terça-feira, 27 de agosto de 2019

A VOZ DO BRASIL

                                         (Laércio a esquerda, eu, Sérgio a direita)


A VOZ DO BRASIL

No meio de todo esse tumulto que atravessamos, essa gritaria histérica sobre as queimadas na Amazônia, eis que recebo um email de meu velho e querido amigo, Laércio Saponga.
Em sua curta mensagem sugeria que eu fizesse um comentário sobre a “Voz do Brasil”, que a seu ver, deveria ser extinta ou transferida para o horário das onze a meia-noite.
Só mesmo o irriquieto Saponga para se preocupar com a Voz do Brasil, que não ouço há décadas e nem lembrava que ainda existia.
Como não atender o pedido de um amigo tão querido, companheiro de nossa inesquecível “república” em Itanhaém, onde jovens e solteiros aprontamos muito, nos bons tempos da CESP.
Quando Sérgio(outro velho e querido amigo) informou que Laércio havia sido transferido para Itanhaém e viria morar conosco, fiquei meio chateado, pois lembrava da figura em Rio Claro, sempre com o mesmo agasalho vermelho, andando rápido e olhando desconfiado . Não ia muito com o tipo do sujeito.
Todavia, Sérgio que conhecia Laércio há tempos, ambos de Itajubá, colegas de turma, vendo minha cara azeda fez questão de me tranquilizar, afirmando que Saponga era boa gente e que iria se enturmar conosco.
Dito e feito.
Laércio chegou e logo de cara acabou com minhas defesas, provando que era ótima pessoa, inteligente, com um humor natural incrível e com muitos casos alegres para contar.
Dei-lhe as primeiras lições de pesca no mar e nos tornamos habitues nessa empreitada.
Cultivamos o hábito e mesmo depois de casados e assentados,  saiamos para pescar na Barra de Itanhaém, no Costão e Barra de Guaraú, em Peruibe. Boas pescarias de robalo.
De vez em quando, arriscávamos algumas saídas com Sr. Joaquim, no barco Luciana, para pescarias em alto mar.
Laércio era uma figura. Engraçado naturalmente, suas tiradas eram ótimas, espirituosos. 
Em nosso último encontro há alguns anos, em Campinas, notei que com a idade e com a vida, ficou um pouco mais sério, mas percebi aquela velha chama da juventude ainda latente em seu peito.
São tantos casos sobre Laércio, que vou mencionar apenas dois, o restante fica para um texto específico que escreverei algum dia sobre nossa “república”.
Laércio era já era noivo e tímido com as mulheres, todavia convivendo com “sem vergonhas” como eu, as vezes botava as manguinhas de fora.
Nos finais de semana, deitado peladão, pedia um copa d’água para uma de nossas empregadas, a assanhada Irene, que ameaçava contar ao “Dr. Sérgio”, o controlador das despesas. Nunca passou disso, pois Saponga era extremamente fiel.
Outra ocasião, acordou todo molhado, pois sonhou que estava urinando num toco queimado e mijou-se todo.
Bem, nossos casos com Saponga dariam um livro, com passagens proibidas para menores, que não vale a pena nem lembrar para não irritar nossas digníssimas esposas.
Voltando a preocupação de meu amigo com a “Voz do Brasil”, fico pensando se o danado está se auto-imolando, gastando tempo em escutar as baboseiras que ninguém mais ouve, pois até nos longínquos rincões da Amazônia a TV com as parabólicas, sepultou esse horário radiofônico perdido.
Acredito que nem mesmo os familiares dos políticos que narram suas falsas realizações tenham saco para ouvir essas besteiras, pois convivendo com eles, sabem que são mentirosos contumazes, alem  de mulherengos e muitas outras coisas demeritórias que não canso de realçar.
Querido amigo, esse programa chatíssimo ao invés de acabar, deveria mudar de nome, pois em hipótese alguma é “A Voz do Brasil”, mas sim a  oportunidade de políticos e demagogos gastarem sua lábia e nossa grana, pois esse horário não é cedido gratuitamente, mas compensado com redução de impostos.
Por enquanto velho amigo, esperando que o país tome novos rumos, o único jeito de ficar livre desse martírio auto imposto, é desligar o rádio.
Saponga. Escute uma boa musica, leia um bom livro(tenho várias sugestões), tome umas doses de scotch e deixe o barco correr.
Todavia, não esqueça de aparecer enquanto ainda temos vigor e humor, para rir de nossas palhaçadas.
Com muitas saudades, um forte abraço.
Gigi.

José Roberto- 27/08/19




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