terça-feira, 8 de novembro de 2016

"IN MEMORIAN"

‘IN MEMORIAM”

Este texto deveria ter sido escrito no dia posterior a “Finados”, lembrando dos amigos queridos que se foram tão prematuramente.
Por motivos alheios a minha vontade e outras atribulações, fiquei enrolado e sem tempo, pois escrevo apenas pela manhã, quando a cuca ainda está fresca, sem o peso das responsabilidades do dia a dia.
Dedico esses rabiscos exclusivamente aos amigos, porque os pais e sogros que zelam por nós “lá de cima”, são relembrados quase diariamente, pois como já disse algumas vezes, basta me olhar no espelho para lembrar do meu velho e querido pai, com quem fico mais parecido a medida que envelheço.
Finados tem o poder de reavivar em nossos corações a saudade doída daqueles amigos que nos fazem uma bruta falta, daqueles que eram especiais, irmãos por afinidade e afeto.
Com a melancolia dos velhos que se apegam as antigas lembranças, sinto um aperto no coração ao lembrar do nosso inseparável quarteto, desde os tempos do Colégio Dom Bosco, na Faculdade de Economia e na CESP.
Éramos um grupinho unido de pessoas tão diferentes.
Eu, falante e metido a valente, Norberto irriquieto e sagaz, Vande tímido e risonho e Bastião, o mais falador e contador de causos, o mais escrachado pelo grupo, pois dizíamos que sonhava  ser policial ou motorista de caminhão.
Da turma, apenas Vande não trabalhou na CESP, assumindo depois de formado, a administração da fabrica de vassouras da família.
Dentre todos, Norberto foi o mais chegado e o mais intimo. Conheci e me dei bem com seus pais, que chegaram ao absurdo de algumas vezes, solicitarem que lhe desse alguns conselhos.
Me comprometia a executar essa responsável tarefa, transmitida na brincadeira ao amigo, cujos pais ingenuamente acreditavam que não falava palavrões.
Quem conheceu Norberto, sabe que o danado era o campeão dos palavrões, talvez, só perdendo para outro colega de CESP, o veterano Tácio.
Todos eles partiram na flor da idade, Vande e Bastião por volta dos quarenta e Norberto, logo após se aposentar talvez com uns cinqüenta anos.
A imagem que guardo de todos, é deles jovens e sorrindo, pois realmente partiram demasiadamente cedo, e como diz o título de um livro espírita que não cheguei a ler por completo em minha juventude, “O Mortos Permanecem Jovens”.
Essas lembranças ressurgem com mais impacto porque vem de longe, de uma época distante, quando os sonhos povoavam nossos corações.
Tempos da ingenuidade, quando discutíamos as opções que se apresentavam, os caminhos que nos propúnhamos a seguir, pois eram tempos de mudança, o país ensaiava os primeiros passos em busca do desenvolvimento e tínhamos que participar dessa caminhada.
E assim posso afirmar, que da maneira peculiar de cada um, tivemos relativo sucesso, casando e constituindo famílias, que levarão adiante nossos genes.
Como o derradeiro representante desses “Três Mosqueteiros” que eram quatro, registro neste texto enxuto a minha saudade imensa e dolorida dos queridos parceiros, que não tiveram muita paciência, preferindo curtir a camaradagem nos cantinhos tranqüilos e aconchegantes do céu.

José Roberto- 08/11/16



Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto! Um dos mais emocionantes que você escreveu. Me fez lembrar de amigos que perdi ao longo do tempo, desde a minha infância, quando vivi em Minas Gerais.

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