sexta-feira, 19 de junho de 2015

AS DESVENTURAS AMOROSAS DO MEU FIEL ESCUDEIRO

A DESVENTURAS AMOROSAS DO MEU FIEL ESCUDEIRO

Pensei em escrever esse texto no dia dos namorados, porem, refletindo um pouco mais, resolvi postergá-lo, pois talvez não “caísse bem”, considerando que poderia ser mal interpretado por minha mulher e outras leitoras.
Afinal, dia dos namorados é para homenagear nossas namoradas, dar um afago no ego de nossas queridas companheiras, agradecê-las por nos agüentar e amar.
Vale todavia ressaltar, que Vick, meu fiel escudeiro, é membro efetivo da família, muito querido por todos, mas o leal companheiro não tem tido muita sorte nas questões amorosas.
Sua primeira namorada efetiva foi Belinha, uma Yorkshire temperamental que pertencia a Dona Gema, moradora de um prédio vizinho, que sabia detalhes da vida de todos os moradores de seu prédio.
Saíamos para passear com nossos cães sempre no mesmo horário, sentando na praça da macumba para um papo e muitas fofocas, enquanto Vick tentava se engraçar com Belinha.
Naquela época Vick estava na flor da idade, uns quatros anos e muito aceso, louco para perder a virgindade.
Belinha judiava do pobre coitado. Depois de permitir alguns agrados, arrepiava-se toda, latia e tentava morder o assanhado galã.
Ficaram nesse rola-rola durante uns dois ou três anos, até Dona Gema mudar-se para Itaipava. Vick ficou tristonho mas ao menos livrou-se dessa “empata foda”.
Nesse meio tempo, caiu nas graças do desajeitado galanteador, uma imensa e simpática Weimaraner chamada Giza, que tornou-se sua grande paixão, pois alem de lhe dar algumas lambidas molhadas, permitia que o pequeno Vick a cheirasse e explorasse sua barriga e outras partes, tranqüilamente, sem refugá-lo.
Vick ficava extremamente assanhado ao lado da “cadelona”, mas limitava-se ao esfrega-esfrega, algumas cheiradas mais ousadas e só, pois mal chegava nas canelas da bichona.
Essa paixão também durou pouco, pois a dona da cachorra logo sumiu de cena, levando consigo o objeto de desejos do azarado Vick.
Para contrabalançar tanto azar, mudou-se para o prédio ao lado um jovem e simpático casal, que por coincidência, tinha três Pugs, um macho e uma fêmea castrados e uma mocinha intacta, zero bala.
Nos encontramos passeando com nossos cães e Vick logo se interessou pela jovem cachorrinha que se chamava Mel.
Deve ter sido amor a primeira vista, pois Vick se desmanchava, fazendo agrados e peripécias para cortejar a jovem Mel.
Combinamos, eu e Michele, que providenciaríamos uma lua de mel para o casal virgem, assim que Mel entrasse no cio.
Finalmente chegou a ocasião esperada.
Como é praxe, Mel foi trazida para nosso apartamento, para que os namorados finalmente tivessem sua primeira noite, cruzassem e que Mel ficasse prenhe, nos agraciando com filhotes num futuro próximo.
Tinha absoluta certeza que Vick daria conta do recado, não negaria fogo,  pois devia ter um grande libido,  tal como o dono.
Depois de uma rápida conversa, após Michele se retirar, deixamos os dois fechados na cozinha para que na intimidade, chegassem as vias de fato.
Mel, sentindo a ausência da dona, começou a uivar longamente.
Vick, que estava todo assanhado tentando encontrar um jeito de cavalgar sua namorada, diante dos lamentosos uivos estacou, ficou assustado, perdeu todo o encanto, deixando Mel na cozinha e procurando nossa companhia.
Os uivos fizeram o pobre coitado brochar.
Tentamos juntá-los novamente mais algumas vezes, mas tanto um como a outra, não tinham mais ânimo para namorar, muito menos para perpetuar a espécie.
Deve ter sido uma experiência muito desgastante para o assanhado Vick, que desde então, encontrando com Mel em nossos passeios, não lhe dá a mínima confiança, preferindo cheirar o fiofó do macho castrado, ou dar umas fungadas na outra Pug, também castrada.
Vick perdeu o entusiasmo, não exercita mais seus ares de “Don Juan”, não dá mais muita atenção a outras cadelinhas, por mais jovens, engraçadinhas e ordinárias que sejam. Os infortúnios amorosos anteriores devem ter deixado sua marca.
Prefere direcionar seu “amor” a uma boneca(uma ursinha de pelúcia) que compramos há algum tempo.
Quase todos os dias, após o almoço ou jantar, Vick dedica-se a montar, morder e arrastar sua boneca pela sala de TV, ficando exausto, mas satisfeito, pois faz o que quer sem ouvir reclamações, uivos ou outros ruídos.
Meu fiel e valente escudeiro encontrou uma forma satisfatória de sublimar suas desventuras amorosas.
Virou-se do jeito que deu e que pode!

José Roberto- 19/06/15



Um comentário:

  1. Pois é, eu tive um caso quase que parecido. Tinha uma cachorinha linda que nunca aceitava um parceiro. Chegamos a levá-la até num canil da mesma raça. Não é que viajando para Juiz de Fora e visitando amigos em chacaras ela se engraçou toda. Lá tinha vários cães de diversas raças. Deixamos ela lá nos três dias que passamos lá. Ela que não estava no cio quando a deixamos na chacara ficou no cio. Em São Paulo teve quatro lindos filhotes. Só foi esta vez. C'est la vie!

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