terça-feira, 22 de agosto de 2017

DIREITO AO ESQUECIMENTO

DIREITO AO ESQUECIMENTO

Como se já não bastasse o fato de sermos um povo desmemoriado, esquecendo as barbaridades cometidas por nossos políticos ao longo dos anos, voltando a acreditar nas promessas dessas velhas raposas sufragando-as nas urnas; querem agora transformar um fato que ocorre normalmente em lei, obrigando-nos a esquecer o passado.
O assunto veio a tona devido a duas reportagens da TV Globo.
A primeira tratava do covarde assassinato de Aída Cury, uma jovem de 18 anos, agredida e estuprada por dois ricos playboys da época(1958),(Ronaldo Castro e Cássio Murilo) que auxiliados por um porteiro (Antonio Souza)fizeram o diabo com a moça, jogando-a do terraço do prédio para simular suicídio.
Recordo perfeitamente desse caso noticiado com destaque pela revista “O Cruzeiro”, mostrando a farsa que foi o julgamento dos réus após a descoberta do crime, principalmente pelo fato de Ronaldo pertencer a tradicional família capixaba, que morava e fingia estudar no Rio.
Tanto Ronaldo como Cássio Murilo já tinham maus antecedentes, com expulsões de escolas e passagens pela polícia, com tentativas de agressões sexuais a estudantes e roubo de carros.
O outro caso foi a Chacina da Candelária(1993), uma reportagem da Globo sobre o assunto, anos depois, mencionando o nome dos policiais envolvidos, originando um processo contra a emissora pois todos foram absolvidos.
Os dois assuntos chegaram ao STJ que julgou procedente o pedido dos parentes de Aida Cury, proibindo a globo de realizar a reportagem e proibindo também a emissora de mencionar o nome dos policiais envolvidos na chacina da Candelária, num flagrante desrespeito a liberdade imprensa e de informação.
Acredito que o assunto voltou a baila por interesse dos políticos e corruptos de plantão, fustigados pelo Lava-Jato, que graças a morosidade do STF conseguem que seus processos caduquem por decurso de prazo, e dessa forma querem que seus crimes passados sejam “ condenados obrigatoriamente ao esquecimento”.
Estranho e ver pessoas que ocupam altos cargos perder tempo com essa aberração, como a Ministra Carmen Lúcia, Presidente do STF, que deveria se empenhar em acelerar as centenas de casos pendentes no Supremo, evitando que corruptos notórios fiquem isentos de penas mais que merecidas.
Nossas leis permitem aos que se julgarem ofendidos com reportagens ou quaisquer outros meios, recorrer ao tribunais solicitando a devida reparação.
O direito ao esquecimento é uma bizarrice, só mesmo possível num pais que não é sério e que finge ser democrático.
Como apropriadamente disse Pedro Malan: “ No Brasil, até o passado é incerto”


José Roberto- 22/08/17

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