terça-feira, 28 de janeiro de 2020

CARAVELAS 2020- PARTE 2



CARAVELAS 2020- PARTE 2

Encerrei o texto de ontem mencionando a radical transformação dos meninos tarados, Lucas e Gabriel Pinguelo, que devidamente catequizados retornarão a Itanhaém como exemplos sadios de nossa juventude, pensando inclusive em tornarem-se coroinhas.
Caso optem por esse caminho, repeti o conselho de meu velho pai que vem sendo transmitido de geração em geração: “Para traseira de burro e frente de padre nunca se deve dar as costas”.
Ao final de nossa estada, os galalaus já estavam tão bonzinhos, que brincaram e conviveram socialmente com “El Pentilhito” numa boa, independente da diferença de idade.
Dá boca suja de Gabriel Pinguelo deixaram de sair palavrões, apenas orações, pois o endiabrado foi realmente convertido com os sábios conselhos do titio Beto.
Tenho que mencionar a tradicional visita que fizemos ao “grande” mercado municipal de Caravelas, exemplo de higiene e limpeza, onde pode-se adquirir carnes de primeira, alem de uma grande variedade de produtos locais.
Meus sobrinhos, para experimentar, compraram uns 100 kg de farinha de mandioca, alegando como sempre a qualidade inigualável do produto, que eu particularmente jamais percebi a diferença.
Yellow como sempre, fez questão de comprar dúzias de caranguejos destinados a Mario Moreno que depois de limpos e congelados, serão degustados com a família em Piracicaba; comprou ainda com sádico prazer, algumas dúzias de guaiamuns, que os leva vivo para Itanhaém, onde após um período de engorda são consumidos pela família Barbi.
Acredito que tem o prazer de comprar os guaiamuns para encher o saco do tio, pois várias vezes os danados escapam e ficam andando pela camionete durante a viagem. Esclareço que não meu dou bem com caranguejos, siris e guaiamuns.
Já ressaltei os dotes culinários de Lucas Trator , que nos surpreendeu com sobremesas apetitosas; de Gabriel o genro n. 1, churrasqueiro de primeira e um corisco na arte de cortar legumes, bacon e outros acompanhamentos, me deixando com uma bruta inveja, pois apesar de tentar ser um cozinheiro razoável desde longa data, não chego aos pés do danado na aptidão dos cortes.
Todavia, relato com prazer um macarrão que fiz para deleite de todos.
A ideia inicial era fazer um fetuccini a gorgonzola, mas como não foi possível encontrar o queijo em Caravelas, optei por uma mistura de tudo que tínhamos em casa, a saber: bacon, presunto(o pouco que sobrou), ervilha, ovos, pimenta do reino, creme de leite e não lembro o que mais.
Posso afirmar que ficou uma delícia, pois até houve uma disputa para raspar a panela. O acepipe foi batizado de “Macarrão a Caravelas”. Tentarei repetir o grande feito no Rio.
De Ricardo não preciso falar ou escrever, pois o “Amarelo” é foda na cozinha, no mergulho, em limpar peixes, filetando como os mestres japoneses. Teve uns dias de folga, cedendo o espaço para metidos como eu e outros que já mencionei.
Mas ao invés de moquecas memoráveis, Yellow nos brindou com um feijão inigualável, manjar dos deuses, feito com ingredientes secretos que rejubilaram nosso paladar.
Infelizmente tudo que é bom dura pouco, chegando finalmente o dia da partida, antecipada devido as chuvas que vieram do sul e estacionaram na acolhedora cidade.
Marcelo e Digão, partiram na quarta, antecipando-se as chuvas e atendendo ao chamamento do dever(dentes a arrancar e futucar).
Mario Moreno, Renê El canadiano e Pentelhito partiram logo após o almoço, carregados de peixes e camarões comprados do atravessador Julio.
Logo após, a dupla de genros resolveu pegar a estrada, pois pelo que consta, Lucas Trator tem o pé pesado e não gosta de andar em comboios. Saiu zunindo.
Restaram apenas eu e Ricardo, e Renato Dada, Carlinhos Peba com sua barriga de baiacu ovado, e os convertidos Lucas e Gabriel Pinguelo.
Nossa saída estava prevista para as 15,00 horas.
Escaldado com os problemas intestinais e com a contaminação do banheiro do restaurante em Ibiraçu, tomei os cuidados necessários para evitar nova tragédia.
Azeitado pelo consumo elevado de pimenta, dei logo cedo duas belas cagadas, daquelas de mais de quilo. Antes da partida dei a terceira, que nada deixou a desejar as anteriores.
