segunda-feira, 5 de abril de 2021

CARAVELAS 2021


 (DA ESQUERDA PARA A DIREITA- CHUPETA , RICARDO, LUCAS SELVAGEM, EU, MARIO MORENO, RENATO DADA, MARCELO, PINGUELO,  ABAIXADOS, LUCAS PEQUENO E MIRO)

CARAVELAS 2021

 

Todo ano é a mesma coisa, embora em doses diferentes e mais amenas.

A ansiedade começa quando Ricardo, meu querido sobrinho liga, anunciando a data da viagem para Caravelas, sempre com boa antecedência, para que eu tenha tempo de ajustar as coisas com Dona Regina e com a família.

Com o beneplácito da Patroa, que entende perfeitamente minhas necessidades de cumprir com esse retiro espiritual, para oxigenar e manter a cuca funcionando razoavelmente(???), começo os preparativos, arrumando a tralha para evitar esquecimentos, deixando tudo nos trinques.

Com uma precisão suíça, meu sobrinho acompanhado de Carlos, mais conhecido como Chupeta, me apanham no prédio, no Rio, por volta das 23,30h, recusando-se a tomar um café, embora já tenham rodado desde Itanhaém, uns 560 km. Querem ganhar tempo, pois o restante da turma, em três camionetes, seguiram viagem sem o desvio de rota.

Viagem tranquila, talvez por ser madrugada de sábado para domingo, ou pelo lockdown forçado. Pouquíssimos carros e caminhões na estrada.

Como Chupeta não deve ser grande coisa no volante e eu a noite, também deixo a desejar, devido aos problemas que tive na vista, o difícil foi manter-nos acordado, dando apoio moral ao Yellow, que aparentava algum cansaço lá pelas quatro da matina.

A parada em Ibiraçu para um refrigerante, café e alguns pasteis, deu novo fôlego a equipe, que contava inclusive com uns ótimos sanduiches de salame feito em casa, acompanhados daquela Pepsi em lata preta, um boa surpresa.

Arribamos em Caravelas por volta das 10,30 horas do domingo, exatamente como o planejado, onde a turma nos esperava, já degustando algumas cervas.

O grupo era grande, eu, Ricardo, Chupeta, Renato, Lucas pequeno(filho do Renato), Gabriel Pinguelo(amigo do Lucas Pequeno), Marcelo, Lucas Grande mais conhecido como Selvagem, Mario Moreno e Miro.

Algumas informações sobre nosso grupo:

Eu, bem eu sou eu, figura manjada. Decano da turma. Rouco de tanto falar e meter o bedelho em tudo. De mergulhos tenho pouco ou nada a mencionar. Cada vez mais velho e não aprendo, pois quem fala de mais, fala o que quer, ouve o que não quer. Apareceu de bicão, uma amiga da empregada que cuida da casa, feia pra cacete, com um vestido longo cafoníssimo e o sabido aqui perguntou o porque de estar vestida como uma afegã, tendo em vista o calor que fazia. A tribufu rebateu de imediato, dizendo que vestia o que queria sem consultar ninguem. Insisti, dizendo que a vestimenta não era apropriada, levando rapidamente outro tranco, pois a feiosa tascou na lata, que vestia para agradá-la e não para agradar outros. Meti a viola no saco e achei melhor calar a boca, pois a danada tinha pavio curto. Fui motivo de gozação, porem continuo o mesmo. Pau que nasce torto, morre torto.

Ricardo Yellow, sobrinho querido, sem ofensas aos demais, porem esse “amarelo” desde pequeno não larga do meu pé; presidente e organizador dos eventos, alem de ser o dono da casa que abriga toda a cambada. Foi um grande mergulhador, porem no momento, meio preguiçoso, prefere destacar-se como Chefe de Cozinha, demonstrando todas suas qualidades. Um grande coração, pois aguentar e hospedar esse bando não é moleza. Acredito que essa acomodação seja um prenúncio da idade, pois já dobrou o Cabo da Boa Esperança(50) e está bem mais calmo, considerando que sempre foi ultra agitado, curioso e incansável fuçador, tentando e fazendo estranhos experimentos. Graças a Deus, não comprou guaiamuns, que sempre foram tormentos em nossas viagens de volta, escapando de suas gaiolas e circulando sobre nossos pés.

Chupeta, que prefere ser chamado pelo codinome. Ex- chefão dos Correios de Itanhaem e região. Comparece pela segunda vez depois de longa ausência. Destaque a sua bela barriga, bem maior que a minha, e seu apetite pela breja e pelo uísque. Embora passasse a maior parte do tempo sentado, feito um Buda, conversando e tomando todas, acordava cedo e tinha o prazer em preparar pães quentes para a turma. Fã dos pasteis de camarão preparados por Yellow, e pelo “olhe a facaaaaa”. Gostava mesmo de encher os saco dos moleques tarados, especialmente do Gabriel Pinguelo. Alardeia para todos, que após aposentar-se, a primeira providência foi mandar um velho que o aporrinhava, reclamando dos péssimos serviços postais, mandando o pentelhão tomar no cu. Preciso checar a veracidade dessa episódio, que considero suspeito.  Grande defeito de ser petista enrustido.

Marcelo, outro querido sobrinho, sério e ponderado, bom mergulhador que dessa vez não conseguiu demonstrar toda sua categoria, pelas más condições do mar. Moderado tanto na bebida quanto na comida, contenta-se em escutar as besteiras ditas pelo grupo, mantendo-se na sua. Enfim um rapaz de meia idade muito sério. Contribui para a estabilidade do grupo.

