quarta-feira, 2 de outubro de 2013

SALVE OS IDOSOS

SALVE OS IDOSOS

Vejam como ando distraído.
Ontem, primeiro de outubro, foi o “dia mundial dos idosos” e eu deixei passar em branco.
Justamente eu, que como bom zagueiro não deixo passar nenhuma, empurrando a meus leitores crônicas piegas, no dia das Mães, dos Pais, Natal e Ano Novo.
Minha derrapada deve-se a bagunça generalizada causada pela greve dos professores, cujo barulho ecoava na janela do meu escritório.
Tento me redimir a tempo, dedicando o texto de hoje a amigos, que por sorte, já dobraram o “Cabo da Boa Esperança” alcançando a “melhor idade”.
Não pode haver nada pior, de extremo mau gosto, que essa expressão, inventada por algum imbecil para enquadrar os mais velhos, os que conseguiram resistir aos duros embates da vida.
Somos sobreviventes!
Heróis, covardes ou indiferentes, mais ainda bem vivos, olhando ressabiados para um futuro incerto, com muito mais percalços e dificuldades.
Já dizia o poeta, que “A vida é luta renhida, viver é lutar”(Gonçalves Dias), portando, temos que encontrar os caminhos, as maneiras de tornar nossa luta mais amena e prazerosa.
Qual é a idade de uma pessoa idosa?
Pergunta capciosa, que no Brasil já teve a resposta sacramentada.
Acima de 60 anos, ao menos em tese,  temos direito ao atendimento especial, fila exclusiva no caixa dos bancos, nas repartições públicas, pagando meia entrada nos cinemas e teatros, e até mesmo a passes especiais, para utilizar de graça, os ônibus em nossas cidades.
Na infância e juventude, considerava um cara com mais de cinqüenta, um velho, se bem, que naquela época, as pessoas não duravam muito.
Hoje, quase batendo nos setenta, não consigo me enxergar como tal, pois apesar do corpo dar algumas rateadas, a cabeça permanece jovem, mesmo levando em conta alguns lapsos de memória.
É estranho a facilidade com que recordo o nome dos livros, dos autores e até dos personagens, de obras lidas há quarenta e cinqüenta anos, enquanto tenho dificuldades para lembrar o nome do autor do livro que acabei de ler.
É obvio, que com raiva e esforço vou lembrar daqui a pouco, mas raramente no momento exato em que pretendo recomendar o livro a um amigo.
Essas derrapadas incomodam, mas aprendemos a contorná-las com correlações e outros artifícios, e quando tudo falha, apelamos para a tradicional desculpa da idade.
O importante é manter acesa a chama que arde em nosso peito, que nos dá força e estimulo para irmos tocando adiante, aceitando os pequenos contratempos com galhardia, tirando de letra a vista cansada, caprichando nos exercícios na academia ou no Pilates, pois ainda temos muitas histórias que contar aos nossos netos.
Mesmo com os músculos entorpecidos, procuro caminhar firme e ereto, a favor do vento, com lenço e com documento.
Pretendo e ainda espero ser alcançado por muitos anos, atravessar muitos invernos, mas jamais me considerarei um idoso.

José Roberto- 02/10/13


 





3 comentários:


  1. Não sei qual foi sua intenção ao usar o Salve no título do texto.
    Se saudação, ou grito de socorro.
    Concordo e gostei do que escreveu, mas que envelhecer e duro, não há como negar.
    Temos, como você diz, resistir e ir tocando o barco.
    Pedro Paulo

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  2. Parabéns pelo texto;quanto à memória,recomendo o livro SUPER CÉREBRO,de autoria de Deepak Chopra e do Rudolph Tanzi,êste último estudioso do Alzheimer,e para não perder tempo,vai a piada: Perguntaram ao idoso se preferiria Parkinson ou Alzheimer,e a resposta de imediato foi: Parkinson sem dúvida,prefiro perder metade do vinho do copo,do que esquecer onde deixei a garrafa.Abçs do idoso André

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  3. Até agora não estão me tratando como idoso, portanto, apesar dos 65 anos também não me sinto idoso e bola pra frente.Esta coisa de ficar pensando em velhice não dá mais, cada ano que passa aumenta mais a nossa expectativa de vida e o importante é ter a cabeça boa. Vanderlei

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