Tripas limpas e zeradas, após Ricardo fazer as últimas compras, camarão seco e catado de siri, finalmente partimos, para a viagem que viria a ser uma verdadeira odisséia.
Saímos por volta das 15,30 horas, com chuva mediana que iria nos acompanhar durante toda a viagem. Devo frisar que Ricardo, com sua tara por arrastar rabichos, resolveu de última hora a levar uma das lanchas de volta para Itanhaém. Esse Amarelo não tem jeito!
Puxando a fila, pusemos o pé na estrada, com a pista escura, molhada e com um bom movimento.
Depois de algumas horas Ricardo notou no celular, diversas chamadas não atendidas feitas por Renato. Conseguimos contato com dificuldade, pois a recepção no local era ruim. Peba ao telefone, pregou-nos um grande susto informando que tinham batido a camioneta.
Restabelecendo a ligação parados no acostamento, para nosso alívio ficamos sabendo que foi apenas um pequeno raspão, dado por um “barbeiro” que tentou uma ultrapassagem em local inadequado, fechando meu sobrinho para evitar o pior.
Aguardamos sua chegada, verificamos a insignificância dos danos e continuamos a viagem.
Alguns minutos depois cruzamos lentamente um posto da Polícia Federal que parou o carro do Renato vindo logo atrás do nosso, para inspeção.
Estacionamos um pouco a frente e ficamos acompanhando os eventos, pois o teimoso Dadá sempre carrega algo que não deveria, mas graças a presença dos meninos o guarda foi boa praça, olhando de leve as bugigangas e apetrechos de pesca na caçamba da camioneta.
Dadá confessou que ficou com as pernas bambas, quase se borrando de medo. Talvez agora aprenda e não persista nessa costumeira cagada.
Como desgraça pouca e bobagem, algum tempo depois Ricardo percebeu que um pneu da carreta havia furado, pois são inúmeras as lombadas ao longo do caminho. Por sorte estávamos próximos de um posto, onde chegamos com o pneu total estraçalhado.
Trocamos o pneu da carreta com alguma dificuldade, com Ricardo dando duro e eu solidário, apenas olhando.
Fomos ultrapassados por Renato que seguiu viagem, nos reencontrando na parada em Ibiraçu.
Temendo ser reconhecido, entrei de boné e cabeça abaixada evitando as câmeras de segurança. Tive sorte, pois a equipe de plantão devido ao horário, deveria ser outra e pude utilizar o mictório normal sem problemas, dando apenas uma grande mijada.
Seguindo viagem com chuva incessante, cansado, Ricardo, com algum receio, me passou o volante ao atingirmos trecho com pista dupla.
Dirigi apenas uns 5 minutos, pois com a chuva, asfalto escuro, centenas de olhos de gato, mesmo a 60 por hora era difícil. Quando notei estava dirigindo pelo acostamento e no mesmo instante, Ricardo completamente desperto e assustado, assumiu a direção do veículo.
Constatei, que com ou sem rabeta, a noite, com chuva, não dá mais para o velho lobo do mar.
Seguindo em frente após tantos imprevistos, chegamos ao Rio por Volta das 06,30 horas, pois dessa vez haveria entrega em domicilio.
Estacionando, Ricardo notou que a carreta estava inclinada, pois a mola do lado em que trocamos o pneu estava quebrada, gerando atrito do pneu com a madeira da carreta, só não estourando devido a chuva, que provavelmente evitava que o pneu superaquecesse.
Se não tivesse entregado “o pacote “ no Rio, Yellow teria tido sérios problemas, pois certamente ocorreria a pane na Dutra, sem estepe e sozinho.
Após acionar o pessoal do prédio para conseguir um soldador, saímos em busca de uma borracharia aberta, localizada a duras penas no Leme.
Com tudo finalmente nos conformes, Ricardo partiu com a obrigação de ir mantendo contato ao longo da viagem(540 Km).
Graças a Deus tudo correu bem nessa etapa derradeira.
Aos poucos fui monitorando e recebendo informações que todos chegaram bem.
Apesar dos contratempos foi uma boa semana, onde desopilamos nossos fígados, nossas mentes, recarregando as baterias para cada um enfrentar sua jornada.
Eu, para continuar coçando o saco.
Já ansioso, aguardo a próxima viagem à nossa querida Caravelas.

José Roberto- 28/01/19






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