quinta-feira, 22 de abril de 2021

AOS AMIGOS QUE PARTIRAM


 LAÉRCIO                                                                    ROSSETTI


AOS AMIGOS QUE SE FORAM

 

Embora hoje seja um dia importantíssimo para os brasileiros honestos, abdico da política nojenta e do julgamento escroto que deverá acontecer no STF, sobre a suspeição do juiz Sérgio Moro.

Acordei com o coração apertado, tentando lembrar dos sonhos confusos que tive durante outra noite mal dormida.

Devem ser ecos da dor que senti, ao atualizar a lista de contatos de meu email, excluindo com tristeza o nome de dois queridos e velhos amigos que partiram no mesmo dia, 02/04/2021(não pela Covid).

Laércio Dastre e Aristides Rossetti.

A parte ruim de adentrar pelos anos, é sentir a violenta fisgada no coração pela perda de pessoas queridas, insubstituíveis, cujas faces gravadas com amor em nossa alma, jamais serão esquecidas ou apagadas.

Cada um no seu cantinho especial, com uma espécie de pen-drive celestial de nossa convivência, do tempo e da ausência que passamos juntos.

Laércio, outro que contrariou o ditado, “a primeira impressão é a que fica”, pois quando cruzava com ele na Cesp em Rio Claro, o considerava esquisito, assustado, sempre apressado e sempre com a mesmo agasalho vermelho.

Algum tempo depois, quando soube, que transferido para Itanhaém, viria morar em nossa republica fiquei com o pé atrás, sendo confortado por outro grande amigo, Sérgio, colega de turma de Laércio que o conhecia desde pequeno, afirmando que ele era “boa gente”.

O jeito assustado de Laércio era para disfarçar sua timidez e logo nos tornamos bons amigos e companheiros de pescarias. Com ele, Sérgio e outros companheiros de Itajubá, fui adentrando aos poucos na arte da manguaça, pois a mineirada era muito boa nesse quesito e eu um aspirante.

Laércio tinha uma espontaneidade e humor natural, com tiradas e repentes que arrancavam gargalhadas. Era realmente uma boa alma.

Tivemos ótimos momentos quando solteiros e mesmo depois de casados, histórias que merecem um capítulo a parte. Talvez, algum dia...

Conheci Rossetti em 1970, logo após ser transferido para a recem criada Regional de Atibaia.

Ele havia sido designado para a gerência local de Atibaia, e eu, como responsável pela área comercial, era seu superior imediato.

Tivemos um ótimo relacionamento profissional, que rapidamente transformou-se em amizade. Éramos ambos recem casados e aos poucos fomos estreitando nossos laços.

Devido algumas reestruturações, convidei-o para ser meu imediato, meu braço direito, graças a sua experiência e competência nos assuntos relacionados com atendimento a consumidores e comercialização de energia. Trabalhamos juntos até o final de 1973, quando me transferi para o Departamento Comercial, em São Paulo.

Ele assumiu o posto que eu havia ocupado e continuamos a nos relacionar constantemente, devido aos assuntos que estavam sob nossa competência. Viajamos varias vezes juntos, visitando escritórios da Regional, negociando débitos com prefeituras e tentando equacionar problemas específicos da localidade.

Mesmo após minha vinda para o Rio, em agosto de 1978, continuamos nossa amizade e relacionamento. Todos os anos, já transferido para Rio Claro, Rossetti organizava em sua casa um churrasco anual com os velhos companheiros, onde terminávamos o dia felizes, após calorosas partidas de truco.

Era um apaixonado por curiós, tendo criação própria, com refinamentos dignos de um verdadeiro expert. Soube que participava de eventos e leiloes por todo o país.

O destino é ingrato.

Com as obrigações familiares prementes, um pouco de preguiça, relaxamos aos poucos e diminuímos os encontros com amigos queridos, atribuindo essas falhas a distância, que nunca foi assim tão grande.

Quando nos damos conta, constatamos que o tempo passou, desperdiçando oportunidades de novos “tetê à tête”, de trocar abraços sinceros e afetuosos, lamentos que de nada adiantam e não servem de consolo.

E de repetente eles partem.

Com certeza, apesar da falta que farão, vão se juntar a outros inesquecíveis companheiros (Norberto em especial), que apressados, partiram prematuramente para um plano superior, onde com esmero e carinho preparam e guardam lugar especial, com todas as mordomias celestiais, para o restante minguado da turma, que aos poucos irão se apresentando.

Fica a saudade. Presença constante dos que se foram.

 

José Roberto-22/04/21

 

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