quinta-feira, 29 de agosto de 2019

CUIDADOS COM AS ESTATÍSTICAS


CUIDADO COM AS ESTATÍSTICAS

No período que trabalhei na CESP em São Paulo, tive um funcionário, gaúcho de Bagé(Sr. Geraldo), tenente coronel reformado(já meio passado), que era perdidamente viciado em estatística.
Não me lembro exatamente como chegou em minha área de trabalho, pois só entendia mesmo de números, ficando sempre em sua mesa sem incomodar ninguém, anotando números num grosso caderno do qual nunca se separava.
Tinha também outro vício, adorando uma manguaça. Todos os dias após o almoço, retornava com o rosto vermelho igual um peru, mas sem cheiro de álcool. Acredito que sua preferência era pela vodka.
Nos idos de 1974 e 1975, começamos analisar a rentabilidade das extensões de rede feitas conforme a legislação vigente, numa tentativa de avaliar se os parâmetros legais eram razoáveis ou necessitavam de ajustes, pois o DNAEE, órgão que controlava as concessionárias de energia elétrica estava se modernizando e necessitava de informações precisas para atualizar a legislação.
Apesar da vermelhidão manguaceira, Sr. Geraldo se dedicava de corpo e alma a esses trabalhos, gerando produtos pioneiros que serviram de modelo para trabalhos similares e complementares levados a cabo por outras concessionárias.
A CESP foi a primeira empresa a publicar um trabalho sobre “Fatores de Carga e Demanda Típicos por Ramo de Atividade”, cópia de um exemplar que mantenho até hoje no meu “baú” de recordações.
Anos depois, aqui no Rio trabalhando na Eletrobras, com o PROCEL-Programa Nacional de Conservação de Energia ElÉtrica em voga e com verba farta sendo incorporado a nossa diretoria, participei da primeira reunião, quando o Chefe de Departamento dessa área, fazia um exposição sobre os magníficos resultados obtidos pelo Procel, nas centenas de projetos desenvolvidos com indústrias, universidades e concessionárias.
Citava dados estatísticos surpreendentes, realçando a importância do dinheiro destinado sem nenhum custo,  mas que redundavam em economia substancial de kWh, evitando e ou retardando a construção de futuras usinas.
Eu, pentelho como de costume, perguntei se os dados recebidos tinham sido checados em campo, ao menos por amostragem.
Minha pergunta não foi bem recebida, pois segundo o expositor, não poderíamos duvidar de informações recebidas dos próprios consumidores industriais privilegiados com a verba do Procel.
Argui novamente se foram feitas algumas checagens das médias de consumos mensais antes e depois do projeto, esclarecendo que somente assim poderíamos garantir o sucesso da empreitada, comprovando a redução do consumo.
O apresentador considerou impertinente e inoportuna minhas indagações, retirando-se exaltado da reunião.
Posteriormente constatamos, que a absoluta maioria dos projetos jamais tinha saído das planilhas, com dinheiro do Procel desperdiçado, sem controle e sem utilidade.
Fiz esse imenso rodeio em volta de meu passado profissional, para ilustrar que estatística é um poderoso recurso que pode ser usado para o bem e para o mal, dependendo do grau de conhecimento e do interesse do usuário.
Acredito que o uso duvidoso da estatística se aplica no caso das pesquisas de intenção de voto, de imagem, pois direcionando a segmentação da amostra o resultado poderá ser influenciado para maior ou menor, de forma a agradar o cliente.
Esse é o caso atual das estatísticas de queimadas na Amazônia.
Governo puxando para um lado, que tenho certeza ser o mais correto por conhecer a região, e Ongs e países com interesses suspeitos, superdimensionando a realidade, através da mídia tendenciosa e fake  news.
Conforme mencionei em texto anterior e conforme dezenas de depoimentos de moradores da região, a maioria das queimadas são em pastagens já existentes, contudo não podemos deixar de considerar, que madeireiras ilegais e até mesmo alguns fazendeiros, aproveitam essa época tradicional de seca e queimadas, para avançar sobre a mata nativa, derrubando e queimando, ou para aumentar pastos, ou para extração ilegal da madeira.
Não resta dúvida que os órgãos do governo responsáveis pelo meio ambiente, são totalmente ineficazes na fiscalização do fogo e das derrubadas, deixando os predadores agir a vontade.
Com a atuação do exercito, torcemos para que as quadrilhas conhecidas que assolam a região sejam eliminadas e seus bens expropriados e vendidos ou doados de imediato, sem a costumeira burocracia.
Portanto,  notícias sobre queimadas e índices estatísticos expandidos,  devem ser deglutidas com extrema parcimônia, pois tendem a ser superdimensionados.
É sempre bom lembrar a quem interessar possa, que a Amazônia é nossa.(com rima).

José Roberto- 29/08/19




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