segunda-feira, 20 de julho de 2020

QUARENTENA- DIA 125- CHURRASCO NOS TRINQUES


QUARENTENA- DIA 125- CHURRASCO NOS TRINQUES

Sempre fui o churrasqueiro oficial da turma,  responsável pela compra das carnes, linguiças, cervas e outros acompanhamentos.
Todavia, com a admissão de novos membros em nosso fechado grupo, ando desconfiado que querem me passar para trás e de quebra, usurpar meu mandato vitalício de sindico, que exerço a “milênios”.
Julgava não ter concorrentes, apesar de ter sido alertado diversas vezes por Peter Claudião, que seu cunhado, Paulo Pentelho, novo integrante da turma, tramava nos bastidores meu impeachment.
Como  Peter é um gozador, levava as advertências na brincadeira, mas já estou ficando cismado, precisando botar as barbas de molho.
Ao acertarmos a data do evento, quando vi as opções apresentadas pelos novatos, fiquei até arrepiado, pois não teria cacife para participar de tão fino comensal, onde as opções de carnes e linguiças eram majestosamente listadas em inglês.
Sentindo minha indecisão, sem mais consultas fui “escanteado”, assumindo o controle do nababesco evento meu quase declarado rival, Paulo Pentelho, que passou o cetro para sua gentil esposa Vanessa, a verdadeira rainha e administradora do lar(igual lá em casa).
Mesmo os companheiros mais antigos, não ousaram levantar um senão contra minha deposição do cargo de churrasqueiro, um prenúncio que novas desventuras estão por vir.
Recolhido a minha insignificância, não restou alternativa senão acompanhar os preparativos através de notas, fotos e vídeos que circulavam no wahts app da turma.
Ficava ainda mais preocupado com as insinuações amedrontadoras de Peter Claudião, vaticinando que o rateio por família, seria bem acima quinhentas pratas.
Cada vez mais ressabiado aguardava o evento, que aconteceu no sábado, com inicio marcado para as 13,00 horas, após as disputas tenísticas que começaram um pouco mais cedo.
Devem ter notado que meu desempenho em quadra foi pífio, preocupado com o valor da conta, pois nos churrascos anteriores que eu pilotava, a despesa total jamais ultrapassou mil pratas, dando um rateio mixaria para os participantes.
Jogos encerrados por volta das 11,00 , banho tomado e após derrubar três caprichadas doses de scotch, descemos para o tão esperado e temido evento(eu, Dona Regina e Maria Silvia).
O maitre churrasqueiro para valorizar a fortuna que estava cobrando, trouxe seus próprios apetrechos e já estava com tudo engatilhado.
Vanessa estava recepcionando os que chegavam, aproveitei para perguntar qual o montante do rateio que me cabia.
Vanessa como uma dama e pessoa de fino trato, sorridente informou que eu e família éramos convidados, isentos de qualquer taxa pecuniária.
Apesar de sentir um imenso jubilo interno, fingi uma cara de amuado, insistindo em pagar minha parte.
Quem me conhece bem, tinha certeza do meu fingimento, mas até tive um bom “mise en scene”.
Soube depois por agentes infiltrados, que a sugestão para livrar o velho do gasto excessivo, partiu simultânea de todos, Paulo Pentelho, Marcelinho,Zé Carlos, Miguelito e Peter, o único a torcer o nariz e votar contra foi Carlos Kagão, pois como todo banqueiro professa apenas o “venha nós, ao vosso reino nada”.
Aliviado, atraquei-me com gosto aos acepipes e as cervas, apreciando tudo, inclusive diversos acompanhamentos trazidos pelas gentis senhoras dos membros da turma.
Estávamos todos, com exceção de Jujuarez, ausente por motivos particulares de força maior, e Paulinho Explicadinho, afastado temporariamente pela Covid e por uma implicância secreta de Juju, com meu total apoio, devido ao atraso no repasse das comissões que já faziam parte do meu orçamento.
Apesar das intrigas de Peter, tenho notado que Paulo Pentelho melhorou muito depois que passou integrar nossa turma, talvez pela influência positiva do demais membros, em especial a minha, pessoa educadíssima que não fala mal de ninguém(pela frente, só pelas costas).
Estou propenso a alterar seu codinome, passando de ora em diante a chamá-lo de Paulo Ex-Pentelho.
A única coisa que me deixou chateado no churrasco, foi saber através de minha filha, que as mulheres do grupo achavam que Dona Regina era bem mais jovem que eu, ambos em pleno gozo das 75 primaveras, pois apesar de termos a mesma idade, com apenas um mês de diferença(eu maio, Ela em junho), me consideravam meio “acabado”.
Falei comigo mesmo: “cacete, como o espelho nos engana”, pois pensei estar em boa forma apesar de minha provecta idade.
Tirando esse senão, foi uma tarde muito agradável, principalmente pela companhia querida dos amigos e respectivas senhoras. Encerrei o expediente por volta das 17,00 enquanto o restante dos manguaceiros permaneceram firmes até quase meia-noite.
No dia seguinte, vi um recado no zap me reconvocando por volta das 20.00 horas, mas aquela altura, já estava a sono solto, aconchegado nos braços de Morfeu.

José Roberto- 20/-7/20











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