Renato Dada, mais outro sobrinho querido. Taludo e grande parecendo um badejão quadrado. Como todos da família, ótimo mergulhador que não se entusiasmou em mergulhar em águas não propícias, preferindo dedicar-se aos arrasto de redes para capturar camarões, por sinal grandes e apetitosos. Graças a Deus, pela primeira vez não andou atrás de passarinhos, pois é um criador e sempre nos preocupou em transportar para Itanhaém, espécies proibidas, que se pego em alguma blitz(passou raspando várias vezes), seria cadeia na certa. O taludão parece que sossegou o facho, dando atenção especial ao filhote.

Lucas Pequeno, filho de Renato, ótimo menino atingindo a puberdade e obviamente com os hormônios explodindo. Suspeito que alem de cobiçar as empregadas da casa, disputava com Pinguelo um campeonato de punhetas, pois ficavam a noite toda vendo vídeos de sacanagens pelo celular, acordando ao meio dia com olheiras e cara de cansado.

Gabriel Pinguelo, amigo de Lucas Pequeno, um moleque danado e tarado. Há dois anos atrás, quando apareceu pela primeira vez, já demonstrava sua taradice e boca suja. Agora, com uma estrovenga avantajada para a idade, só pensa em sacanagens, “depenando o sabiá” varias vezes por dia. Tem até uma programação para suas bronhas numa agenda eletrônica no celular. Deve ter retornado com a “jeba” esfolada de tanto atritá-la com a mãos, empolgado com as caiçaras que via na praia.

Lucas Grande, mais conhecido como Selvagem, o trator da turma, sempre disposto a qualquer parada. Megulhar, arrastar rede, pescar de molinete, colocar barco n´água, andar de Jet ski , tirar barco e Jet ski d’água, esculhambar os pés andando descalço na lama cheia de cracas. Caralho, o cara tem uma disposição invejável, não sei se para impressionar o sogro Yellow, ou porque tem mesmo muito gás para queimar. Bebe razoavelmente, mas come para caralho. No café da manhã consome umas cinco xícaras de café com leite, alem de outros acompanhamentos. Razão de ter muita energia para gastar. A meu ver, o codinome mais adequado para o Selvagem, seria Trator, pois o homem e um Caterpillar D7.

Mario Moreno, figura usual em nossas semanadas em Caravelas. Importado diretamente de El Salvador após vencer inúmeras competições de mergulho. Transferiu-se para Piracicaba onde alem de ser um tiradentes,  distrai-se tomando cervas na Rua do Porto e mergulhando nas águas turvas do Rio de Piracicaba, que vai jogar aguar pra fora...Dessa vez também não pode demonstrar toda sua categoria pelas condições adversas do tempo. Porem, como todos, bebeu e comeu pra cacete.

Miro, debutando em Caravelas demonstrou ser bastante ponderado. Maior comerciante de carros da baixada santista, sempre disposto a ajudar na cozinha, expert no preparo de caipirinhas, mas moderado tanto na bebida quanto na comida, destoando dos glutões e manguaceiros de plantão. Bom papo, contador de piadas, bom parceiro, junto com Marcelo, elementos de equilíbrio do grupo.

Waguinho, que não aparece na foto, é o faz tudo do Ricardo, capanga de confiança, pau para toda obra, porém precisa de marcação cerrada, exercida por mim, pois é um manguaceiro danado e se bobearmos, começa a derrubar cervas logo após o café da manhã, semi interrupções, até sucumbir aos braços de Baco e Morfeu. Me deu trabalho. Vale mencionar, que apesar de seus aparentes esforços, mesmo após meses em Caravelas, permanece invicto, virgem feito donzela da idade média.

Saímos poucas vezes ao mar, pois com lua cheia, correnteza e muito vento, as águas nos arrecifes e corais estavam com pouca visibilidade, mas mesmo assim, matamos o suficiente para várias moquecas.

Deu trabalho andar atrás dos camarões para suprir nossas despensas, pois no final da temporada de pesca, os estoques das peixarias estavam quase zerados e o preços elevados. Porem, procurando bastante conseguimos o suficiente.

Bom mesmo, de dar água na boca, as “pescarias” de cocadas no “Tio Berlindo”. Eu que não sou chegado a doces, não resisti a esse acepipe. Manjar dos deuses. Compramos todo o estoque.

De quebra, conseguimos um mel especial e clarinho, fornecido por um caiçara local que mantem um grande apiário. Não vimos as abelhas, mais acreditamos no sujeito, que nos pareceu digno de crédito.  

Como de hábito, compramos muita farinha de mandioca feita no local, que segundo os metidos da turma é especial, muito diferente da que compramos nos supermercados. Do grupo, apenas eu não nota essa diferença.

Foi uma ótima semana, abreviada em um dia pela mudança do tempo.

O retorno foi normal, sem qualquer incidente, com a parada em Ibiraçu, degustação de pasteis, tanques completados e chegada no Rio as quatro da manhã.

Apesar da insistência, Ricardo e Chupeta preferiram “deixar o pacote” e seguir de imediato, pois até Itanhaém restava ainda uma boa jornada, que acompanhei em pensamento até o telefonema de confirmação.

Apesar de torto de cansaço por uma noite privada de sono e rouco de tanto falar, já sinto uma nostalgia, aguardando as fotos tiradas pelos amigos e pensando na próxima viagem, que espero não seja apenas no ano que vem, pois como diz minha cunhada Cecília, nosso tempo é escasso, estamos no final da régua.

Nesse texto, apesar de longo, não consegui retratar todos os bons momentos vividos em Caravelas, a troca despretensiosa de gestos e  a verdadeira camaradagem entre amigos.

 

José Roberto-05/04/21

 

 

 

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