terça-feira, 17 de novembro de 2020

QUARENTENA- DIA 245- O ESTRANHO CASO DA PIMENTEIRA


 

QUARENTENA- DIA 245- O ESTRANHO CASO DA PIMENTEIRA

 

Ao abrir a porta da entrada de serviço de nosso apartamento, meu filho se deparou como um vaso com uma robusta pimenteira, carregada com belos frutos.

Embora sem nenhum aviso, cartão, ou nota fiscal, o vaso que estava no chão, foi recolhido e colocado no local de costume, pois Junior sabe que eu, amante das pimentas, sempre tenho algumas dessas plantinhas em casa.

Quando nos preparávamos para o lanche noturno, Dona Regina bronqueou, pois tinha me avisado para não comprar mais pimenteiras, que atraiam pragas, podendo inclusive passar para as outras plantas de sua estimação. Alem do mais, após a primeira colheita que já vinha no ponto, obviamente para engrupir o cliente, as pimenteiras definhavam e morriam aos poucos.

Esclareci, que obedientemente não havia comprado coisa alguma, e que a estranha e bela pimenteira deveria ser presente de algum funcionário do condomínio, conhecedor do meu gosto pelo “ardimento”, talvez querendo puxar meu saco, pois sou o síndico do nosso prédio.

Em casa, ninguém e supersticioso, ao menos que eu saiba. Não atentamos que o misterioso presente nos foi encaminhado numa sexta-feira 13.

No sábado, logo após o café da manha, não resisti a tentação e resolvi provar a pimenta, apanhando a menorzinha e mordiscando de leve a polpa.

Nada demais, praticamente sem ardor. Resolvi então mastigar algumas sementes e a coisa desandou.

Sou bom com pimentas, mas essa era de lascar, ou melhor de chamuscar a língua, goela e beiços.

Puta que pariu! Ardeu para caralho!

Lavei a boca, enxaguei, tomei um gole de café, comi uma banana, chupei uma bala bem adocicada, até que finalmente a ardência chegou a um nível tolerável.

Fiquei matutando, se a danada queima assim na entrada, imaginem na saída?

Só come pimenta que não tem hemorroidas, e mesmo assim, quando nos arriscamos com as “brabas”, na hora de “escorregar o moreno” o fiofó fica com um belo “ardume”.

Desci para jogar tênis e após as duras pelejas, quando desfrutávamos das cervas, mencionei o estranho presente.

Meus amigos denotaram de imediato grande preocupação, alegando possivelmente tratar-se de “macumba braba”,  considerando como agravante, o fato ter ocorrido numa sexta-feira; pior ainda num dia 13.

Recomendaram a incineração imediata do possível despacho, talvez um “trabalho” de uma desafeta que anda enchendo meu saco, sugerindo ainda que consultasse uma respeitável mãe de santo, que por acaso também mora no nosso prédio, operando em um terreiro na baixada.

Como mencionei, não sou supersticioso, não acredito em macumba, despachos e coisas do gênero, pois tenho um Anjo da Guarda poderoso e não me separo do meu “Agnus Dei”, mas...

Resolvi investigar o caso mais a fundo, pensando até em recorrer as imagens gravadas nas câmeras de segurança que existem no prédio.

Fui salvo de meus afazeres extras e preocupações, socorrido por funcionário da administração, esclarecendo tratar-se de presente do nosso jardineiro, sabedor que sou chegado as pimentas.

Fiquei tranquilo, repassando a notícia a meus parceiros de tênis que estavam preocupados com a saúde do velho em grupo de risco, pois em tempos de pandemia, reforçada por uma macumba forte, é meio caminho para o paraíso.

Agradecerei o “generoso mimo”, esclarecendo que numa próxima, prefiro as mais suaves, tipos “Dedo de Moça”, ou similares, que causam menos estragos na “saída”.

Sem duplo sentido, para o fiofó é bem melhor um “dedo de moça” que uma dessas que esfolam até as pregas.

Assunto esclarecido, sem efeitos colaterais.

 

José Roberto- 17/11/20

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