HUMILHAÇÃO

HUMILHAÇÃO

Dormi mal, tive pesadelos, um deles recorrente, quando perco minha bolsa ou a esqueço num bar, no hotel, voltando feito louco para recuperá-la, topando com mil dificuldades.

Esse pesadelo recorrente sempre aparece em ocasiões que estou aflito, preocupado, tanto com a saúde quanto com as finanças.

O momento que atravesso não é dos melhores.

Protelei o encontro pelo maior tempo possível, mas como diz o ditado, que no caso vem bem a calhar “quem tem cú tem medo”, finalmente ou dolorosamente, estarei hoje, cara a cara com meu urologista.

Cara a cara ou cara a bunda?

Como a grande maioria dos especialistas afirmam, ser o toque retal  um exame imprescindível para checar a elasticidade da próstata, a existência de pequenos nódulos e outras porcarias, contra a vontade, de tempos em tempos tenho que me submeter a essa humilhação.

Minha consulta anual(com duplo sentido) estava marcada para setembro passado, porem venho protelando o fatídico encontro, procurando juntar coragem.

Já esclareci em um antigo texto sobre esse triste assunto, que meu urologista atual e filho do primeiro, que teve o desplante, de explorar pela primeira vez minhas partes baixas.

Com a morte do pai, assumiu o cargo de “cavucador mor”, o filho, que por algum problema hereditário, escolheu exatamente a profissão do finado.

Andei refletindo sobre o assunto chegando a conclusão, que médico que se especializa em urologia ou proctologia não é uma pessoa normal, sofrendo eventualmente de um desvio de origem genética.

Examinar pirócas e fiofós não me parece ser coisa de bom gosto.

Existem ramos da medicina bem mais atraentes, que deixo de mencionar, para que não me julguem machista ou chauvinista.

A verdade, é que ao escrever esse texto agora pela manha, antes do encontro não desejado, estou meio tremulo, fraco, porem com o fiofó enrustido “cortando linha 50”.

Duro imaginar, que dentro de aproximadamente 2,30 horas, estarei sentado na humilhante posição em que “Napoleão perdeu a guerra”, ouvindo a “doces” palavras do meu prezado médico: “relaxa, Zé, relaxa”.

Relaxa o caralho!

Como posso relaxar com a ameaça daquele dedão em riste querendo entrar em local de mão única, cuja função exclusiva é de saída?

Não consigo esquecer, que esse exame invasivo dói pra cacete, espalhando as dores por todo meu “derrière”, que perduram por uns dois ou três dias.

Sofro por antecipação, cabisbaixo, tal qual gado a caminho do abatedouro.

Não estranhem caso o blog falhe amanhã, pois talvez a dedada, alem de ameaçar a integridade de minhas pregas, pode afetar a inspiração.

E pensar que tem gente que gosta!

José Roberto- 03/07/12