sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

AS SETE VIDAS DO BEIJA-FLOR

AS SETE VIDAS DO BEIJA-FLOR

Nada a ver com a escola de samba que venceu o desfile deste ano no Rio, pois trata-se de um “causo” verídico que presenciei e documentei, sem exageros, pois é muito comum que pescadores e mergulhadores aumentem “um pouquinho” o sucesso de suas empreitadas.
Juro que vou relatar a verdade, nada mais que a verdade!!!
Na sexta-feira pré carnaval, a tarde, já devidamente instalado no hotel em Angra dos Reis onde passaria as festividades momísticas, estava eu na varanda do apartamento lendo e degustando um charuto, quando ouvi uma pancada na porta de vidro que separava o quarto da varanda.
Olhei e vi um beija-flor caído quase aos meus pés, totalmente imóvel.  Um pouco mais atrás , vi outro também no chão, mas que ainda mexia as perninhas de forma estoica e descontrolada.
Eram exatamente da mesma cor e tamanho e deviam estar brigando, voando feito alucinados até se chocar com o vidro, que provavelmente refletia a vegetação da área.
Quem já viu alguma briga de beija-flor, sabe a velocidade incrível que atingem durante a disputa e perseguição. Eu já vi muitas, pois até pouco tempo, na varanda do nosso apartamento no Rio, tinha uma desses bebedouros imitando flor, cheios de água com açúcar , onde um danadinho sempre dava uma de posseiro e dono do pedaço, expulsando eventuais concorrentes, inclusive pássaros maiores como sebinhos e sanhaços.
Como já havia dito, um não dava qualquer sintoma de vida e o outro(a esquerda) tremia estrebuchando.
Juntei os dois para a foto e condoído, até pensei em abreviar o sofrimento do estrebuchante, mas resolvi aguardar mais um pouco.
De repente, o beija-flor que pensei estar morto, levantou-se e saiu voando feito um foguete. O danado me enganou totalmente, pois devia ter apenas desmaiado com o choque, se recuperando “na moita” e escafedendo-se a jato.
O outro, continuava a tremer, mas alguns minutos após, endireitou o corpo com as asinhas meio abertas, ficando imóvel durante mais um longo período.
Acompanhava e torcia para o “bichinho” se recuperar, o que levou mais uns dez minutos.
Ao contrario do parceiro ou algoz, iniciou uma decolagem meio indecisa, indo novamente em direção ao vidro, mas recuando a tempo e voando ainda meio zonzo para uma árvore próxima.
Os danadinhos provaram que realmente são fortes, que talvez como os gatos, tenham umas seis ou sete vidas, pois a pancada deixou até uma pequena marca no vidro.
Por pouco não liquidei os pequeninos, pois ameacei acabar com o sofrimento de um e jogá-los no lixo.
Essa boa ação e o fato de ter pensado duas vezes antes de auxiliar na eutanásia dos “bichinhos”, deve-se a minha consciência pesada, e ao remorso por ter matados tantos passarinhos na minha infância, pois era um ás no estilingue.
Na época, no interior, ser bom no estilingue era um grande handicap para “contar prosa”  e ser o “tal” entre a meninada.
Hoje, me arrependo dos feitos de outrora, tentando compensar os danos causados a natureza.
Ainda bem que essa história teve um final feliz, pois dei uma de São Francisco, ajudando  na recuperação  dos passarinhos.

José Roberto- 16/02/18




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