SETENTA E SETE

 

(AOS SESSENTA E AOS SETENTA E SETE- VIVE LA DIFFERENÇE!)

SETENTA E SETE 

 

Como de costume acordei por volta das 04,00. Conferi as horas, friozinho estranho para o Rio de Janeiro, cama quentinha ao lado da patroa, resolvi dar mais um tempinho no nosso “ninho de amor”.

As 05,00, já sentado no trono com um livro na mão, sinto o ventre calmo, ausente de gorgolejos ou flatos, percebendo que o presente de casamento de Mula ficará para a segunda tentativa, um pouco mais tarde.

Por volta das 06,00 recebo o primeiro cumprimento de um sobrinho de Piracicaba(Neto), que conhece meus hábitos.

No café, já ao lado de Regina, Ricardo, outro sobrinho querido, parceiro de inúmeras pescarias e mergulhos ,me liga, estendo um abraço comprido lá de Itanhaém.

Numa sequência os manos vão ligando. Toninho, Lilida, Cida, troca de alegrias, saudades e promessas de breve reencontro.

Tai e André, já devem estar programando. Nunca falharam, pois apesar da distância nossos contatos são constantes. Irmãos queridos, todos eles.

Confesso que fico aguardando essas ligações de parentes e amigos, pois 20 de maio é um dia especial e durante minha jornada, será sempre festejado, mesmo de forma simples e singela.

Setenta e sete anos.

Puxa, como passaram rápidos.

Ainda ontem, ao completar sessenta, escrevi um texto com um resumo de minha vida. Difícil acreditar que já se foram mais dezessete.

Posso afirmar que foram anos bem vividos, com uma bela família, com as dificuldades normais, com lutas, perdas e vitórias, pois sempre tive fé e sei “que Deus dá o frio, conforme o cobertor”.

Voltando os olhos ao passado, no trabalho, nos negócios, acredito que consegui aquilo que mereci pelo meus esforços e não choro pelo erros e pelas oportunidades perdidas, Peguei o bonde que minhas pernas conseguiram alcançar.

Engraçado, que mentalmente não me sinto com setenta e sete. Estou em boa forma, mas reconheço que tanto nas quadras como nos mergulhos não sou mais o “fominha” de antigamente.

A idade acalma nossos sentidos. Embora não goste de perder, pois em todas as competições entro para ganhar,  até em cuspe a distância , onde continuo imbatível, mas como a queda de rendimento é inexorável, convivo muito bem com as perdas e danos.

Hoje sou mais caseiro. Não tenho mais aquela vontade de sair a noite, conhecer novos restaurantes. Sou mais de um almoço no Shopping Leblon, perto de casa e mais seguro.

Melhor ainda são os churrascos e manguaças no prédio, com a turma do tênis, que enquanto escrevo, já estão ligando, cumprimentando e cobrando os comes e bebes.

Mas o melhor de tudo são os netos.

Letícia, prestes a completar nove anos já é uma mocinha bela e graciosa.

Otávio, garotão que vai  completar 3 anos em setembro, é um tesouro. Falante(puxou a mãe), alegre, bonito,  o xodó do vovô.

Uma pena que os netos cresçam. É tão bom tê-los em nosso colo, se bem que colo dos avos, é para sempre, porto seguro onde conforto e abraços não tem limites.

Sou imensamente grato a minha querida Rê e aos filhos, que compreendem e toleram minhas rabugices, minhas brincadeiras inconsequentes, meu raro mau humor, pois os importuno desde que acordam, pela santa paciência de todos que convivem comigo.

Hoje estou tinindo, muito bem disposto, aguardando Fernanda, Bruno e os netos para o almoço. Espero que tragam muitos presentes(rsrsr).

Amanhã será outro dia. Mais um dos muitos que espero ainda trilhar, com o vento soprando a meu favor,  junto de todos que amo. Se Deus quiser.

Tim, tim!

 

José Roberto- 20/05/22