quinta-feira, 21 de março de 2013

A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA


A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA

Desde que me conheço por gente, sempre fui um apaixonado pelo cinema.
Quando criança o dinheiro era curto.  A mesada de 5 cruzeiros nos finais de semana era insuficiente para realizar meus desejos cinematográficos. Para completar a grana, “fazia o diabo”, vendendo garrafas, gibis, e outros badulaques ao ferro velho, que ficava na esquina da Governador, com a Voluntários de Piracicaba.
Não poderia em hipótese alguma perder a Sessão Zig-Zig(10,00 h) do Cine Colonial(um filme e um seriado) e o matinê do Cine São José(14,30 h- dois filmes e um seriado).
Bons tempos do cinema em preto e branco, quando o mocinho dava uma surra no bandido sem jamais deixar cair o chapéu da cabeça.
O heróis inesquecíveis da época eram, Durango Kid, Roy Rogers(e seu cavalo Trigger), Hopalong Cassidy, Tarzan, Gene Autry,  O Zorro,  alem dos seriados em 12 emocionantes capítulos, do Superman e da Família Marvel.
A medida que passavam os anos, entrando na fase da juventude com o gosto mais apurado, a preferência era ainda pelos filmes de aventura e guerra, porem, já agregados com histórias de amor.
Recordo, que o primeiro filme fora desses gêneros que me marcou, foi um alemão, “Marily”, um romance água com açúcar. Não lembro o nome dos artistas, recordando apenas que a artista principal era uma loirinha muito bonita.
Outro filme que gostei, inclusive do nome poético, “O Vento Não Sabe Ler”. Um filme inglês com Dirk Bogarde e uma japonesa, tendo como tema, a guerra da Birmânia.
A abertura desse filme era caprichada, com um imenso jardim florido, onde se destacava um cartaz: “Proibido tocar e arrancar as flores”.
Nesse exato momento, começava a soprar um vento muito forte, fustigando e arrancando pétalas, principalmente das belas rosas vermelhas que enfeitavam o jardim.
Nesse momento mágico em que as pétalas das esvoaçavam, entrava o titulo, logo acima do cartaz, “O Vento Não Sabe Ler”.
Quando  tinha meus 17/18 anos, amei “Suave é Noite-Tender is the Night), com Jennifer Jones e Jason Robards.
Dentre outros assuntos, o filme contava a historia do pianista cachaceiro que estava compondo a musica que era o tema do filme, mas não conseguia terminá-la.
Certa vez, chegando ao bar do hotel onde se hospedava, ficou danado ao ouvir um pianista negro, teclando suavemente sua musica ao piano e concluindo-a magistralmente.
Ensandecido, envolve-se numa luta , sendo esfaqueado e morto. Uma tragédia pastelão que ficou bem no filme. Pelo menos eu achava.
Há uns oito anos atrás, insisti com minha filha Fernanda, para que ela assistisse comigo esse filme, que despertava tão boas recordações.
Essa sessão nostalgia causou-me um grande impacto.
Primeiramente por minha filha achar o filme monótono, depois,  pela falta de recursos e efeitos especiais, que não existiam na época e com os quais, já estamos acostumados nos dias de hoje.
Falando a verdade, também fiquei meio decepcionado.
Resultado das mudanças causadas pelo tempo, da transformação do mundo, com a evolução galopante da tecnologia, dos costumes e da moral.
Sendo dúvida, mudamos com o passar dos anos. Nem sempre para melhor.
Não posso deixar de mencionar alguns filmes mais recentes, que realmente deixaram marcas profundas, como o maravilhoso “Cine Paradiso”, que tem muito a ver com minha história, e o sensível “O Carteiro e o Poeta”, poesia pura e tocante.
Existe mais uma centena de bons filmes, os quais poderia listar em uma dezena de folhas, porem dos últimos,  achei sensacional o francês, baseado em fatos reais, “Os Intocáveis”, provando de uma forma leve, que apesar das dificuldades e limitações, a vida, vale a pena ser vivida.
Gosto não se discute, cada um tem o seu, e deve ser respeitado.
Percebo essas diferenças em minha própria casa, onde comumente, minhas avaliações são questionadas e postas em dúvida.
Mas ver um bom filme é um prazer do qual jamais devemos abdicar.

José Roberto- 21/03/13





2 comentários:

  1. Não foram mencionados os belíssimos faroestes, ora relegados às calendas: "Sem Lei e Sem Alma", "Duelo de Titãs", "A Última Carroça", "Sete Homens e Um Destino", "Minha Vontade é a Lei", "O Último Por do Sol", "Vera Cruz" e o inesquecível "Os Brutos Também Amam", entre outros. Quem viu...viu!
    Visentin.

    ResponderExcluir
  2. Complementando as oportunas colocações acima, incluo "Da terra Nascem os Homens", "investida de Bárbaros" esse vi em terceira dimensão, com óculos e tudo., completandando "O Sol é Para Todos, e muitos outros.
    Eu vi.

    ResponderExcluir