sexta-feira, 8 de maio de 2020

QUARENTENA- DIA 54- UM DIA DAS MÃES DIFERENTE


QUARENTENA- DIA 54- UM DIA DAS MÃES DIFERENTE

A meia dúzia de amigos que acompanha meu Blog, sabe que algumas datas especiais não deixo passar em branco.
Mesmo nessa desagradável quarentena, privados da presença de filhos, amigos e dos tão queridos netos; com o coração corroído de saudades de todos os que me são tão queridos, bate ainda aquela saudade especial, de uma pessoa tão especial, que nos trouxe ao mundo e balizou nossos caminhos por essa longa estrada que estamos trilhando.
Tive a sorte de ter pais maravilhosos.
Já descrevi em prosa e verso, mesmo com minhas limitações, que Hercília foi uma mulher fora de série.
Com apenas o curso primário da época, que era bem melhor que o ensino médio atual, minha mãe foi uma autodidata, instruindo-se pela leitura e pelas noticias das rádios, que era praticamente o único meio de comunicação que chegava aos rincões mais distantes do país.
Apesar de ter casado muito cedo, manteve acesa a chama do conhecimento, mesmo com a chegada dos numerosos filhos.
Recordo, ainda bem pequeno, de minha mãe sentada ao lado de papai( na rede na posição de Buda, balançando apenas com o movimento pendular do corpo), lendo todas as tardes trechos de romances, que eu, mesmo sem entender muita coisa, escutava também com admiração.
Devo portanto a minha mãe, o gosto pela leitura, o amor pelos livros, hábitos que cultivo até hoje e que felizmente repassei a meu filhos.
Gosto sempre de lembrar uma pequena passagem, quando com uns 9 ou 10 anos, pretendia dar uma “escapada” e como minha mãe por perto, senti-me forçado a pedir sua autorização, caso contrário sairia de fininho, pois naqueles bons tempos, as ruas de Piracicaba eram muito tranquilas.
Dona Hercília sorrindo, disse que daria a devida autorização desde que eu soletrasse corretamente a palavra Washington. Como já lia semanalmente a Revista Seleções que minha mãe assinava, conhecia o nome do primeiro Presidente dos Estados Unidos e acertei na bucha, conquistando assim o desejado alvará.
Lembro de tantas coisas em minha juventude e adolescência, com minha mãe, a gestora da família sempre presente, fiscalizando meus estudos, punindo minhas traquinagens que não eram poucas, mas com extrema delicadeza.
Já mais adulto, após a chegada da televisão, assistíamos juntos programas políticos, discutindo a situação temerária do país nos tempos de Jango e dos perigos do comunismo que nos rondava.
Hercília foi uma mulher notável, mãe, companheira, orientadora que me estimulou a sonhar grande, e o pouco que conquistei e sou, devo a sua fé e perseverança, pois para ela os filhos com suas particularidades e diferenças, eram o tesouro mais precioso.
Mamãe viveu mais de 100 anos. Morreu lúcida, partindo ao céu onde está sentada a direita de Tônico(amigão de São Pedro), que a esperava ansiosamente há mais de vinte anos.
Não posso deixar de falar sobre Regina, outra mãe maravilhosa e dedicada, bem como de nossa caçula Maria Fernanda, mãe tão especial, que fico comovido ao ver a forma extremamente carinhosa que trata nossos lindos netos, os olhares de terna alegria que trocam, culminando com doces sorrisos que iluminam suas faces.
Neste ano atípico, por motivos de força maior do conhecimento de todos, não teremos nosso tradicional almoço em família, reunindo essas duas maravilhosas mães, filhos, netos e também os pais.
Resta-nos o consolo de nos ver por vídeo conferência, trocando afagos, supervisionados por Hercília, que ao lado de Tônico e rodeada de anjos, nos abençoa lá do céu.
Desejo a todos meus amigos um abençoado dia das mães.

Jose Roberto- 08/05/20



2 comentários:

  1. Como explicar o amor incomensurável de uma mãe para com seus filhos, o carinho intangível na primeira infância, os cuidados e temores na adolescência e por fim à eterna preocupação durante toda a vida?
    O ventre que serviu de primeiro abrigo, o colo onde os filhos se alimentaram, abrigou, dormiram e tiveram os primeiros sonhos, os suaves aconchegos dos braços maternos, na certa produzem uma química maravilhosa, essa união que jamais será desfeita. Mãe e filhos.
    Aproveito para enviar, em vídeo, um poema escrito pelo meu amigo de Juiz de Fora, Gilberto, “Mãe não morrem jamais!”.
     
    https://www.youtube.com/watch?v=mt-TlhVk5XA

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    1. UM GRANDE ABRAÇO AO VELHO AMIGO VANDECO.
      SEMPRE MUITO OPORTUNO EM SUAS INTERVENÇOES.
      AGRADEÇO PELA BELA POESIA.
      GIMA

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