quarta-feira, 4 de novembro de 2020

QUARENTENA- DIA 232- NECESSIDADES FISIOLÓGICAS


 

QUARENTENA- DIA 232- NECESSIDADES FISIOLÓGICAS

 

COM TANTA MERDA NA TV, EM FUNÇAO DO HORRÍVEL HORÁRIO DE PROPAGANDA OBRIGATÓRIO, NÃO ME RESTOU ALTERNATIVA SENÃO ENTRAR NA TOADA E FALAR TAMBÉM SOBRE MERDA, RECUPERANDO UM TEXTO DO BLOG TERRA, HOJE INACESSÍVEL, MAS QUE PELA POESIA, O DESENTERRO E REPASSO AOS MEUS ATUAIS E MINGUADOS LEITORES.

 

 

NECESSIDADES FISIOLÓGICAS

 

Como todo velho tenho minhas manias, vícios e hábitos, procurando conviver com esses defeitos da melhor forma possível.

Alguns são mais recentes, outros foram adquiridos e sedimentados há muito tempo, estando mais arraigados que marisco em rocha.

Como sou um adepto da rotina, disciplinei minhas necessidades fisiológicas de uma forma tal, que seguindo a risca o esquema diário de visitas ao banheiro, tudo corre as mil maravilhas.

Qualquer imprevisto tumultua o dia, pois aquela sensação de levar uma jaca na barriga não é nada agradável, causando um tremendo mal estar, até “parir” definitivamente o problema.

Sou uma pessoa extremamente regulada. Dou três por dia.

Três? Poderiam perguntar os mais jovens e incrédulos.

Sim, três cagadas, pois em conversa de velhos essa é a prioridade número um.

Portando, quando numa roda de senhores escutar essa afirmativa, já sabe a que se refere, porque para dar “umazinha” das boas é necessário “juntar muita vontade”(segundo os velhotes da turma do tênis, eu estou fora).

A primeira do dia começa as cinco da matina, sempre acompanhada de um bom livro.

A segunda  acontece no escritório, logo após minha chegada, muitas vezes antes mesmo de escrever o texto do dia, lendo o JB que por sinal está uma porcaria(até rimou).

A terceira e derradeira missão, ocorre ao cair da tarde ou no início da noite, antes do banho, sempre acompanhado do inseparável livro.

Qualquer alteração nesses procedimentos indica que algo está errado, pois essa é uma coisa que não gosto de economizar.

Nas viagens, sempre procuro traçar minha estratégia antecipadamente, prevendo e antecipando as opções, para evitar os desagradáveis inconvenientes da constipação.

Não tenho o mínimo pudor em utilizar banheiros públicos em aeroportos, restaurantes, postos de gasolina e até mesmo o mato, onde já fui um expert nos tempos de menino.

Quando utilizo a ponte aérea, a primeira coisa que faço ao chegar em São Paulo é visitar os sanitários que normalmente estão cheios, existindo via de regra uma respeitável fila.

Como já conheco os “macetes”, depois da reforma de Congonhas prefiro usar um banheiro no sub-solo, um pouco mais distante porém normalmente com vagas disponíveis.

Sempre me distraí e deleitei com o mural nas portas dos banheiros, que continham mensagens, piadas e até informações picantes.

Me lembro de uma que informava que o coronel da Infraero, fulano de tal, era veado e que transava com vários controladores de vôo, que a Marcia(ou outro nome qualquer), vendedora da loja tal, adorava fazer um “boquete”, fornecendo inclusive o telefone da dita cuja.

Me lembro também das frases filosóficas: “aqui os fortes gemem”, “não limpem com a Gazeta Esportiva(saudosa), senão Pelé entra com bola e tudo”, “Cabral que vá a puta que o pariu, pois foi ele quem trouxe a gonorréia para o Brasil(saudosos tempos).

Como podem ver, esse “pit stop” alem de estratégico era também muito instrutivo.

Recordo de uma ocasião, que estava em pleno “trono” quando escutei um sujeito esbaforido ao lado dizendo: “ha minha Nossa Senhora, graças à Deus”. Imaginem o estado do sujeito, devia estar pela hora da morte, não me esqueço de seus “suspiros” de alívio.

Outro episódio inesquecível, foi quando após uma festa de casamento num sábado, onde comi e bebi alem da conta, passei o domingo todo em trapos, freqüentando o banheiro inúmeras vezes.

A noite tínhamos reserva marcada para uma viagem aos USA. O vôo foi um martírio.

Logo após a decolagem iniciei a “via sacra” com destino ao sanitário, que como todos sabem, nos aviões e apertado e  bem desconfortável.

Levantava disfarçado e ia para o cubículo. Porém ao tentar sair de fininho, sempre me deparava com o mesmo sujeito aguardando sua vez.

Isso ocorreu pelo menos por umas seis vezes durante toda a viagem.

Coincidência, ou a figura era apreciadora dos odores nauseabundos emanados após meu hercúleo esforço para expelir as tripas?

Será que esteve na mesma festa e também comeu alem da conta?

Foi uma viagem longa e inesquecível, pois cheguei a Nova Iorque com os fundilhos em brasa e quase desidratado. Nem “chá de rolha” resolveu.

Esta foi sem dúvida, uma de minhas maiores “odisséias”.

 

José Roberto- 28/08/08

 

José Roberto- 04/11/20

 

 

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