AVE LAETITIAE

AVE LAETITIAE

Com a tradicional saudação romana, anuncio ao mundo a chegada da minha primeira neta.

Talvez, por ter lido por tabela minha crônica de ontem, Letícia revirando no ventre da mãe, resolveu: “vou fazer uma surpresa para esse velho falador”.

Acelerou e diminuiu as batidas de seu forte coraçãozinho, sinalizando à obstetra, que a hora era chegada.

Uma pequena antecipação , pois sua chegada triunfal era aguardada para nove de agosto.

Ansiedade dos pais, preocupação dos avós e tios, corrida ao hospital e finalmente, as 19,15 horas do ultimo dia de julho, pouco a vontade num ambiente muito iluminado, Letícia adentrou em seu “Admirável Mundo Novo”.

Nem precisou ser apresentada ao pai e a mãe, pois já estava habituada aos dois, nadando tranqüila na placenta materna, recebendo afagos de mãos carinhosas através da barriga lisa e distendida, que como um casulo perfeito, agasalhou e abrigou tão gentil borboleta.

Com os olhinhos apertados, reconheceu e gravou a imagem dos pais, pronta para novas descobertas e apresentações.

Sensação estranha ao encarar os avós através das paredes de vidro do berçário.

Nos encarou fixamente, com seu pequenino rosto estampando curiosidade e um certo ar interrogativo.

Então são esses meus avós maternos?

Olhou com carinho especial para a avó derretida, agora com o coração leve, que se encantava com os lindos traços da netinha.

De viés, observava o avô, o velho falador e contador de prosa.

Esse é o meu avo Beto, sobre o qual já ouvi tanta coisa.

Vai ter que me contar muitas histórias, representando e imitando vozes, igualzinho como fez para minha mãe.

Nos encaramos e selamos definitivamente nosso pacto de amor eterno.

Sempre achei os recém nascidos muito semelhantes.

Brincava, dizendo que todos tinham a mesma carinha de joelho e que as feições e traços familiares só despontavam com o passar do tempo.

Essa conversa de imediatamente achar aquela “coisinha”, parecida com o pai ou a mãe era simplesmente a manifestação ansiosa de afeto.

Porem, dou o braço a torcer.

Como de costume, minhas observações estavam equivocadas.

Letícia tem traços do pai, mas é muito, mas muito parecida com o avô.

Faço essa afirmação de coração aberto, com total isenção, tocado instantaneamente por uma sabedoria “salomônica”(????).

Coincidência ou não, notei que hoje ao sair de casa, o intempestivo frio carioca havia diminuído e que o sol despontava brilhando com mais vigor.

Como um avô metido e orgulhoso, presumo ser indicações da natureza, dando as boas vindas a pequena Letícia.

Querida neta, seja bem vinda.

Espero que por um bom tempo, estejamos juntos nessa sua nova jornada.

José Roberto- 01/08/13