quarta-feira, 16 de outubro de 2013

UM TRISTE DIA DO PROFESSOR

UM TRISTE DIA DO PROFESSOR

Ontem foi dia do professor.
Impossível não lembrar daquela professora do primeiro ano primário, Dona Helena Rodrigues Alves, mulher de fibra que amava seus alunos e obviamente, recebia a contrapartida, pois foi uma das primeiras mulheres que admirei com fervor.
Com paciência, carinho e determinação, introduzia os pequenos nos misteriosos caminhos das letras e dos números.
Era como maioria das professoras da época, uma mulher excepcional, que escolheu a profissão por vocação e amor.
Apesar de ser um mulher muito bonita e elegante(eu achava), neta do ex-Presidente da Republica Rodrigues Alves, nunca se casou, dedicando sua vida e seu tempo aos queridos alunos, seus verdadeiros filhos.
Tive a felicidade de encontrá-la muitos anos depois, aposentada e ainda altiva e elegante, dedicando-se a um novo hobby, a pintura , alem de acompanhar a vida e o sucesso de alguns ex-alunos.
Uma mulher inesquecível.
Outro pessoa importante, que também influiu de forma marcante em minha vida, foi o Senhor Cotrin(Benedito Antonio), meu professor de português, durante todo o ginásio e científico.
Suas aulas eram aguardadas com ansiedade, coisa pouco comum entre os alunos, pois esse mestre sabia cativar nossas mentes sedentas por informação e saber, abordando a língua e a literatura de uma forma interessante, aguçando nossa percepção e interesse.
Era exigente e motivador. Realçava a importância de exercitarmos nossa imaginação na descrição de textos, impingindo-nos tarefas semanais com temas pouco usuais e subjetivos.
Batia sempre na mesma tecla, “dêem asas a imaginação”, não se contenham.
Aprendi, que podemos transformar uma gota de chuva numa enxurrada, um pequeno córrego num caudaloso rio, uma rua vazia num festival de cores e movimentos e o mar, num azul infinito que nos leva a outros mundos.
Alem de mestre muito querido, Sr. Cotrin  foi um amigo, com quem mantive contato por muitos anos. Contato rompido pela distância e pelos problemas do dia a dia. Por minha culpa, minha máxima culpa!
É com aquela saudade gostosa que lembramos dessas pessoas que nos foram tão gratas, professores com “P” maiúsculo, que encaravam o magistério como um dever sagrado.
Acompanhando hoje essas manifestações que espocam pelas capitais , com professores se unindo e apoiando baderneiros e delinqüentes, percebemos que o país mudou.
Com raras exceções, os mestres de hoje não se equiparam aos de antigamente.
Não que seja saudosismo, mas é a pura realidade, confirmada pela evidência dos fatos.
Professores acossados por baixos salários, formação deficiente, privados de uma vida em condições dignas, lutando arduamente pela sobrevivência.
Da mesma forma os alunos mudaram, desinteressados, mal educados, desmotivados pelo exemplo conspurcado de nossos dirigentes, num mundo real e viciado, onde apenas os ricos e mais espertos levam vantagens.
Dois lados de uma mesma moeda que perdeu seu valor, depreciado ao longo do tempo pela visão obtusa dos nossos governantes.
Mesmo com todas essas limitações e distorções, temos que dar um voto de confiança aos mestres, para que reencontrem o caminho e o equilíbrio, tendo como horizonte, o sagrado deve de ensinar.

José Roberto- 16/10/13


2 comentários:


  1. Você tem toda razão!
    As professoras de antigamente deixaram saudades, pela competência, bondade e amor ao trabalho.
    Hoje em dia, está difícil apontar uma dessas idealistas.
    Estão correndo atrás da grana e os alunos sem aulas a mais de dois meses.
    É isso aí, bicho!!!

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  2. Nós tivemos a sorte de estudarmos com professores a moda antiga. Sua crônica está ótima e também consegui recordar os bons tempos escolares, lembrando o nome dos professores que marcaram e ficaram na minha vida.

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