terça-feira, 13 de agosto de 2024

DELFIN, O MAGO DE 1001 UTILIDADES

 

DELFIN, O MAGO DE 1001 UTILIDADES

 

Ontem, dia 12 de agosto, Delfin Netto passou dessa para melhor, ou pior.

Não restam dúvidas que Delfin foi uma personagem importante de nossa história recente, tendo participado ativamente dos governos militares, sendo o principal artífice do “Milagre Econômico Brasileiro”, o salto para o futuro, notadamente de 1968 a 1973.

Nesse período, como Ministro da Fazenda, com políticas econômicas inovadoras e forte apoio do governo, conduziu o país por um acelerado processo desenvolvimentista em todos os setores, conseguindo um aumento do PIB num índice expressivo, passando de 9,8 a 14%, mantendo a inflação sob controle.

Apesar do aumento da dívida externa, de 3 para 12 bilhões de dólares, o custo da dívida foi suportado pelo aumento significativo das exportações, todavia, o que foi bastante questionável foram os índices de inflação definidos no período, forçados para baixo através de malabarismos do Ministro, que ajustava um aumento artificial da oferta de diversos produtos com maior influência nos cálculos, engrupindo a FVG, responsável pela determinação dos índices.

Como a partir de 1974, mesmo com malabarismos a inflação passou a causar maiores preocupação, Delfin Neto, depois de 7 anos à frente do Ministério da Fazenda, foi substituído pelo emérito e famoso Professor, Mario Henrique Simonsen, um grande teórico, que as más línguas costumavam dizer, que era “mais fácil tirar o gênio da garrafa, que a garrafa do gênio”, pois o homem não dispensava um bom scotch.

Delfin, provavelmente para não incomodar o governo, foi premiado com a embaixada da França, onde ficou por 3 anos, de 1975 até meados de1978.

Em março de 1979 foi repatriado para o Ministério da Agricultura, onde ficou apenas 6 meses, insistindo em meter o bedelho em assuntos econômicos, pois de agricultura entendia “patavina”. O inesquecível Jô Soares, num de seus famosos quadros parodiava o Ministro com o jargão, “meu negócio são números”.

Conseguiu emplacar no Ministério do Planejamento permanecendo no cargo de agosto/79 a março/87, deixando o posto para candidatar-se a deputado federal, exercendo o mandato por 5 vezes consecutivas, não conseguindo reeleger-se em 2006, deixando de concorrer a cargos eletivos a partir dessa data.

Fazendo rápida pesquisa, não encontrei nenhum projeto que destacasse sua longa atuação na Câmara Federal.

A partir de 2007 tornou-se uma espécie de consultor e palpiteiro sobre economia e diversos assuntos, conseguindo sempre algum destaque na mídia.

Ficou amigão e conselheiro de Mula, o maior ladrão de nossa história, em seu segundo mandato, mostrando ser bastante maleável, prestando ainda consultoria a empresas que precisavam de seus conhecimentos para obter vantagens em concorrências públicas.

Em sua trajetória como Ministro da Fazenda, esteve envolvido em alguns escândalos famosos, como o casos Coroa Brastel e  Grupo Delfin-empresa de crédito imobiliário, ambas quebradas, beneficiadas com recursos do governo, numa tentativa frustrada de continuarem operando.

Passou também um aperto, ao ser acusado num dos processos do Lava Jato,por ter recebido vultuosa propina ao conseguir facilitar um consorcio de empreiteiras(Andrade Gutierrez, Camargo Correa, Engevix e outras),  vencer a concorrência para construção da Usina de Belo Monte.

Ainda em 2016, foi acusado por jornalistas investigativos do comentado caso do “Panamá Papers”, de ter contas em paraísos fiscais, administradas pela empresa Mossak Fonseca, especialista em camuflar ativos.

Como soe acontecer, todos os processos, desde o regime militar até os tempos atuais, deram em nada, pois sabemos que nossa justiça e pródiga e generosa com figurões, políticos e endinheirados.

É inegável a importância de Antônio Delfin Netto numa fase importante de nossa história, havendo muitos prós e também contras.

Eu fico em cima do muro, pois já o tive em alto conceito, porem como todos que se metem no governo, não deve ter resistido a tentação do vil metal.

Que descanse em paz e que os herdeiros de sua grana, tenham bom proveito.

Fora Mula!

 

José Roberto-13/08/24

 

 

 

 

 

 

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