quinta-feira, 11 de julho de 2013

CEMITÉRIOS E FAVELAS

CEMITÉRIOS E FAVELAS

Começo a redigir o texto de hoje com algum atraso, pois antes de chegar ao escritório, levei o carro de minha mulher para a obrigatória revisão anual.
Hora combinada na concessionária, 7,30 h.
Todavia, esperando ser atendido com antecedência, cheguei na Renault, que fica em frente ao cemitério São João Batista, as 7,00h.
Apenas o vigia para me receber e confirmar o horário do início do expediente. Não restava alternativa, senão esperar.
Parado em frente a concessionária, olhei para os muros do cemitério, lembrando das noticias recentes que estão fervilhando nos jornais.
Os doze cemitérios legalizados do Rio, são administrados pela Santa Casa de Misericórdia, um fundação em regime pré-falimentar, com uma diretoria muito questionada por seus desacertos.
É natural, que o problema de gestão insatisfatória refletisse nos cemitérios, onde repórteres da TV Globo, disfarçados de possíveis interessados, comprovaram e filmaram funcionários da Santa Casa, vendendo espaços ilegais nos cemitérios, especialmente no São João Batista e Caju, os mais importantes da cidade, por 300 a 400 mil reais.
O metro quadrado mais caro Rio, batendo Leblon e Ipanema.
Depois que a merda aflorou, a policia descobriu que diversos corredores haviam sido fechados, transformados em túmulos, dificultando a circulação(dos vivos, eh, eh, eh).
Diversos jazigos, que os espertalhões julgavam abandonados, foram demolidos e revendidos a terceiros.
Constatou-se um sumiço geral de túmulos e de seus inquilinos, impossibilitando parentes de localizar o “ultimo descanso” de seus entes queridos.
No Rio de Janeiro, nem os pobres dos defuntos, depois de mortos e enterrados tiveram sossego.
Os cemitérios do Rio, que sempre foram locais não recomendáveis para se visitar sozinho, principalmente a tarde, devido a freqüência dos assaltos praticados por moradores das favelas que os rodeiam, alem de perigosa para os vivos, tornou-se também um azougue para os mortos.
Enquanto matutava sobre a desventura dos pobres defuntos que deveriam estar sossegados, mortos e sepultados, olhei para o morro que se espalha ao lado do cemitério e vi parte da enorme favela dos Tabajaras, que começa no outro lado do morro, em Copacabana, se espalhando até a beirada do cemitério, em Botafogo.
Centenas de casas sem reboco e pintura e inúmeros prédios de mais de cinco andares, se equilibrando na costa do morro, aguardando para serem varrido nas próximas fortes chuvas que caírem no local.
Chamou minha atenção uma grande obra, que estava sendo levada a cabo na parte inferior do morro, próximo a um posto de gasolina.
A imensa obra é perfeitamente visível de qualquer ponto da rua. Já devastou parte significativa da floresta e de um imenso bambuzal, cujas raízes são importantíssimas para conter deslizamentos.
Desmatamento visível a todos, a quem possa interessar, obviamente, menos aos fiscais da prefeitura.
Tente cortar alguma árvore, que você mesmo plantou em seu condomínio, para verificar que é aí “que a porca torce o rabo”. Requerimentos, multas, compromissos de replantio e o “caralho a quatro”.
Não vou nem citar o IPTU fodido que pagamos.
Amanhã, quando as chuvas arrastarem as obras irregulares, esses invasores miseráveis estarão chorando, contanto seus mortos e exigindo da prefeitura vale aluguel e novas moradias.
O Prefeito e sua turma, fazem de conta que não enxergam essas invasões absurdas, pois não podem se indispor com o povão. São votos contabilizados.
Tirei fotos da obra irregular e pretendo enviá-la para alguns jornais.
Duvido que as publiquem, ou que dêem alguma importância ao meu protesto.
Tudo continuará na mesma, para o bem de todos e felicidade geral da nação.
Apesar desses abscessos, o Rio continua lindo!

José Roberto- 11/07/13





Um comentário:

  1. Meu caro Zé do Caixão
    Hoje você escolheu o assunto certo, pois você tem tendências para coveiro e fiscal de cemitério.
    Até que o texto esta passável.

    Amilcar

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