasileiro.

Os passeios diários com meu fiel companheiro Vick, contribuíram para aguçar minha natural curiosidade, despertando ainda que tardio, sentimentos conservacionistas, que jamais suspeitei possuir.

Esse tardia consciência ecológica, rendeu a defesa intransigente da ninhada de Quero-queros, mencionada em duas colunas de O Globo, com foto que tirei dos “bichinhos” publicada em destaque, porem rendeu também aborrecimentos, com as muitas intervenções que fiz, com donos de cães que atormentavam as aves.

Desisti de vigiar esses pássaros teimosos, que todos os anos insistem em fazer seus ninhos nos lugares mais impróprios, defronte meu prédio, no Parque da Lagoa.

Mudei o itinerário do passeio com o Vick, indo diariamente até a Praça Benedito Cerqueira, também conhecida como Praça da Macumba, por ficar no cruzamento da Epitácio Pessoa, com varias alternativas.

Notei, que nesses últimos meses, os despachos que registro fotograficamente em meu celular, diminuíram significativamente.

Talvez por culpa da crise, ou por descumprimento das promessas dos pais de santo.

Sem despachos, comecei a observar as saúvas, que em determinados períodos tomam conta da praça.

Elas surgem do nada.

Há uns três meses, dezenas de “olhos de formigueiro”, brotaram sob as duas imensas amendoeiras e uma jaqueira, que dominam e sombreiam a praça.

A amendoeira não é uma árvore nativa, porem adaptou-se maravilhosamente ao nosso clima, a ponto de ser uma das únicas espécies cujas folhas caem e nascem ao mesmo tempo, durante o ano inteiro, sendo a grande dor de cabeça da Conlurb. No caso, um prato cheio para as formigas.

Observei, que com os buracos recém abertos, formavam-se trilhas de saúvas parrudas, que num vai e vem contínuo, abasteciam suas despensas, preparando-se para o inverno, tal como diz a fábula, pois as cigarras já haviam parado de cantar.

O trabalho operoso das saúvas continua, porem tenho notado, que atualmente, apenas formigas pequenas continuam na labuta, em menor quantidade, e com sinais evidentes que os “olhos” já não estão sendo cuidados, alguns inclusive estão se fechando pela ação da chuva, do vento e da própria erosão do solo.

Penso que as pequeninas estão completando o estoque, a fim de encerrar atividades até o próximo outono, quando ressurgirão a plena carga.

O interessante, é que pouco tempo depois que os “olhos” se fecham, externamente, tudo volta a normalidade, sem danos aparentes a vegetação existente na praça.

Talvez esse seja mais um dos pequenos milagres da natureza, pois aqui no Brasil, conforme estudos e pesquisas realizadas, apesar da saúva em determinadas regiões acarretar prejuízos à algumas culturas, não chega a ser uma praga, como ocorre em outros paises, inclusive nos Estados Unidos.

Conheço alguma coisa sobre o assunto, pois Panaia, inseparável amigo da minha juventude e com quem ainda mantenho algum contato, cursou Agronomia, e antes de formar, colaborou com um pesquisador americano que estudava a saúva, percorrendo vários estados do país, tentando descobrir os controles biológicos naturais, que evitam que esse “predador” se torne uma praga.

Panaia foi inclusive co-autor de um livro sobre o assunto, que lhe rendeu um convite para trabalhar nos USA, obviamente não aceito, pois estava mais preocupado em tomar conta de seu boteco e de sua quitanda, atividades que exercia em paralelo, pois como funcionário publico federal em Viracopos, tinha tempo de sobra para outros afazeres.

Panaia atualmente, alem de fingir que trabalha com inspetor fiscal aduaneiro no Aeroporto Internacional de Guarulhos, gasta seu tempo e energia, freqüentando bailes e fazendo a alegria das senhoras da terceira idade, em Piracicaba.

Bem quanto as saúvas, estou acompanhando o término de mais um ciclo.

Pela diminuição do fluxo, estimo que a hora do merecido repouso dessas incansáveis trabalhadoras está chegando.

Preparam-se para hibernar, com as despensas lotadas e com o dever cumprido.



José Roberto- 06/07/12