quinta-feira, 23 de maio de 2013

O OUTONO DE NOSSAS VIDAS


O OUTONO DE NOSSAS VIDAS

É incrível como a passagem dos anos altera nosso modo de ser.
Aos poucos, de forma quase imperceptível, vamos mundando nossos hábitos, não que seja preguiça, mas falta de alento e vigor.
Embora a “cuca” permaneça jovem(pelo menos é o que pensamos), o corpo reage mais lentamente aos estímulos, a malemolência vai silenciosamente ganhando terreno.
Sempre tive o hábito sagrado de sair as sextas e sábados, tomar um chopinho, ir ao cinema, jantar no restaurante favorito, onde sempre havia meu lugar reservado.
Eis que as coisas começaram a mudar.
Se o tempo esta carrancudo, com ameaça de chuva, surge um bom motivo para cancelar a escapada.
Se forcei meus limites no tênis matinal, se estou cansado, com um leve e desprezível sintoma de gripe ou resfriado, melhor ficar em casa hibernando.
Qualquer desculpa esfarrapada, é motivo suficiente para cancelar um programa até então habitual.
Como a turma do tênis anda diminuta, faltando parceiros para me manter em forma, toda semana tomo a firme resolução de adotar como rotina, a volta diária da Lagoa(7,5 km).
Me programo para começar na segunda sem falta, porem...
Sempre surge um impedimento.
Um bom filme, torneio de tênis na TV; um livro em fase final que necessita ser lido com urgência, uma rápida visita ao supermercado, qualquer desculpa é válida, pois o sol está muito forte, ou o tempo poderá mudar.
Talvez seja melhor limitar essas cansativas caminhadas para dias alternados, no máximo, três vezes por semana.
Dessa forma, as boas e saudáveis intenções vão ficando para trás, tornando-se apenas intenções.
Outro hábito estranho que passei a cultivar nesses últimos anos, foi a leitura diária da seção de óbitos do jornal que assino.
Não é que de vez em quando encontro um nome conhecido, alguns até de pessoas com quem tive algum relacionamento!
Nosso cérebro vai se ajustando as nossas esquisitices e manias, bem como aceitando justificativas toscas para nossa preguiça e falta de ânimo.
Com os de minha geração,  vivemos o “outono de nossas vidas”.
Estamos em plena terceira estação, aquela em que as arvores perdem suas folhas, que caem e secam no chão.
O ritmo mais lento a que nos submetemos, também tem algumas vantagens(?), pois dispomos de mais tempo para o “dolce far niente”, relembrar os bons momentos, mas principalmente nossos grandes erros e burradas, cometidas no ímpeto da juventude ou mesmo ao longo da vida adulta, fruto da inexperiência e julgamentos inadequados.
A experiência só é útil no trabalho, pois na vida estamos sempre predispostos a cometer novos e velhos erros, que transmutados, ressurgem como pedras em nossos caminhos.
Experiência é apenas uma boa desculpa, para levarmos vantagem na discussão como os mais jovens.
O “outono” avança, com prenúncios de um inverno frio e chuvoso, apertando o cerco sobre nossos corpos e nossas almas.
Abrigados, física e mentalmente, temos continuar enfrentando os desafios, fintando o reumatismo, as diabetes e a pressão alta, “vivendo e aprendendo a viver”.

José Roberto- 23/05/13




4 comentários:

  1. Engraçado os sintomas são coincidentes... inexoravelmente. Fazemos companhia aos demais dentes gastos dessa imensa engrenagem, que o tempo se encarrega de substituir, num processo que não conseguimos enxergar na primavera de nossas existências e gerações vão se sucedendo como manda a lei da vida. Deve haver um propósito insondável que rege tudo isso, senão...
    Luizinho.

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  2. Já que o momento e de filosofia e reflexão, também considero a vida uma caminhada, com coisas boas e percalços, com lucros e perdas, devendo ser aproveitada em todos os momentos, pois é muito efêmera.

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  3. Não dá para ficar parado vendo a "Banda" passar. Estamos descendo a ladeira e muito rápido.Vamos aproveitar enquanto dá tempo, sabendo frear um pouco essa descida para não despencar de vez.

    Cada dia é uma nova oportunidade.
    Cada hora é uma nova linha...

    Você escreve, reescreve, vive, revive e relembra cada emoção que a vida tem para apresentar diante dos seus olhos...

    Porque nossa existência é como um suspiro, como um último fôlego, e nós precisamos respirá-lo com toda a vivacidade que nós temos.

    Aproveite o dia.
    Aproveite cada instante como se fosse único.

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  4. É bom parar com estas pieguices e retomar as atividades físicas (disse pieguices para não dizer frescura),e continuar com as atividades físicas,porque senão já sabe o que vem (andador,bengala,etc...).
    A fila anda,mas não precisamos seguir arrastando ou pior,puxados.Abraços e bom fim de semana.André

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