sexta-feira, 16 de outubro de 2020

QUARENTENA- DIA 213- SOU UM ECOLOGISTA, E NÃO SABIA!


 

QUARENTENA- DIA 213- SOU UM ECOLOGISTA, E NÃO SABIA.

 

Recebi do mano Carlos Augusto(Tai), há aproximadamente um mês, uma mensagem de cunho ecológico cujo resumo apresento a seguir:

“Em breve será a temporada das frutas, como goiaba, maracujá, laranja, mamão, abacate, melancia, etc. Peço que não joguem as sementes no lixo, em vez disso, lavá-las e secá-las ao sol, armazenando-as em um saco de papel, e guardá-las no carro. Toda vez que saírem para o campo, quando estiverem pescando, fazendo trilha de moto ou bike, viajando, joguem essas sementes nos terrenos vazios à beira da estrada, ou a beira dos rios e lagoas. Com esse ato simples podemos contribuir com no mínimo, uma árvore em cada temporada. Ideia de surgiu e deu muito certo na Tailândia...”

Desconhecia essa face ambientalista do mano, embora, quando meninos, Tai não tenha sido um predador como eu, pois fui um exímio caçador com estilingue, matando centenas de passarinhos de quase todas as espécies, façanha importante para os meninos de minha época, mas que hoje me causa grande remorso.

O texto enviado até que serviu de pequeno consolo, me redimindo parcialmente dos danos que causei a natureza, conforme explico a seguir:

Tive a ousadia de abordar o tema escatológico, depois de relatar escândalos de corruptos que escondem dinheiro na cueca e no anus, indecência despudorada de calhordas nojentos.

Eu e meu inseparável amigo Panaia, entre 1957 e 1963, na Usina Monte Alegre, onde morávamos, éramos parceiros de caçadas e pescarias intermináveis, que no período de férias se estendiam pelo dia todo, para desassossego de nossas mães.

Éramos bambas no uso do estilingue, vivendo em eterna competição para provar quem tinha melhor pontaria e matava mais passarinhos, que eram bem ariscos, evitando a aproximação de humanos, mas mesmo assim, com nossas artimanhas, obtiámos bons resultados.

Como passávamos muito tempo no mato, a beira do rio Piracicaba, riachos e represas da Usina, comiámos todo tipo de fruta que encontrávamos, principalmente goiabas, amoras, pitangas, eventualmente algumas melancias que surrupiávamos de alguma plantação, e obviamente, fazíamos nossas necessidades fisiológicas no mato, lançando milhares de sementes que certamente devem ter frutificado.

Desenvolvemos até uma técnica para limpar o fiofó, jamais usando folhas verdes, pois alem do risco das urtigas, no geral as folhas irritavam o breoco. O recomendável era casca de madeira seca, passada de leve e com cuidado, procurando sempre na primeira passada, retirar o pequeno “pitroço” que ficava grudado na borda no buraco da bala. Se houvesse alguma falha nessa delicada operação, a merda se espalharia pela bunda, prejudicando a assepsia do local.

E assim passaram os anos, agredindo a natureza, mas ao mesmo tempo dando uma pequena retribuição com nossas cagadas sem fim.

Já adulto, a partir de 1980, morando no Rio de Janeiro, e tomando gosto pela caça submarina, nas inúmeras e longas viagens que fazíamos a Caravelas-BA, devido a precariedade dos restaurantes ao longo do trajeto, que só se tornaram aceitáveis a partir de 2010, cagávamos sempre a beira da estrada, pois entravamos nos mictórios e diante da sujeira, urina no chão e bacias entupidas de merda, refugávamos e largávamos os “marinheiros” no mato.

Quantas e quantas vezes, eu e meu sobrinho Ricardo Yellow, parávamos o carro num trecho pouco movimentado da estrada, “escorregando o moreno”, sacrificando as vezes uma camiseta por ter esquecido do inestimável papel higiênico. Bons tempos, boas lembranças.

Esse salutar hábito foi cultivado até pouco tempo, pois agora os postos e paradas melhoraram sensivelmente, e temos nossos locais de pit-stop, onde paramos, abastecemos, comemos, mijamos e cagamos.

Portando, tardiamente descobri que apesar de meu lado obscuro de predador, também sempre fui um ecologista, pois caguei um bocado por essas estradas a fora, lançando sementes de frutas diversas, que hoje devem ser árvores frondosas, oferecendo sombra e frutos aos andarilhos.

Esclareço, que apesar de ter o hábito de engolir semente de todas as frutas que como, jamais engoli caroços de manga ou abacate.

Finalizo agradecendo ao mano, pois embora tardiamente, senti um pequeno conforto ao saber de minha colaboração espontânea ao meio ambiente.

 

José Roberto- 16/10/20

Nenhum comentário:

Postar um comentário