quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

LEMBRANÇAS DE UM NATAL DISTANTE

LEMBRANÇAS DE UM NATAL DISTANTE

Continuando as reflexões abordadas no tema de ontem, impossível não lembrar de um Natal de há muitos e muitos anos.
Essa lembrança foi reavivada pelos repetidos depoimentos de alguns artistas da Globo, que nos intervalos das novelas contam seus casos particulares, de pequenos presentes que marcaram suas infâncias.
Minha máquina mental do tempo me transporta aos meados dos anos cinqüenta, um Natal inesquecível, aguardado com a ansiedade típica das crianças.
Naquela época, principalmente nas famílias com dinheiro curto, presentes apenas no aniversário e no Natal.
E apenas um.
Mesmo assim, sabendo antecipadamente qual seria, pois já estava grandinho para acreditar em Papai Noel, era sempre uma enorme e agradável surpresa, que nos enchia de uma felicidade indescritível.
Deve ter sido com algum sacrifício que minha mãe, satisfazendo meus manifestos desejos, presenteou-me com uma pequena pistola automática de espoletas, chamada Mauser, pois eram tempos de “vacas magras”.
Normalmente os revolveres de espoleta necessitavam ser recarregados a cada tiro, com as espoletas individuais inseridas no local apropriado, numa operação meio chata e delicada. Essas espoletas redondinhas, que pareciam pequenos “traques”, vinham acondicionadas em latinhas coloridas.
A pistola automática foi uma revolução para a meninada.
As espoletas vinham em rolinhos que colocados no bojo do revolver, permitiam disparos seqüenciais com ótimo efeito, principalmente a noite.
As brincadeiras de mocinho e bandido eram predominantes entre as crianças da minha geração.
Isso mesmo, todas as crianças brincavam de bandido e mocinho, e os mocinhos sempre venciam.
Hoje é praticamente impossível comprar um revolver de brinquedo, pois a psicologia moderna aboliu esse artigo, por considerá-lo pernicioso na formação das crianças.
A grande diferença que prova que uma coisa não tem nada a ver com a outra, é que antigamente os mocinhos sempre venciam e bandidos acabavam presos, condição totalmente diferente dos dias atuais, onde quem dá as cartas, são os corruptos e os malfeitores, que sempre conseguem driblar a lei.
Ao invés de punir os malfeitores que usam armas muito mais letais que um simples revolver, os sabichões resolveram proibir a comercialização de revolveres de brinquedo.
Voltando àquele Natal, recordo, que em companhia do meu amigo Alcides, participamos de inúmeras perseguições, guerras, caçadas, eu sempre contando com a vantagem da automática, que era igual aquela usada pelo “Fantasma”, um dos meus heróis favoritos.
O pessoal da minha faixa etária deve lembrar muito bem do Fantasma, o “espírito que anda”, com seus fieis amigos, o lobo Capeto e o cavalo Herói.
Bons, velhos e inocentes tempos, onde os bandidos povoavam apenas os filmes e os gibis, pois raramente ocorria algo mais grave que um roubo de galinhas.
Um único, simples e singelo presente, era mais que suficiente para nos deixar repletos de satisfação e alegria, pois ainda não havíamos sido contaminados pelo consumismo dos dias atuais, estimulados pela maciça propaganda que entope nossos meios de comunicação.
Por um bom tempo fui o tal, objeto de inveja de meus amigos, desfilando impávido com minha Mauser, imaginem só, igualzinha a do Fantasma.
Um Natal inesquecível, mesmo na minha velha e desgastada memória.
José Roberto

4 comentários:

  1. Você reavivou boas lembranças, pois também era fá do Fantasma e do Mandrake.
    Bons tempos em que quase não havia bandidos, e os que haviam estavam na cadeia.
    Pedro Paulo

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  2. Essa eu não conhecia! Adorei Pai!
    Beijos,

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  3. Você tocou no ponto certo.
    Antigamente um presente bastava para nossa alegria e felicidade.
    Brincavamos de mocinho e bandido e viravamos adultos ordeiros e respeitadores da lei.
    Hoje, com proibições e tudo o mais, proliferam bandidos em todas as área, principalmente na política.
    Pobres tempos modernos.
    Rui

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  4. Essas suas lembranças evocam natais antigos, passados com toda a família.
    A simplicidade e o amor completavam qualquer falta material.
    Realmente fomos felizes e não sabiamos.
    Antonia

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