quinta-feira, 28 de março de 2024

SEMANA SANTA 2024

 

SEMANA SANTA 2024

 

Quando era menino, recordo que após os eventos pecaminosos do carnaval (bem mais inocentes que os atuais), o país entrava num período terrível, de choro, penitência e ranger de dentes, a quaresma.

A programação das rádios era alterada, tornando-se monótona e cansativa. A televisão ainda engatinhava ou nem mesmo existia.

Era um período em que a alegria era banida das residências e da comunidade, tempo de expiação dos pecados cometidos, de jejum e abstinência.

Segundo os pregadores, na quaresma, o diabo botava as mangas de fora, costumando aparecer para atormentar os impuros.

Alguém havia me assoprado que os redemoinhos eram sintomas da presença do demo. Ficava sempre alerta, mesmo quando empinava meus papagaios(pipas) em dias ventosos. Qualquer rajada mais intensa causava arrepios, esconjurados com o sinal da cruz.

A semana santa era a fase culminante da quaresma.

A semana era curta, pois ao contrário do que ocorre atualmente, a quinta-feira era também feriado nacional. Os cristãos costumavam chamar a quinta de endoenças, como o Dia de Todos os Santos, popularmente chamada de dia de São Nunca.

Um alerta, para aqueles que prometiam algo para o dia de São Nunca.

A Sexta-Feira Santa era um dia tão sagrado, que não se admitiam risadas ou conversas em tom mais elevado. Jesus Cristo estava morto, preparando-se para a ressureição. O clima tinha que ser de velório e recolhimento.

Numa dessas sextas, ousei dar uma escapada com meu inseparável amigo Panaia, até as barrancas do rio Piracicaba, pois a água estava boa e propícia para a pescaria de piabas.

Alem de não pescarmos nada, minha mãe, como um anjo justiceiro, aguardava minha sorrateira chegada. Lembro de ter levados uns bons cascudos e beliscões, coisa leve, muito barulho por nada.

Atualmente as coisas são bem diferentes. Praticamente nem percebemos que estamos na quaresma, dias normais, apenas lembrados pelos padres nas missas dominicais.

O povo somente acorda para o fato, pela intensa propaganda do Domingo de Pascoa, com ofertas de chocolates e ovos caríssimos, e também porque a Sexta-Feira Santa continua sendo feriado nacional, propiciando um final de semana gordo.

Os católicos, ao menos a maioria, ainda mantem a tradição de não comer qualquer tipo de carne nesse dia sagrado, caracterizando-se como o dia nacional do consumo de peixes e frutos do mar, em especial do famoso Bacalhau, que também custa os olhos da cara.

Conforme já abordado no texto, tenho escutado muitas conversas de pessoas, que juram de pés juntos, que nessa época, por onde Mula, o maior ladrão de nossa história, passa e arrota suas mentiras, é comum que se formem intensos redemoinhos, provando que os nove dedos é mesmo filho do Capeta.

Ainda bem, que mantendo a antiga tradição, o povão, principalmente no interior, aproveita o Sábado de Aleluia para malhar com gosto “bonecos representando políticos e outras “personas non gratas”, única forma de demonstrar o repúdio e aversão para com esses canalhas, acima do bem e do mal.

Pena tratar-se apenas de bonecos!

Fora Mula!

 

José Roberto- 28/03/24

 

 

 

 

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