quinta-feira, 26 de julho de 2018

LEILÃO DA CEPISA


LEILÃO DA CEPISA

O governo anuncia que hoje será realizado o leilão para privatização da Cepisa-Centrais Energéticas do Piauí, empresa carcomida por um passivo de bilhões, fruto de anos de administração caótica.
Até outubro/97 a Cepisa era uma empresa estadual, tendo sido incorporada pela Eletrobrás devido a péssima situação administrativa-financeira, deixando também a desejar na parte de confiabilidade técnica e no atendimento aos consumidores.
Nos últimos vinte anos, não sei se não apareceram interessados em assumir o controle da empresa, ou se a Eletrobras fez corpo mole, pois a Cepisa não deixou de continuar sendo um cabide de empregos e moeda de troca com os políticos da região.
Portando, a Cepisa continuou na mesma toada, acumulando prejuízos atrás de prejuízos, repassando os efeitos da péssima administração/corrupção aos consumidores através dos aumentos tarifários e um belo rescaldo à Eletrobras, pois a arrecadação mesmo com sucessivos aumentos, jamais conseguiu ser suficiente para cobrir os rombos da empresa.
A situação chegou a um ponto sem retorno, pois com a crise do governo federal o dinheiro anda curto para cobrir o buraco dessas estatais deficitárias, a exemplo de outras que estão na fila de espera para serem leiloadas, ou dadas de graça para algum maluco que se interessar(Ceron, Ceal, Eletroacre, Amazonas Energia e Boa Vista-Roraima).
Assim, esse primeiro leilão é um balão de ensaio, pois mesmo com o governo assumindo praticamente todas as dividas que beiram os 3 bilhões, não se percebe movimentos de grupos interessados para arrematar por um valor simbólico a caótica empresa.
Ano passado, o defict da Cepisa foi de 500 milhões. Apenas no primeiro trimestre de 2018 o prejuízo já beira os 240 milhões, o que prenuncia um déficit Record nesse exercício.
Para começar do zero, um eventual arrematador terá como primeira grande tarefa fazer o saneamento básico no quadro de pessoal, que custará um boa grana, alem dos problemas que poderão advir no futuro, com o passivo trabalhista da empresa.
Para ilustrar, recordo de um projeto que desenvolvemos no início dos anos 80, de reorganização do Departamento Comercial da Cepisa, com um sub-projeto de “Recadastramento de Terezinha”, pois implantar e faturar corretamente novos consumidores na periferia da cidade era missão impossível, tendo em vista que a numeração da prefeitura era falha e os roteiros para leitura dos medidores, totalmente inadequados.
Para auxiliar nos trabalhos de campo, sugerimos a contratação de 14 estagiários, estimando o tempo para conclusão em seis meses.
Para minha surpresa e do velho e finado amigo Paternost que coordenava o sub-projeto de recadastramento, a diretoria aprovou a “contratação de 140 estagiários, atendendo recomendação de técnicos da Eletrobras”.
Problema  apenas de um zerinho a mais, que no caso a direita, vale um bocado.
É obvio, que para o projeto apenas foram destacados os 14 solicitados, quanto aos restantes 126 ficaram por conta da casa.
Como as coisas andavam devagar, ao invés de 6 meses, o projeto levou mais de 3 anos e nem recordo se chegou a ser concluído.
Um pequeno exemplo da influência política nas empresas estatais, que perdura até hoje, pois o setor elétrico é dividido em feudos regionais, impossíveis de serem extirpados.
Mesmo bem “embrulhada”, a Cepisa é uma bomba de efeito retardado, a não ser que o governo de uma de mãezona, assumindo todo e qualquer tipo de dívida que venha eventualmente a surgir.

José Roberto- 26/07/18





Um comentário:

  1. Nós que trabalhamos, praticamente, todo o tempo nas áreas de distribuição de energia elétrica, sabemos que se a CEPISA fosse arrematada por R$1,00 já estaria cara demais. Espero que o Wilson, antigo colega de trabalho na CESP, consiga privatizar todas as distribuidoras (subsidiárias da Eletrobrás), que em 20 anos, acumulam prejuízos de R$ 22 bilhões.
    https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,em-20-anos-subsidiarias-da-eletrobras-acumulam-prejuizos-de-r-22-bilhoes,70002380993

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