segunda-feira, 19 de julho de 2021

O CHORO DOS ARTISTAS DESMAMADOS


 

O CHORO DOS ARTISTAS DESMAMADOS

 

Com a peste chinesa amainando sua fúria, graças a vacina, a invermectina e ao melhor conhecimento da evolução e alcance da “praga” que veio de longe, aos poucos vão se restabelecendo no país as atividades culturais e esportivas, mesmo ainda com público reduzido e medidas adicionais de proteção.

Apesar do frio atípico, embora estejamos no inverno, nota-se um movimento maior nas praias, nas ruas, nos bares e restaurantes que sobreviveram a duras penas a desgraçada pandemia, percebemos que estamos voltando devagar a normalidade, que jamais será a mesma.

A classe artística, desmamada há quase dois anos, pressentindo chances e tentando voltar aos bons tempos de outrora, fustiga o Ministério da Cultura, alucinados em busca das sagradas tetas da generosa Lei Rouanet, que durante anos fez a alegria de artistas de primeira linha.

O espírito primordial da Lei Rouanet, alem de incentivar a arte de forma abrangente, deveria dar prioridade a artistas em início de carreira, pouco conhecidos e que tivessem potencial, justamente o que não aconteceu, pois os recursos sempre foram desviados aos medalhões, desvirtuando uma das razões básicas que deveriam nortear os patrocínios.

O que vimos ao longo do tempo, foram concessões de verbas vultuosas a artistas conhecidos, que em muitos casos desviaram parte dessas verbas para uso privado, nada tendo a ver com os projetos apresentados, ou seja, garfaram e se locupletaram com dinheiro público.

Alem dos inúmeros escândalos apontados pela mídia, muita grana foi direcionada a projetos estapafúrdios, esdrúxulos, sem justificativas plausíveis, tanto quanto ao alcance e ou necessidade financeira do solicitante.

Cito alguns exemplos, tais como milhões concedidos a Cláudia Leite; ao MC Guiné; a turnê dos Detonautas; as Declamações de Maria Betânia, que envergonhada devido a reação do público, desistiu da mamata; a Luan Santana e dezenas sertanejos milionários; e aos 10 milhões ao Cirque du Soleil, por um espetáculo, cuja entrada custava a bagatela de um salário mínimo.

Perdi totalmente o respeito por pessoas que admirava, artistas, escritores, cantores, que com as torneiras fechadas se amesquinharam, passando a execrar o governo e o gestores dessas verbas, antes fáceis, mas atualmente rígidas, sob nova direção moralizadora.

Aproveitando o momento conturbado que atravessa o país, esses desmamados que acreditavam que a moleza era perene, as voltas com as contas vencidas e boletos que não param de chegar, unem-se feito uma alcateia de hienas esfomeadas, torcendo pela queda do Presidente e retorno as deliciosas mamatas dos bons tempos petistas.

Tempos de corrupção, desvios e ataques aos cofres públicos, encetados por oportunistas de todos os setores, que se Deus quiser e o brasileiro tiver um mínimo de bom censo, jamais retornarão.

Mula é ladrão!

 

José Roberto- 19/07/21

 

 

2 comentários:

  1. A Lei Rouanet - que está em vigor desde 1991 - foi elaborada para fomentar as diferentes áreas culturais que carecem de fontes de financiamento, e não empresas de natureza exclusivamente comercial. Pois é, como no Brasil sempre se dá um jeitinho pra tudo. "Lei! Ora, a lei", como proferiu Getúlio Vargas. Pra que respeitar a lei. E o Desvirtuamento da Lei Rouanet chegou até ao Rock in Rio de 2013, que é um evento meramente comercial, e apesar do faturamento milionário, obteve do Ministério da Cultura autorização para captar R$ 12 milhões com base na Lei Rouanet. Então, fazer o quê?

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