segunda-feira, 30 de novembro de 2015

FLAGRANTES DA VIDA REAL


FLAGRANTES DA VIDA REAL

Desde que Vick, meu fiel escudeiro entrou na minha vida, adquirimos o hábito de circular pela Praça da Macumba duas vezes ao dia, pela manhã e a tardezinha.
Uma caminhada de uns duzentos metros, cruzando pelo caminho com inúmeros postes, plantas e arbustos, onde o valoroso Vick deixa sua marca(rega as plantas e os postes), avisando a todos que ali é seu território.
Quinta-feira passada, quando cumpríamos nosso ritual no período da tarde, observei uma moça bem vestida, abaixando e depositando algo ao pé da jaqueira, tradicional ponto de despachos.
Estava a uns sete metros do local e obviamente pensei tratar-se de uma oferenda, porem qual foi minha surpresa ao ver a jovem ficar de cócoras, baixar as calças, retirar um modess bem vermelho dentre as pernas, fazer xixi, colocar outro modess, aprumar-se, apanhar a mochila no chão que eu havia confundido com um despacho, e depositar o invólucro numa lixeira próxima(para os mais velhos, absorvente higiênico se chama modess).
Passando a meu lado, a jovem me cumprimentou com um leve sorriso de ironia, talvez, pensando com seu botões: “vá cuidar dos netos, velho tarado”.
Essa ousada senhorita desconhece o reais motivos da minha curiosidade, pois registro fotograficamente todas os despachos efetuados na praça, e quando a vi de cócoras, calculei erroneamente que se tratava de mais uma oferta aos orixás, que por sinal anda em baixa, devido a terrível crise que nos afeta, até os terreiros de umbanda.
Ressabiado, voltamos para casa sem mencionar o assunto para mulher e filhos.
No dia seguinte, pela manhã, observei mais de longe uma senhora que parecia depositar algo aos pés da frondosa jaqueira.
Escaldado, arrisquei alguns furtivos olhares mais de longe, fingindo total alheamento.
Rapidamente a senhora terminou o que estava fazendo, entrou num carro e partiu sem olhar para traz.
Como já estava retornando, de longe notei que se tratava mesmo de um despacho, por sinal bem modesto, com um garrafa de tubaina ou similar, algumas doces de botequim e um pouco de balas, dispostos num pratinho de papelão.
Não entendo do riscado, mas me pareceu uma oferenda bem mequetrefe, que talvez nem despertasse a atenção das divindades.
Deixei para fazer o registro fotográfico a tarde, porem, para minha surpresa, nada mais havia no local, talvez degustado pelo mendigo que comumente dorme na praça.
Na volta, ousei relatar as duas ocorrências para minha mulher, me arrependendo amargamente, pois alem de quase levar uns cascudos, fui injustamente acusado de ser um velho tarado, ouvindo na marra, um sermão sobre essas manias inconvenientes de velho aposentado.
Concluo com a certeza que fui mal compreendido, sendo apenas uma testemunha ocular de eventos anormais, quando na realidade, queria somente documentar os despachos, como faço habitualmente.
Vick é testemunha, jurando de rabo enrolado, que falo e escrevo estritamente a verdade dos fatos.

José Roberto- 30/11/15


E.T- Fotos da praça, despojada e mal cuidada.

4 comentários:

  1. Ze
    Eu recomendaria, que apesar do esporro recebido, continuasse obcecadamente a observar o local de despacho para arrumar um final para tua historia - que tal supor um despacho de xixi e dai a mente para fantasiar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa sugestão.
      Talvez a moçoila quisesse mesmo ofertar a bacurinha a algum namorado que não correspondeu seus avanços.
      A moça era mesmo bem avançadinha;

      Excluir
  2. Além de das inspeções de rotina na Praça da Macumba, bem que você faria um favor danado à Nação Brasileira, levando o Vick para fazer xixi, talvez até alguma coisa mais, naquele famoso POSTE lá de Brasília.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. ÓTIMA SUGESTÃO, TODAVIA NÃO SEI O VICK VAI TOPAR GASTAR UMA MIJADA NESSE POSTE DE MERDA.

      Excluir