quarta-feira, 5 de julho de 2017

A CAMA DOS NOSSOS PAIS

A CAMA DOS NOSSOS PAIS

Nesse frio inesperado para o carioca, lembro de minha filha ter dito, que é rara a noite em que Lelê(minha adorável netinha) não procura sua cama.
E tem coisa melhor que a cama dos pais depois de um despertar abrupto, de um sonho ruim, pois o universo das crianças é povoado de monstros e outros bichos?
Basta entrar no ninho acolhedor para que o sono volte imediatamente, num passe de mágica, pois a presença dos genitores é o porto seguro, guardiã dos bons sonhos.
Fernanda não pode reclamar, pois foi useira e vezeira desse expediente, indo para nossa cama todas as madrugadas, durante muitos e muitos anos.
Escutava aqueles passinhos no corredor e lá vinha ela, pronta para se ajeitar a meu lado, pois na época, nossa cama era de tamanho comum e Regina logo percebia que estava sendo empurrada para a beirada, pois a bichinha era folgada.
Tinha o hábito, após se ajeitar, de colocar uma das pernas sobre meu corpo, as vezes de forma meio brusca atingindo locais indesejáveis e doloridos.
Regina fingia reclamar, mas gostava do estreitamento da nossa proximidade e das incontáveis noites equilibrando-se na borda da cama.
Fernanda foi a única filha assídua ao nosso “berço”, talvez por ter sido a caçula.
Recordo dos meus tempos de primeira infância, quando por qualquer razão acordava no meio da noite e escutava o forte ronco do meu pai.
Ao ouvi-lo, sempre pensava em leões e outro bichos prestes a invadir meu quarto , levantando de fininho e procurando a cama sagrada.
O incrível, é que mesmo ao lado do meu pai roncador, pegava imediatamente no sono, sob o aconchego de Hercília, que sempre recebeu os filhos em sua cama com a maior boa vontade, sem jamais demonstrar a mínima irritação pelo desconforto que causávamos.
Pois era mesmo uma disputa pelo lugarzinho aconchegante.
O chato era quando chegava e já tinha um  irmão aninhado. Minha mãe sempre dava um jeitinho da acomodar os dois, sem qualquer reclamação de Tonico, pois meu pai sempre foi uma pessoa adorável.
Normalmente éramos três a pelejar pela cama materna, pela idade, Toninho, Eu e Tai(Carlos Augusto). André veio com alguns anos de atraso.
É indescritível a segurança, o conformo, o calor humano transmitido por esse local sagrado, refúgio dos pequenos inocentes,  que é a cama dos nossos pais.
Todo filho que passou por essa grata experiência, leva essas agradáveis lembranças pelo resto da vida, demonstrações de amor e afeto que tornam indestrutíveis os sagrados laços de família.

José Roberto- 5/07/17


Um comentário: