terça-feira, 14 de outubro de 2014

MINHAS CRIANÇAS

MINHAS CRIANÇAS

A saudade bateu forte quando vi a foto da família, que minha mulher postou na Facebook.
Início dos anos oitenta, eu ainda rapagote, com minha pequena trinca no colo.
Tempo bom, quando as viagens mensais para Itanhaém eram aguardadas com ansiedade pelos pequenos. As vezes, aproveitando feriados, mais de uma por mês.
Mesmo com a Dutra mal conservada, com as crises de abastecimento, postos de gasolina fechando aos domingos, nossas viagens eram inesquecíveis, alegres, repletas de cantoria.
As oito, nove horas, dentro do velha Caravan eram enfrentadas com galhardia, nem percebíamos o tempo passar.
A primeira parada acontecia no Bobs, no início da serra, trecho percorrido em hora e meia.
Abastecidos, seguíamos cantando até bater o sono nas crianças, pois normalmente saiamos do Rio a tarde, retornando no domingo, após almoço no saudoso Pioneiro, um dos últimos restaurantes tradicionais de Itanhaém a cerrar as portas.
A foto traz essa lembrança dos bons tempos, quando os filhos seguiam nossas orientações, eram totalmente dependentes, partilhando de nossas decisões sem reclamar, ansiando por conhecer nossos planos que envolviam férias e viagens.
Tempos adoráveis quando descobrimos as viagens para o exterior, pois com um pouco mais de grana em caixa e com as facilidades que surgiram, exploramos alguns paises do caribe, mas especialmente o USA, tanto em excursões, com em aventuras solitárias.
Cada uma dessas viagens traz lembranças que caberiam em mais de um texto. Passagens inesquecíveis, presenciando o deslumbramento das crianças com as belezas naturais do nosso irmão do norte, principalmente com seus parques temáticos e a variedades de brinquedos nas lojas e supermercados, adquiridos a preços invejáveis.
Mas... as crianças cresceram.
As viagens conjuntas foram ficando raras, pois apesar das estradas terem melhorado muito e a distância encurtada com novos caminhos, Itanhaém foi ficando cada vez mais longe.
Juntar a família na terra da mãe só mesmo no Natal, meio na marra.
O tempo passou mais um pouco, ou muito.
Todos adultos, formados e cuidando da própria vida.
A caçula casou, nos presenteando com uma netinha querida, sobre a qual já escrevi tanto e escreverei muito mais.
Apesar de ver meus filhos como homem e mulheres feitas, não consigo deixar de ser o pai “mandão”, sempre querendo interferir, dando palpites, resmungando, esquecendo que esse tempo já passou.
Obviamente, no geral não dão a mínima para minhas interferências, fazendo ouvidos moucos, eventualmente retrucando, para me lembrar que minhas posições arcaicas já eram, estão “out of order”, ou “démodé”.
Quando as discussões ficam um pouco mais acaloradas, dizem que estou “por fora”, que não evolui, que nos tempos atuais as coisas mudaram bastante, ficando difícil para “dinossauros” teimosos aceitar esse novo cenário.
Ficamos chateados, pois nossos filhos pensam que são mais espertos, que sabem mais.
Refletindo com serenidade temos que aceitar essa lógica, pois certamente, com toda essa revolução tecnológica e social, os filhos sabem hoje muito mais que os pais.
Todavia, a marca da educação e dos exemplos que deixamos, ficam permanentemente gravados em seus corações, moldando o caráter e forma de ser de cada um.
Olho uma foto recente da família, tirada no ultimo Natal e fico comovido.
Contudo, a saudade entranha e aperta meu coração, ao voltar os olhos para a velha foto, eu, enlaçamento meus três pequenos filhos.
Para mim, nunca deixarão de ser pequenos!

José Roberto- 14/10/14



5 comentários:

  1. Que lindo Daddy! A minha infância foi maravilhosa e nossas muitas viagens eram mágicas! Nossa família é a coisa mais importante p/ mim!

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  2. Texto singelo e comovente, retratando os caminhos de uma bela família.
    Parabens,
    Concordo plenamente, pois filhos sempre serão nossas crianças.
    Abraços,
    Pedro Paulo

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  3. Me comovi lendo seu singelo texto.
    Muito amor e muita sensibilidade.
    Parabens.

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  4. Betão,revivi e fiquei muito emocionada,o importante é que fizemos tudo por eles,não pulamos página nenhuma e o resultado foi maravilhoso!!!!!bjks.

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  5. Muito bom! nada é melhor do que recordar a infância. Esta bela crônica faz com que retornemos no tempo e lembremos dos nossos pais e o que eles fizeram para dar uma infância feliz para a gente.Lembrei de quando meus pais me levaram para conhecer o mar, e que mar, o de Cabo Frio, o primeiro jogo de futebol com estádio lotado, o Maracanã e por aí vai. Hoje, com os nossos filhos os programas podem até serem diferentes, mas sustentam a base de toda uma família.

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