UM TRISTE DIA DO PROFESSOR
Ontem foi dia do professor.
Impossível não lembrar daquela professora do primeiro ano
primário, Dona Helena Rodrigues Alves, mulher de fibra que amava seus alunos e
obviamente, recebia a contrapartida, pois foi uma das primeiras mulheres que
admirei com fervor.
Com paciência, carinho e determinação, introduzia os
pequenos nos misteriosos caminhos das letras e dos números.
Era como maioria das professoras da época, uma mulher
excepcional, que escolheu a profissão por vocação e amor.
Apesar de ser um mulher muito bonita e elegante(eu achava),
neta do ex-Presidente da Republica Rodrigues Alves, nunca se casou, dedicando
sua vida e seu tempo aos queridos alunos, seus verdadeiros filhos.
Tive a felicidade de encontrá-la muitos anos depois, aposentada
e ainda altiva e elegante, dedicando-se a um novo hobby, a pintura , alem de
acompanhar a vida e o sucesso de alguns ex-alunos.
Uma mulher inesquecível.
Outro pessoa importante, que também influiu de forma
marcante em minha vida, foi o Senhor Cotrin(Benedito Antonio), meu professor de
português, durante todo o ginásio e científico.
Suas aulas eram aguardadas com ansiedade, coisa pouco comum
entre os alunos, pois esse mestre sabia cativar nossas mentes sedentas por
informação e saber, abordando a língua e a literatura de uma forma
interessante, aguçando nossa percepção e interesse.
Era exigente e motivador. Realçava a importância de
exercitarmos nossa imaginação na descrição de textos, impingindo-nos tarefas
semanais com temas pouco usuais e subjetivos.
Batia sempre na mesma tecla, “dêem asas a imaginação”, não
se contenham.
Aprendi, que podemos transformar uma gota de chuva numa
enxurrada, um pequeno córrego num caudaloso rio, uma rua vazia num festival de
cores e movimentos e o mar, num azul infinito que nos leva a outros mundos.
Alem de mestre muito querido, Sr. Cotrin foi um amigo, com quem mantive contato por
muitos anos. Contato rompido pela distância e pelos problemas do dia a dia. Por
minha culpa, minha máxima culpa!
É com aquela saudade gostosa que lembramos dessas pessoas
que nos foram tão gratas, professores com “P” maiúsculo, que encaravam o
magistério como um dever sagrado.
Acompanhando hoje essas manifestações que espocam pelas
capitais , com professores se unindo e apoiando baderneiros e delinqüentes,
percebemos que o país mudou.
Com raras exceções, os mestres de hoje não se equiparam aos
de antigamente.
Não que seja saudosismo, mas é a pura realidade, confirmada
pela evidência dos fatos.
Professores acossados por baixos salários, formação
deficiente, privados de uma vida em condições dignas, lutando arduamente pela
sobrevivência.
Da mesma forma os alunos mudaram, desinteressados, mal
educados, desmotivados pelo exemplo conspurcado de nossos dirigentes, num mundo
real e viciado, onde apenas os ricos e mais espertos levam vantagens.
Dois lados de uma mesma moeda que perdeu seu valor,
depreciado ao longo do tempo pela visão obtusa dos nossos governantes.
Mesmo com todas essas limitações e distorções, temos que dar
um voto de confiança aos mestres, para que reencontrem o caminho e o
equilíbrio, tendo como horizonte, o sagrado deve de ensinar.
José Roberto- 16/10/13
Zé
ResponderExcluirVocê tem toda razão!
As professoras de antigamente deixaram saudades, pela competência, bondade e amor ao trabalho.
Hoje em dia, está difícil apontar uma dessas idealistas.
Estão correndo atrás da grana e os alunos sem aulas a mais de dois meses.
É isso aí, bicho!!!
Nós tivemos a sorte de estudarmos com professores a moda antiga. Sua crônica está ótima e também consegui recordar os bons tempos escolares, lembrando o nome dos professores que marcaram e ficaram na minha vida.
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