quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

PARABÉNS CIDA, QUERIDA IRMÃ

 

(DA DIREITA PARA ESQUERDA, MEUS IRMÃOS: CIDA, LILIDA, TAI, ANDRÉ E TONINHO)


PARABENS CIDA, QUERIDA IRMÃ

 

Hoje, 11 de janeiro, Cida minha querida irmã mais velha, completa 91  anos.

A devoção de Cida para com a família, especialmente para com meus pais era sua razão de viver.

Formou-se professora cedo, ingressando no magistério locada em uma escola rural, situada numa fazenda nas proximidades de Birigui-SP.

Naquela época, no Estado de São Paulo, as professoras primárias recebiam um salário decente, possibilitando que levassem uma vida digna, com os confortos mínimos necessários.

Posso imaginar o incômodo de minha irmã, que sempre foi ultra-hiegiênica , com mania de limpeza e de lavar as mãos sempre que possível, não tendo nenhuma aptidão pela vida no campo. Deve ter curtido alguns anos de retiro espiritual forçado, pois além do hábito da leitura, comum em nossa família, não devia ter o que fazer em suas horas de ócio.

Recordo, mesmo menino, que as finanças da casa estavam apertadas e Cida sempre enviou parte de seu salário para ajudar nas despesas familiares, sempre muito pródiga.

Passava conosco as férias  lembro, que antes de retornar para Birigui, conferia meus deveres escolares, pois nos velhos tempos, tínhamos tarefas para cumprir durante as férias de julho. Eu muito esperto, resolvia tudo no primeiro dia, chutando números, sem fazer contas, preenchendo rapidamente as páginas e páginas dos deveres de aritmética, pois sabia que a professora não teria tempo nem paciência de conferir as tarefas de todos os alunos. Quando muito, se limitava a contar as páginas. Se tivessem preenchidas estava tudo OK.

Cida me pegava no pulo, constatando minha jogada em falso, exigindo que fizesse tudo novamente, nos conformes. Ficava emburrado, mas não havia escapatória. Minha irmã era uma professora exigente e dedicada e não permitiria que seu irmão fugisse de suas responsabilidades escolares.

Depois de alguns anos, Cida conseguiu ser removida para a escola rural do bairro do Recanto, na Usina Monte Alegre-Piracicaba-SP, onde papai trabalhava e onde morávamos.

Cida sempre uma ótima irmã, ordeira, implantando em todos nós o costume de sempre lavar as mãos. Viveu a sombra de mamãe, por opção própria, tendo muito poucas atividades extras, além da vida escolar.

Dedicada exclusivamente a família, sob a tutela constante de Hercília, pelo que recordo, não teve grandes aventuras em sua vida afetiva/amorosa, praticamente sem namoros e outras extravagâncias.

Me lembro apenas de um sujeito, aparentemente sério e direito, contador de uma grande carpintaria de Piracicaba, que tentou se aproximar de minha irmã, porem foi educadamente escanteado.

Cida aposentou-se, após ter exercido sua veneranda profissão no Grupo Escolar Marques de Monte Alegre, bem próximo a nossa casa.

Foi sempre muito bem quista pelos alunos, que lhe davam mimos mesmo após cumprirem o período escolar.

Uma das raras decepções de minha irmã, foi  de não ter conseguido publicar sua “Cartilha”, de introdução a leitura, aprimorada e adaptada durante seus longos e dedicados anos de magistério.

Acompanhou minha mãe em todas as empreitadas, pois Hercília sempre foi uma mulher ativa, síndica do prédio onde veio a residir posteriormente, próximo ao centro de Piracicaba, sendo também durante muitos anos, Presidente da Obra do Berço, da cidade, tendo sempre a filha como seu braço direito.

Com a chegada dos sobrinhos, Cida sempre foi uma tia especial, cuidadosa, ensinando aos pequenos o saudável hábito de lavar as mãos, até com um certo exagero. Adorada por todos.

Permaneceu grudada nossa mãe até sua morte em julho de 2012, com 101 anos. Somos uma família longeva e com certeza Cida ainda vai longe e eu também.

Mora atualmente num pequeno apartamento, em Piracicaba, com Lilida, irmã mais nova(nem tanto), onde as duas senhoras passam o tempo, falando dos netos, legítimos ou postiços,  participando dos aniversários e festas tradicionais com a numerosa família loca, sem notar o tempo passar, a não ser pelas dores nas juntas e outras partes do corpo, que não nos deixam esquecer do peso dos anos.

Cida, com um pouco de surdez e surtos de esquecimento típico da idade, vai levando a vida numa boa, sempre acompanha de perto por Lilida, sua fiel escudeira.

Tenho saudades das manas e pretendo visitá-las em breve, aproveitando para rever os queridos irmãos e sobrinhos que também moram na cidade.

Esqueci de mencionar, que durante as férias de meio de ano, além de corrigir minhas tarefas, Cida lia para mim longas histórias, despertando e insuflando o gosto pela leitura.

A minha irmã, tão querida, ingênua e reservada, o reconhecimento por sua bondade nestes longos anos, que só pode ser correspondida com muito amor e gratidão.

Parabens mana!

 

José Roberto- 11/01/23

 

 

 

 


Um comentário:

  1. Isto sim é que é fazer aniversário! 91 anos não é para qualquer pessoa. Parabéns e felicidade para sua querida irmã e que DEUS a abençoe e esteja sempre junto a ela. Que ela atinja e ultrapasse os 100 anos. Parabéns também a você Gimael, pela bela e carinhosa homenagem.

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