quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

BAIANADAS OU A PRIMAVERA BAIANA

BAIANADAS OU A PRIMAVERA BAIANA

Desde da morte do “Coronel ACM” a Bahia não é mais a mesma.
Já havia feito essa afirmação em crônica de 07/05/2008(http://opiniaodoze.blog.terra.com.br/2008/05/07/baianadas/),
comentando o resultado de pesquisa feita pelo escritor, poeta, antropólogo e
ensaísta baiano, Antonio Risério, na qual ficou constatada a decadência
cultural do estado, perdendo terreno para o eterno rival, Pernambuco.
Risério aponta inclusive a decadência do curso de medicina
da Universidade Federal, orgulho do estado e do país, celeiro de nomes
ilustres, tendo recebido péssima avaliação do Enade.
“Para piorar ainda mais essa constrangedora situação, o
coordenador do curso, Antônio Dantas, afirmou que a péssima avaliação “ se deve
ao baixo QI atual dos baianos que é hereditário...”.
Fechando com chave de ouro seu desastrado comentário,
conclui: “"O baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse mais
[cordas], não conseguiria", afirmou, ressalvando que há exceções a sua
regra.”
Pelo andar da carruagem, com o estado na mão dos petistas e
a prefeitura entregue à um incompetente camaleão do PP, as coisas somente
pioraram, como bem demonstra essa intolerável greve da PM, que tem trazido o
medo e o caos ao estado, afugentando turistas na época mais propicia.
Nada mais oportuno, para demonstrar o descalabro
administrativo que reina em terras baianas, que transcrever novo artigo do
ilustre baiano, Antonio Risério, chamando os patrícios para ordem unida, a fim de tentar reverter
essa humilhante situação.

Embora o meu sentimento seja
de urgência, quero conversar com calma, que o assunto é sério: Salvador. Numa
de suas peças de teatro, Shakespeare faz a pergunta fundamental: “O que é a
cidade, a não ser as pessoas?”. E me lembro disso porque nesta semana um amigo
me disse, em tom de quase desencanto: “Nosso maior problema, em Salvador, é que
não sabemos nos ver como cidadãos”. Está certo. E, neste sentido, o maior
problema atual de Salvador somos nós mesmos.
A cara de Salvador não pode ser a da “grand
vendeuse”, a da balconista-mor Ivete Sangalo, em pose autoritária, dizendo a
frase imbecil: “Quem tem força, tem preço”. Em Salvador, hoje, devemos dizer
coisa bem diferente: precisamos levantar a cabeça, recuperar a disposição,
buscar o entusiasmo, nos mobilizar para dizer, alto e bom som, que não
aceitamos o que estão fazendo com a nossa cidade. Chega de passividade. Se o
que está acontecendo com Salvador (avacalhação e destruição da cidade)
estivesse acontecendo em Porto Alegre, Curitiba ou São Paulo, não tenham
dúvida: gaúchos, curitibanos e paulistanos teriam subido nas tamancas e saltado
na goela da prefeitura.
E nós, não vamos fazer nada? Felizmente, parece
que sim, que é possível. As pessoas começam a protestar aqui e ali. Exemplo
disso, entre outros, foi o artigo que Fredie Didier Jr. publicou neste jornal,
no domingo passado. “Salvador não passa por um bom momento histórico”, escreveu
Didier. “Não falo da crise em sua monumentalidade: Pelourinho abandonado, metrô
inacabado, ruas sujas. Embora grave, este tipo de problema é de solução mais
fácil. Não me refiro, igualmente, à violência que nos assola. A violência
impressiona, mas não destoa do que acontece em outras metrópoles. Falo de outra
espécie de crise, mais profunda e de efeitos mais deletérios.Salvador está em
crise existencial”.
A cidade apequenou-se, conclui Didier. Para,
então, incitar: “Temos de retomar a nossa caminhada e refundar a cidade. Dar
início a uma espécie de Renascença baiana”. Mais: “Salvador merece que façamos
tudo isso por ela e a gente merece voltar a sentir orgulho da nossa cidade”.
Perfeito. Já um outro amigo meu, apropriando-se da expressão hoje em voga para
falar das grandes transformações que rolam no mundo árabe, me apareceu com uma
frase ótima: “Precisamos promover alguma espécie de primavera baiana”. Sim,
acho que está mais do que na hora de começar isso. É claro que não se trata de
nenhuma comparação com o Oriente Médio.
O que queremos é dar um jeito na cidade.
Salvador sofre, hoje, com uma coincidência infeliz: uma desprefeitura que
mescla estupidez e incompetência e um governo estadual omisso diante dos
problemas da cidade (e, como me diz ainda um outro amigo: “Menos com menos só
dá mais na abstração matemática; na vida real, menos com menos dá menos
ainda”). Mas não estamos condenados a assistir a isso sem dizer ou fazer nada.
Em nome de nossas melhores tradições contestadoras, estamos na obrigação de nos
mobilizar. Podemos, sim, promover uma primavera baiana.
Basta querer. Somar as nossas vozes nessa
direção. Na mídia tradicional e na internet. Em blogs, no facebook, no twitter.
Vamos bater na mesa e dizer que cidade nós queremos.Salvador, hoje, não é
somente uma cidade abandonada, que está sendo progressivamente destruída. Mais
que isso: é uma cidade humilhada. E não temos razão alguma – existencial,
cultural, política ou histórica – para engolir esta humilhação. A hora é de
aglutinar protestos isolados, manifestações soltas, vozes pontuais. Ou nos
aproximamos e batemos na mesa, para reverter a situação atual e escorraçar a estupidez
e a inércia, ou a cidade vai naufragar de vez. É hora de Salvador voltar a ser
ativa, altiva e criativa – como já foi em outros momentos.
Em nossa história, temos diversos exemplos de
enfrentamento e superação de reveses e crises. Não é agora que vamos nos
comportar frouxamente, como se esta cidade fosse uma cadela trêmula, com o rabo
entre as pernas – e não o lugar onde teve início a aventura civilizacional
brasileira.
Antonio Risério”

Vamos torcer para o baiano acordar, sair de sua rede e ir
para as ruas, não apenas atrás dos trios elétricos.

José Roberto- 09/02/12

3 comentários:


  1. Essa greve dos policiais baianos alem do caos, está trazendo enorme prejuizos a Salvador, pois está assustando os prováveis turistas.
    Com um prefeito frouxo e um governador sindicalista, as perspectivas não são nada boas.
    Vai terminar tudo em pizza, sem punição para os grevistas.
    Pedro Paulo

    ResponderExcluir
  2. Os baianos não estão sabendo escolher seus políticos e por isso o estado encontrá-se em regime pré-falimentar.
    Ainda bem que nós pernambucanos, somos mais espertos, porém, político é uma praga.

    Raimundo Nonato

    ResponderExcluir
  3. Visitei Salvador o ano passado, em janeiro, e pude constatar com o turismo na cidade está abandonado. Além da sujeira e falta informações os monumentos históricos estão sem conservação. O Pelorinho parecia que estava abandonado há muito tempo. É uma pena, não recomendo mais a ninguém passear em Salvador.
    Enquanto nossos políticos pensarem somente nos bolsos deles, não teremos segurança de forma alguma. Com o salário que um policial ganha , só mesmo um louco assume esta profissão extremamente perigosa. A diferença dos ganhos dos governantes em relação aos policias é descomunal.Não dá para ser policial no Brasil!

    Vanderlei

    ResponderExcluir