quinta-feira, 15 de outubro de 2015

DOCES SONHOS DA JUVENTUDE

DOCES SONHOS DA JUVENTUDE

Tenho acompanhado diversas manifestações de colunistas famosos em homenagem a Sonia Mamede, vedete e comediante falecida em 1990, que agora terá sua vida contada em uma peça escrita por Artur Xexeo, ressaltando sua fase vedete, que a maioria julga ser a mais importante.
Nos meus tempos de menino adolescente(e tarado) recordo, que  devorava com os olhos concupiscientes as Revistas do Rádio e Cruzeiro que chegavam as minhas mãos, motivos mais que suficientes para aumentar minha interminável lista de pecados contra a castidade.
Era um freguês assíduo do banheiro e daí talvez tenha surgido o hábito que cultivo até hoje, de passar longas horas lendo, sentado no trono. Se tivesse tendência para hemorróidas não haveria Hemo Virtus que chegasse.
O difícil era confessar ao curioso padre, nosso conhecido, o número de vezes que cometêramos tal pecado, pois como estudava em colégio Salesiano  era praticamente obrigado a confessar quase todas as semanas. E as confissões eram normalmente cara a cara. Um verdadeiro martírio.
A primeira vedete que chamou minha atenção foi Luz Del Fuego, famosa por ter posado nua, enroscada em um imensa cobra.
Outras que ouriçavam meu libido em pleno desenvolvimento(e que desenvolvimento...) eram Elvira Pagã, Salomé Parísio, Beth Faria e até mesmo a dentuçinha Virginia Lane, a preferida do Presidente(Vargas).
Não sei por que cargas d’água, Sonia passou desapercebida. Vendo uma foto daquela época constato que a danada era mesmo um pitéu. Me lembro dela mais como comediante, no Balança mas não Cai.
Nessa época, nos anos dourados, o Rio de Janeiro era um paraíso inatingível para um moleque caipira do interior, que sonhava passear pela Cinelândia e assistir as maravilhosas peças do Teatro de Revista, estreladas por suas sedutoras musas.
Quando surgiu a revista Manchete, mais ousada e repletas de fotos das beldades, em shows, bailes, desfiles, foi uma festa para os olhos sequiosos de um adolescente magrelo, que sem pensar nas conseqüências, aumentava sua lista de pecados.
Como essas revistas não transitavam por minha casa, costumava vê-las sorrateiramente num salão de barbeiro que freqüentava. As vezes tinha a suprema felicidade de conseguir algumas emprestadas, com a garantia de  devolvê-las sem manchas e nódoas. Tarefa difícil.
Foi nessa época heróica que li “O Amante de Lady Chaterly”. Livro que mantive escondido por muito tempo embaixo do colchão, até ser descoberto por minha mãe, que para minha surpresa não ficou muito zangada, mas obrigou-me a devolver de imediato o pecaminoso livro.
As melhores e mais ansiadas revistas eram aquelas publicadas no período do carnaval.
As fotos dos bailes no Municipal e principalmente do Monte Líbano me levavam a loucura.
Artistas, vedetes e anônimas semi-nuas sobre as mesas, dançando, rebolando e sendo acariciadas eram um convite ao prazer.
Sonhava em poder participar algum dia desses bailes de luxúria, dessas festividades bacantes na capital federal, que durante o reinado de momo, transformavam-se em Sodoma e Gomorra.
Comentava com os amigos, que se por ventura tivesse o privilégio de participar ao menos uma vez dessas libertinagens, os jornais do dia seguinte estampariam a manchete: “Tarado paulista preso no Municipal”.
Com certeza, esse deveria ser o sonho da maioria dos adolescentes da época, principalmente caipiras como eu, quando uma simples canela já era objeto de cobiça, imaginem então um maravilhoso par de coxas(sem falar no resto).
Doces sonhos de uma juventude tão distante, ingênua e que hoje seria ridícula, diante da falência da moralidade, da falta de educação, da ausência total de ética e desse maldito modismo de “Ficar”.

José Roberto- 25/10/10


TEXTO ESCRITO HÁ CINCO ANOS, SALVO DO FINADO BLOG TERRA OPINAODOZE.

José Roberto- 15/10/15



Um comentário:

  1. Imaginações e verdadeiros sonhos tínhamos com as vedetes, com as artístas e por aí vai. Não faltavam revista, principalmente do Carlos Zéfiro com excelentes desenhos. DESENHOS! Que maravilha! Hoje, a grande notícia é que a "Playboy" não mais publicará fotos com mulheres peladas. E precisa? A internet inundou o mundo de pornografia total e a molecada de hoje nem precisa muito disto. As mulheres já estão mostrando tudo mesmo. Tem piriguetes pra tudo canto no Brasil e no mundo.

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