sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

CARAVELAS 2014

 CARAVELAS 2014

Os meninos saíram de Itanhaém por volta da meia-noite.
Ficamos de nos encontrar no primeiro posto de gasolina localizado na Niterói-Manilha,  após as 6,00 da manhã, para ganhar tempo, pois até Caravelas restavam ainda mais de mil quilômetros a serem percorridos.
Antes das 6,30 horas, acenei para a comitiva que chegava britanicamente ao local combinado.
Eram três camionetas. Uma pilotada por meu sobrinho Ricardo Yellow, experiente capitão em navegação costeira e mergulho, tendo como acompanhante o internacional Mario Moreno, salvadorenho radicado em Piracicaba, campeão de mergulho livre da América Central, Caribe e vizinhança.
Outra, conduzida por outro sobrinho, Marcelo Fiote Preto, campeão de apnéia da baixada santista, Itanhaém, Iguape, Cananéia e Rezistro(com z), acompanhado de seu filho Digão, brilhante aluno da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, onde alem de esbanjar conhecimento, distribui simpatia e chamego as apetitosas colegas.
O terceiro veículo, ainda com o cheirinho de carro novo, era pilotado pelo sobrinho caçula, o reforçado e taludo Renato Dada, sem dúvida, o melhor mergulhador da turma, garantia da moqueca diária e ainda sobras, filetadas por seu acompanhante parlador, Carlinhos Explicadinho Peba, também conhecido por “barriga de peixe-cofre”, pois qualquer semelhança de sua pança com o citado “marisco” não é mera coincidência.
Após o reabastecimento das “naves”, assumi do comando da camioneta do meu sobrinho Dadá, que estava “soninho”, tendo como acompanhantes o internacional Mario Moreno e Carlinhos Peba, que aproveitou a viagem para treinar seu espanhol, “trocando idéias” a viagem toda com nosso amigo gringo.
Noves fora o bombardeio flatulento e odores pouco recomendáveis, oriundos da “troca de idéias” entre Mario e Carlinhos, alem das inúmeras obras mal planejadas na BR 101, que causaram um sensível atraso, chegamos a Caravelas por volta das 21,00 horas, a tempo de desfrutarmos de um ótimo jantar no Hotel Marina.
Antes de enfrentarmos o mar que se apresentava extremamente calmo, tivemos dois dias de descanso completo, visitando as feiras locais, saboreando água de coco, geladas servas, juntando forças e aumentando as barrigas, pois a comida do hotel alem de farta, era deliciosa.
Nas saídas ao mar, com a traineira reformada do barqueiro Val, constatamos que os pescadores de Caravelas estão realmente empenhados em acabar com a vida marinha da região, pescando indiscriminadamente todas as espécies, cercando os bancos de corais com redes nas marés de lua(os corais afloram), capturando todos tipos e tamanhos de peixes de forma altamente predatória.
Notamos que a cada ano, diminui sensivelmente a população de peixes, aumentando as extensões de corais mortos, que vão se transformando em regiões submersas praticamente desertas.
Mesmo assim, dada nossa “elevada categoria”, pois freqüentamos a região a mais de trinta anos, conseguimos matar alguns badejos respeitáveis, dentões de bom tamanho e budiões que garantiram as muquecas , ainda com algumas sobras, disputadas quase a tapa, aqui pelo Velho e pelo esganado Carlinhos Peixe Cofre.
Convém destacar as atuações memoráveis do internacional Mario Moreno, exímio matador de bocas de velha, cocorocas, salemas, e mini budioes, alem do iniciante Digão, o herói da ultima saída ao mar, garantindo com sua boa pontaria, os budiões para a moqueca e outros peixes nobres, fritos e degustados com voracidade pela turma(em especial pelo Velho, redator do texto).
O Capitão Yellow pouco mergulhou, dedicando-se a caprichar nas moquecas, que subiram de grau a cada dia, atingindo as raias da perfeição.
Eu, na condição de decano e veterano da turma, com reputação já firmada, mergulhei pouco, matando também pouco. Esmerei em contar e repetir as historias dos bons tempos, época em que enchíamos o barco em poucas horas de mergulho.
Quero deixar gravado, a atenção especial que recebi na viagem de ida, do amigo salvadorenho/brasileiro, Mario Moreno, que durante todo o trajeto me agraciou com balinhas, refrigerantes e outros apetitosos tira gostos.
Quase cheguei a ficar cismado com tamanha gentileza, pois como sou meio grosso, chego a estranhar os modos de uma pessoa tão educada. Yellow, meu sobrinho, confirmou essa faceta do amigo e colega Mario, por sinal, um dos melhores dentistas de Piracicaba(esse não veio de Cuba).
Brincadeiras a parte, foi uma semana memorável, correspondendo plenamente a expectativa de todos, pois alem de darmos um break nas preocupações do dia a dia, oxigenamos nossas mentes e corações, regressando fortalecidos e renovados, mais fortes e aptos para adentrarmos em nossas rotinas.
Esse encontro anual que se repete desde longa data, mesmo com alterações de alguns participantes, é um marco, um retiro espiritual, uma época de renovação de esperanças e fortalecimento das amizades.
A volta foi mais tranqüila, pois saímos as 20,00 horas, viajando toda a noite numa estrada tranqüila, com pouco trafego e sem interrupções devido as obras.
Chegamos ao Rio por volta da 9,30 onde desembarquei. O restante da turma aportou em Itanhaém, as l6,00 horas, um tanto quanto alquebrados.
A semana tão aguardada passou rapidamente.
Ficaram as lembranças agradáveis, as recordações das conversas intermináveis, das piadas, do convívio gostoso, assuntos a serem repassados e discutidos por muito, muito tempo.
Queimados pelo sol, com energia sobrando, já começamos a bolar os planos para o próximo ano.
A espera e a ansiedade começam a se instalar em nossos corações.
Difícil mesmo é não sentir saudades.

José Roberto- 31/01/14


ET- Carlinhos Peba agora só “habla castellano”, após interminável “troca de idéias” com Mario.

4 comentários:

  1. Caro Zé
    Parabens pelo relato e pela boa pescaria.
    Pedro Paulo

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  2. Pelo jeito, a farra foi muito boa.
    É uma pena saber que os pescadores de Caravelas estão depredando os recursos da região.
    Esquecem que estão cavando a própria ruína.

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  3. Muito boa a narrativa do encontro anual dos pescadores de "Caravelas". Acho bom vocês irem aproveitando bastante anualmente, pois chegará a hora que não haverá mais peixes. Uma Pena! Mas, conhecemos como o brasileiro preserva toda a nossa bela natureza. Gostaria até de participar de uma dessas expedições, ressaltando que minha participação seria somente nas cervejas, na gastronomia e na curtição das paisagens, nada de pescaria. Vanderlei

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  4. Parabéns amigo Gimael.

    Lembro muito bem quando estava trabalhando na Eletrobrás, que o Paternost fazia parte de sua equipe de pesca e era o responsável em comprar o peixe e segurar debaixo d água, para você alvejá-lo.

    Bons tempos amigo. Quanta saudade.

    Um grande abraço

    Valério

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