quinta-feira, 6 de agosto de 2020

QUARENTENA- DIA 142- EM CAMPANHA


QUARENTENA- DIA 142- EM CAMPANHA

 

Levemente preocupado com as “fake news” geradas pelo agente infiltrado da oposição, o abelhudo Peter Claudião, resolvi fazer um agrado à turma, para sacramentar na palavra e no fio do bigode os votos necessários a minha reeleição, ao cobiçado cargo de síndico do Edifício Rhapsody.

Cabe uma explicação, pois como nas assembleias, quando muito, aparecem no máximo 10 pessoas, assegurando 8 votos da turma estarei garantido por mais dois exercícios.

Seguindo a risca o planejamento da campanha, convidei o membros votantes do grupo para um churrasco vespertino, que poderia se estender, no máximo até as 23,00 horas, tendo em vista que praticamente todos já voltaram a rotina normal de trabalho.

Com pose de generosidade e mão aberta, me prontifiquei a levar as carnes, não mencionando que eram sobras de um antigo churrasco pré-pandemia, cujas despesas foram rateadas entre os participantes.

Obviamente ninguém mais recordava, que o “restolho” havia ficado sob meus cuidados em forma de comodato.

Como no nosso grupo ninguém é bobo, aceitaram de imediato o generoso convite, ainda mais na base do 0800, sem saber que já tinham pago pelo regabofe.

Sugeri  aos convivas, a gentileza de trazer as bebidas de preferência, pois esse item estava em falta.

Desci ontem, por volta das 18,30 horas, para acender o fogo e iniciar a preparação das carnes.

O desgraçado do carvão velho que eu trouxe, estocado em minha casa há anos, umedecido, se recusava acender, mesmo após gastar quase um litro de álcool 70. Fui salvo por Paulo Ex-pentelho, que precavido, tinha estoque de carvão da alta qualidade.

Miguelito e Marcelinho foram os primeiros a chegar, trazendo uma enorme quantidade de cervejas especiais que muito apreciamos, APA, IPA e começamos a degustá-las de imediato.

Juarez chegou em seguida. Sentimos sua presença antes mesmo de aparecer na churrasqueira, dado o cheiro do caríssimo perfume que rescendia por todo o recinto, superando fumaça e odores da carne em processo de cozimento. Chegou como sempre devidamente paramentado, nos trinques, com um blazer inglês de fazer inveja. Trouxe apenas um litro de um vinho, que em litro, só poderia ser de baixa qualidade, destoando de seu porte e finesse. Escorregões acontecem nas melhores famílias.

Zé Carlos chegou logo depois. Generoso como sempre, alem de diversas garrafas de vinho ,brindou-nos com uma farta quantidade de carnes e linguiças, tudo de primeiríssima qualidade. Mencionou ter trazido um vinho que ganhou do Peter, o qual sob minha recomendação, foi imediatamente descartado. Dado as intrigas do mesmo Peter, fico um pouquinho cismado, matutando se o Zé Carlos, por traz de toda essa generosidade não está de botuca, cobiçando meu cargo vitalício.

Paulo, como já disse, salvou o evento com seu ótimo carvão e de quebra, colaborou no preparo das carnes. Outro companheiro boa praça, que também me deixa cismado, pois o futriqueiro Peter, afirma ter sua procuração para votar na oposição. Como podem perceber, tenho duas pedrinhas no meu apertado sapato.

Peter chegou de mansinho, pelo que vi, de mãos abanando. Não trouxe nada alem das intrigas que objetivam tirar minha tranquilidade. Grandão, como meu saudoso amigo de infância, Claudião, bebe e come pra cacete e embora tenha chegado ao recinto sorrateiramente, posso até jurar que não trouxe nada.

O último que deu as caras foi Carlos Kgão, que chegou, olhou a fartura de carnes e bebida nas mesas, deu uma bicada escondido, e envergonhado se mandou, alegando compromissos em teleconferência com banqueiros internacionais. Pensa que acreditamos, pois sua “pãodurice” é conhecida por todos moradores do prédio.

O evento transcorreu normalmente, com boa prosa, salvo as intervenções de Peter que insistia em me ameaçar, dizendo ter em mãos diversas procurações, inclusive de alguns presentes.

Apesar de não acreditar, tenho que estar precavido e cobrir a retaguarda, conseguindo também algumas procurações, caso seja necessário, no duro embate a ser travado dia 17 próximo.

Afirmo que estou tranquilo, apesar de ter notado alguns sorrisos esquivos e trocas de olhares enviesados entre Peter, Paulo e Zé Carlos(essa conjunção de nomes soou bem, parecendo até um trio sertanejo).

O futuro a Deus pertence!!!

 

José Roberto- 06/08/20

 

 

 

 

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