O FILHO DO PADRE

O FILHO DO PADRE

Essa história do vendedor de motos mineiro, que descobriu
ser filho de um padre milionário que havia “batido a caçuleta” há pouco tempo,
ou como preferem as carolas, partido para prestar contas ao Senhor, não é
nenhuma novidade.
A única diferença dos demais casos que conhecemos, é que
esse padre libidinoso de Unaí, deixou de herança uma nota preta, disputada a
tapa por 2 irmãos e 37 sobrinhos(o sobrenome desses irmãos deveria ser coelho).
Um dos sobrinhos, contrariado com o tramitar do processo e a
antecipação da partilha, deu a dica ao bastardo, que há 30 anos procurava
descobrir o nome do pai.
Com um “pequeno atraso”, o vendedor de motos será
recompensado pela falta do amor paterno, recebendo uma gorda herança, acumulada
de forma estranha por um padre, que pelo jeito, alem de prevaricar era também
um ás nas finanças, aplicando sabiamente o dinheiro recolhido nas sacolinhas.
Como já disse, filho de padre não é novidade, principalmente
nas cidades do interior.
Quem não conhece o caso de um padre que vivia na casa
paroquial com uma respeitável senhora, afirmando ser sua irmã viúva, que por
acaso tinha um filho ou filha, que também por estranha coincidência genética,
era a cara do tio?
Normalmente esse respeitável irmã, se encarregava da administração
burocrática da paróquia e da casa do padre(alem de otras cositas mas), cuidando
para que nada faltasse ao operoso servo de Deus.
Sou testemunha ocular de pelo menos dois casos.
Um em Piracicaba, mais propriamente na Vila Rezende, onde um
conhecido e bondoso padre, amado pelos paroquianos, desfrutava de todas essas
regalias.
Outro, em Itanhaém, o padre que realizou meu casamento. Um
padre que apesar de nervoso e não tolerar choro de crianças durante as missas,
era um boa praça, inclusive colega de pescaria de robalinhos.
Nesses casos, sempre pairam leves sombras de dúvidas, principalmente para
os mais crentes e míopes, que atribuem os falatórios, a intrigas dessas novas
igrejas evangélicas.
Recordo que antigamente, havia uma brincadeira entre as inocentes
meninas, que no jogos, diziam que a perdedora era “a mulher do padre”, sem
realmente entender o significado dessa afirmativa.
Dizem também, que alguns meninos mais delicados, brincavam
de forma semelhante, dizendo que o perdedor era “filho do padre”.
Sei, de apenas ouvir dizer, pois na minha turma nunca
utilizamos essas brincadeiras de boiolas.
Mas uma coisa é certa.
Com padre, pastor, irmão leigo e similares não se brinca.
Eu que estudei em colégio salesiano, na minha época, só para
meninos e repleto de padres de todas as tendências, sempre fui extremamente
cuidadoso, seguindo a risca os sábios conselhos recebidos de meu pai,
transmitido na família de geração a geração:
“Para traseira de burro e frente de padre, nunca se deve dar
as costas”

José Roberto- 10/02/12