sexta-feira, 5 de julho de 2019

A CHEGADA DO INVERNO



A CHEGADA DO INVERNO

NOTA- TEXTO MELOSO, RECUPERADO DO BLOG TERRA, ESCRITO HÁ 12 ANOS.
NÃO RETRATA O INVERNO ATUAL, QUE SOMENTE HOJE COMEÇA A DAR AS CARAS NO RIO, QUE ATÉ ENTÃO ATRAVESSAVA UM AGRADÁVEL VERANICO.

José Roberto- 05/07/19



A CHEGADA DO INVERNO

Nossa querida cidade, antecipando as estações, mudou sua cara, travestindo-se com uma névoa cinza acompanhada de ventos arrepiantes e de uma garoa fina e fria.
Parece que fomos atingidos pelos “ares” de São Paulo, talvez castigados pelo ciúme que o nosso sol e praias despertam nos paulistanos, acostumados com a fumaça e a intensa neblina, que ofuscam o coração palpitante do motor do Brasil.
A paisagem mudou.
As cariocas com seu doce gingado desfilam pelos calçadões com excesso de roupas, escondendo sensualmente seus dorsos e pernas bronzeadas.
Nas ruas de Ipanema e Leblon cruzamos com pessoas mais apressadas, bem agasalhadas, com botas lustrosas recém saídas dos armários num desfile de cores e formas.
Chegamos até mesmo sentir de leve, o cheiro de naftalina.
É um espetáculo diferente, sem a natural “malemolência” das nossas maravilhosas mulheres que estão mais energizadas, num ritmo e compasso frenético, olhando vitrines, andando em busca do nada.
O mar, irritado com os ventos fortes se enche de fúria, invadindo as ruas e cobrindo-as de areia, mostrando todo o seu mau humor por ter sido desafiado por poucos e tresloucados surfistas.
Nas praias quase desertas, alem de alguns turistas inconformados, percebemos algumas gaivotas, ciscando na areia em busca do difícil alimento.
É muito estranho olhar as areias despidas daquela quantidade enorme de corpos jovens, fortes e queimados, numa demonstração languida de curvas, cores e matizes,  capaz de dar água na boca no mais puro dos franciscanos.
Na orla da Lagoa cujas águas estão turvas e escuras, as pessoas caminham  rápido pois o vento é inclemente. Até os poucos cães agasalhados com roupas esquisitas cheiram e marcam o terreno úmido, pouco  acostumados a essas estranhas intempéries.
O sol, tímido e fraco põe-se bem mais cedo, como se também tivesse pressa em encurtar esses dias macambúzios.
 Os poucos dias de inverno causam no Rio uma mudança radical, pois a absoluta maioria dos que vivem por aqui, são fiéis adeptos do calor, do culto ao corpo bem malhado e da inegável beleza da cidade e de suas mulheres maravilhosas.
O inverno ainda nem chegou e já estamos aguardando ansiosos o verão!

José Roberto- 02/05/07



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