segunda-feira, 11 de maio de 2020

QUARENTENA- DIA 57- ESCALPELADO


QUARENTENA- DIA 57- ESCALPELADO

Apesar de tudo, foi um bom domingo de Dia das Mães.
A falta da turma Rosas/Seligman deixou um vazio, amenizado com as vídeos conferências capitaneadas pela espertíssima Lelê.
Para compensar, caprichei no almoço preparando um camarão de lamber os beiços.
As 7,00 h da manhã, já havia limpado e temperado os gigantes camarões que ganhei de meus sobrinhos de Itanhaém, lamentando apenas que era o ultimo pacote(espero que em minha próxima visita renovem meu finado estoque de crustáceos).
Essa quarentena ao menos esta servindo para duas coisas: estou ficando um azougue na cozinha, esmerando nos tempero dos alimentos, graças a variedade que adquiri na famosa Casas Pedro, especializada em condimentos, especiarias, e muito mais.
Até o arroz que faço, modéstia a parte, pode ser glutosamente consumido sem qualquer outro coadjuvante. Estou pensando em vender minha formula secreta para o Japão(pra China não dá, porque gostam mesmo de morcegos, baratas e formigas)
Sou daqueles que valoriza o que faz, pois devoro com imenso prazer todos os pratos que laboriosamente produzo, ao contrário de muitos cozinheiros, inclusive meu sobrinho Ricardo Yellow, muito melhor que eu, um mestre, que se satisfaz vendo os outros apreciar suas obras de arte.
A outra consequência da quarentena, é que estou aumentando sensivelmente o consumo de manguaça, pois só consigo cozinhar tomando uma boas talagadas e como essa reclusão forçada está se alongando, fico preocupado com o que o futuro me reserva(pau d’água?).
Como todo dia após o almoço, me instalo confortavelmente na “cadeira do papai”, degustando um charuto e assistindo as séries preferidas.
Também como de costume, após alguns minutos estou ferrado no sono, com o charuto apagado, mas na boca. Raramente deixo que ele caia no meu peito  e até que queimei poucas camisetas.
Como estava com o cabelo muito comprido, pois devia tê-lo cortado antes dessa merda de quarentena, meu filho havia se prontificado a cortá-lo, mas eu cismado com sua competência barbeirística, vinha protelando esse duvidoso evento.
Todavia a “crina” foi crescendo, quase dando para fazer um rabinho, e incomodando, principalmente nas partidas de tênis, caindo sobre os olhos, atrapalhando minha performance que já não anda grande coisa.
Ao acordar, tinha a impressão de ter um “balaio” sobre a cabeça, e para amenizar o problema, comecei a “baixar a crista” com doses reforçadas de laquê(atualmente chamado de fixador), reduzindo sensivelmente os estoques de Dona Regina, que já estava reclamando, pois eram cosméticos importados.
Ontem, talvez pelo excesso de manguaça, depois uma curta soneca pós almoço, meu filho se propôs a cortar minha juba, e eu impensadamente concordei.
Junior tem um aparelho de cortar cabelo meia boca, e fez uso dele como vigor e satisfação, lamentando apenas que na frente, ao aparar o topete, usou a tesoura não obtendo bom resultado.
Quando finalmente olhei no espelho, caí na risada, pois estava praticamente escalpelado, restando muito pouco de minha velha e garbosa juba.
Regina quando viu o estrago ficou chocada, afirmando que jamais teria olhado aqui para o “degas”, se na ocasião de nossos amassos tivesse um cabelo assim.
No final das contas até que gostei, pois estou mais leve, me sentindo mais limpo sem aquele cabelão e alem do mais, vou ficar ao menos uns três meses sem precisar de barbeiro, fazendo uma bela economia(70 paus cada corte).
Meu genro e minha neta, vendo a foto enviada por Regina, afirmam ter gostado do novo visual do vovô. Não sei de gozação ou pra valer.
Realmente foi um dia das mães diferente.
Estou pensando em aderir definitivamente ao novo modelito, pois não necessitarei mais de pente, escova ou laquê, acordando já nos trinques.
Também estou pensando seriamente, em pós pandemia, abrir um “Salão” para meu filho que demonstrou ser extramente habilidoso.
Alguem se habilita?

José Roberto- 11/05/20



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