terça-feira, 6 de outubro de 2015

DEFUNTO MATA MARCIANA

TENDO EM VISTA A RECENTE DESCOBERTA DE ÁGUA EM MARTE, NOTÍCIA QUE DEVE TER AGRADADO O POVO DE SÃO PAULO, APROVEITO PARA RESGATAR A CRÔNICA, ESCRITA NO FINADO BLOG TERRA OPINIAODOZE, HÁ SETE ANOS, QUANDO AINDA EXISTIA O VALOROSO JORNAL DO BRASIL:

DEFUNTO MATA MARCIANA

Não é, mas poderia ter sido uma ótima manchete para esses jornais que espremendo, sai sangue.
Esses folhetins custam em média cinqüenta centavos, estampam na primeira página uma notícia desse naipe, sempre com um cadáver coberto de sangue, e na parte inferior, uma deusa do funk quase peladona.
E vendem à beça, com público cativo entre porteiros, office-boys, engraxates, camelôs, taxistas e similares.
Mas a história em questão é outra, trata-se de um caso verídico ocorrido no heroico Rio Grande, terra de gente macha e braba.
O “causo” é o seguinte:
Nota publicada num cantinho de uma pagina interna do Jornal do Brasil:
“IDOSA MORRE AO SER ATINGIDA POR CAIXÃO”,
Uma senhora, viúva fresca, Marciana da Silva de 67 anos, transitava pela rodovia RS-717 próximo ao município de Tapes, sul de Porto Alegre, levando o corpo de seu finado marido, provavelmente para depositá-lo em seu último refúgio, cujo destino  era ignorado pelo repórter que postou a pequena nota no JB.
Marciana,  viajava junto com o defunto no “coche fúnebre”, coisa pouco usual, pois normalmente os vivos tendem a não utilizar esse meio de transporte.
Eis que a sorte madrasta, fez com que um Alfa Romeo(a notícia não explicita se era um cupê ou uma daqueles velhos caminhões) abalroasse o carro funerário, projetando o caixão para a frente.
Marciana, que ocupava o banco do passageiro foi atingida na nuca, tendo morte instantânea.
A notícia foi capenga, não dando maior detalhes, deixando as conclusões para os leitores.
Quis o destino, que Marciana e seu esposo não ficassem separados, unindo-os para sempre nessa derradeira viagem.
Acabou o sofrimento de Marciana, que deve ter penado um bocado durante toda sua existência, carregando esse nome. Imaginem as gozações que essa boa mulher deve ter sofrido.
O nome seria uma alusão a sua aparência ou apenas caracterizou o mau gosto e impropriedade dos pais, que carimbam seus filhos com nomes que os atazanarão durante toda a vida?
O cartórios de registo civil deveriam ter uma relação de nomes aceitáveis, proibindo essas esquisitices, comuns nos dias atuais.
Conheci uma professora, que tinha o sugestivo nome de Vlagina(Vla de Vladimir, pai e gina de Regina, mãe), normalmente chamada pelos alunos, de Dona Bloceta.
Bem, mais o caso é outro.
Queria apenas fazer algumas conjeturas de como uma nota incompleta, “IDOSA MORRE AO SER ATINGIDA POR CAIXÃO”, publicada num jornal sem qualquer apuro, talvez de última hora para cobrir um canto de pagina em aberto, poderia induzir o leitor a variadas conclusões, fruto de sua imaginação ou interpretação dos poucos detalhes disponíveis.
Dizem que as vezes um bom título, vale mais que a notícia.
Nesse caso, o jornalista do JB poderia ter sido bem mais criativo.

José Roberto- 12/11/08




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