quarta-feira, 18 de abril de 2012

FELICIDADE

Peço licença para hoje filosofar um pouquinho, pois de filósofo, médico e louco, todos temos um pouco, até mesmo nosso ex- Apedeuta, que nos infernizou por oito anos com sua filosofia rasteira de botequim.
Portanto lá vou eu.
Definir felicidade é o sonho dos grandes filósofos, dos pensadores, dos psicanalistas, psicólogos e até de alguns teóricos de partidos totalitários que ousaram impor seus conceitos de bem estar, resultando justamente no contrario.
O certo, é que por essa palavra ter tantas nuances, interpretações, requisitos únicos, teve ao longo do tempo inúmeras definições, válidas em determinadas situações, mais jamais terá uma definição completa e inquestionável, pois acima de tudo, felicidade é uma condição individualista e pessoal.
É comum escutarmos que a felicidade não existe, mas sim apenas momentos felizes, ou ainda, que a felicidade e a soma desses pequenos momentos, e outras tantas pseudo definições, que circulam nos escritos e na Internet.
Eu, com um simples Zé qualquer, ouso através do meu blog, expor os meus conceitos sobre a felicidade.
Acredito piamente que a verdadeira felicidade só existe mesmo na infância e no começo da juventude, quando ainda não somos senhores de nossos atos, a medida que vamos descortinando as maravilhas da vida.
Para um bebê faminto, o fato de sugar o seio da mãe, e dela receber carícias deve ser a felicidade suprema.
Um menino que ganha sua primeira bicicleta, ou outro brinquedo qualquer, tem seu pequeno coração transbordando de euforia.
Recordo, que mesmo numa fase difícil da família, com pouca grana, fui uma criança muito feliz.
Tive poucos brinquedos, mas em compensação muito amor.
Mal conseguia dormir nas vésperas das pescarias.
Quando conseguíamos pegar as escondidas o bote do irmão do Betinho(um dos inseparáveis colegas de infância), junto com o Panaia(o outro, o principal), subíamos o rio Piracicaba quilômetros e quilômetros correnteza acima, até a Cachoeira do Anastácio, onde passávamos o dia pescando e nadando.
Retornávamos a tardinha, cansados, ao sabor da correnteza, chegando normalmente ao anoitecer, para preocupação de nossas mães.
Eram dias indescritíveis de plena realização, aquilo sim era felicidade.
As férias escolares propiciavam um acumulo desses momentos, pois livre das aulas e das duas horas obrigatórias de estudos, dispunha do dia inteiro para buscar e inventar novas aventuras.
Sempre acompanhado do fieis escudeiros, Panaia e Betinho, saímos cedo, munidos de nossos estilingues e varas de pescar sem horário para retorno, que as vezes, custavam alguns beliscões e puxões de orelha, nada mais pesado, pois Dona Hercília, sempre foi mais de advertir que de bater.
A infância foi sem sombra de dúvidas a época mais feliz da minha vida, sem preocupações, sem responsabilidades, mal se preocupando com o amanhã, que parecia tão distante.
Com o avanço pela juventude e puberdade, escolha de carreira, faculdade, primeiro trabalho, a vida já não era tão bela. Aí sim começaram a pontear os momentos de felicidade, esparsos e eventuais.
Quando surge o amor definitivo os sentimentos se embaralham, momentos de extrema felicidade e outros de tristeza.
Com os filhos, lampejos da mais pura e sincera alegria, vem a constante preocupação, pois nos corações dos pais, filhos são as eternas crianças, dependentes da nossa proteção e carinho.
Vivemos portanto nessa contínua roda gigante, onde ora estamos por cima, felizes e logo após, por baixo, lutando com as adversidades do quotidiano.
Dinheiro não trás felicidade, mas ajuda muito, principalmente a medida que envelhecemos e que vamos refinando nossos hábitos. Devemos nos preocupar em amealhar o suficiente, para nos garantir nesses tempos difíceis.
Quando avançamos pelos anos, ficamos felizes quando ostentamos boa saúde, com mais um dia que vivemos, com mais um ano que atravessamos, felicidade diferente e limitada, jamais comparável a felicidade pura da nossa infância.
Difícil fazer um balanço de nossas vidas e afirmarmos se fomos ou não felizes.
Cada um tem o direito de interpretar os fatos e os momentos a sua maneira, conforme as circunstancias e sob seu exclusivo ponto de vista.
Eu posso afirmar com certeza, que no acerto geral de contas, estou no positivo.
Tenho a certeza que dentro de minhas limitações, consegui tirar o melhor daquilo que a vida me ofereceu.
Bem, mas o que é realmente a felicidade?
A pergunta de mil respostas, continua flutuando no ar.

José Roberto- 18/04/12

4 comentários:


  1. Um bom texto.
    Da primeira vez que li senti que faltava alguma coisa, corrigido a tempo.
    Deve ter sido a droga do computador, com quem também tenho minhas diferenças, e que fazem minha "infelicidade".
    Abraços,
    Pedro Paulo

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  2. Recebi essa semana alguns PPS sobre esse mesmo tema.
    Vocè também deve ter recebido, talvez, uma das razões para tocar no assunto.
    O que é mesmo a felicidade?
    Pergunta irrespondível, pois o mel para alguns pode ser o fel para outrem.

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  3. Felicidade foi-se embora, e a saudade ainda vigora e mora em meu coração.
    Lindos versos de Lupício Rodrigues, o rei da dor de cotovelo, que já sabia que ser feliz era impossível.

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  4. Nós chegamos a reconhecer que fomos felizes em muitos momentos. Mas, uma coisa é certa, a felicidade, que não tem preço, bate sempre em nossos corações e em muitas vezes jogamos ela para o lado ou para alto. Ataulfo Alves escreveu e cantou há muito anos atrás.

    Meus Tempos de Criança

    Compositor - Ataulfo Alves


    Eu daria tudo que tivesse
    Pra voltar aos tempos de criança
    Eu não sei pra que que a gente cresce
    Se não sai da gente essa lembrança

    Aos domingos missa na matriz
    Da cidadezinha onde eu nasci
    Ai, meu Deus, eu era tão feliz
    No meu pequenino Miraí

    Que saudade da professorinha
    Que me ensinou o beabá
    Onde andará Mariazinha
    Meu primeiro amor onde andará?

    Eu igual a toda meninada
    Quanta travessura que eu fazia
    Jogo de botões sobre a calçada
    Eu era feliz e não sabia

    Aos domingos missa na matriz
    Da cidadezinha onde eu nasci
    Ai, meu Deus, eu era tão feliz
    No meu pequenino Miraí

    Que saudade da professorinha
    Que me ensinou o beabá
    Onde andará Mariazinha
    Meu primeiro amor onde andará?

    Eu igual a toda meninada
    Quanta travessura que eu fazia
    Jogo de botões sobre a calçada
    Eu era feliz e não sabia


    http://www.vagalume.com.br/noite-ilustrada/meus-tempos-de-crianca.html#ixzz1sPPB75XZ

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