terça-feira, 20 de setembro de 2016

OS RECALQUES SECRETOS DO ZÉ

NOTA- ESCREVI ESSE TEXTO SATÍRICO HÁ POUCO MAIS DE OITO ANOS. OBSERVEM COMO FUI PREVIDENTE. JÁ ANTEVIA OS ESCÂNDALOS QUE QUEBRARIAM O PAÍS. PENA QUE NÃO TENHO ESSA MESMA ANTEVISÃO PARA ACERTAR NO MILHAR OU NA MEGA-SENA.
TEXTO RECUPERADO DO BLOG TERRA OPINIAODOZE.

José Roberto- 20/09/16




OS RECALQUES SECRETO DO ZÉ

Fazendo um exame de consciência desses sessenta anos bem vividos(a duras penas), percebo que deixei passar oportunidades que hoje valeriam ouro.
No balanço geral de perdas e ganhos até que tive sucesso relativo, conseguindo um posto na classe média nacional, que se não é dos piores, poderia ser bem melhor.
No Brasil atual, globalizado e moderno, princípios que antigamente eram primordiais e transmitidos de pai para filho ficaram fora de moda. Honestidade, honra, ética e moral, valem muito pouco nos dias atuais, substituídos por oportunismo, esperteza, vilania e puxa-saquismo.
Faço portanto um “mea culpa” das oportunidades que por estrabismo deixei passar, sobre as quais curto uma secreta dor de cotovelo.
Primeiro furo: faltou-me a sensibilidade para ingressar num partido político, em especial no PT ou PMDB(partido da boquinha), pois hoje alem de aposentado da Eletrobrás, poderia ser um desses diretores que caem de pára-quedas , sem nunca ter ouvido falar em tensão, corrente e Kwh. Tive um subordinado, incompetente porém esperto. O danado adorava fazer rolo com diárias e adiantamento para viagens, me obrigando a estar sempre de olho em suas prestações de conta. Anos depois veio a ser o presidente da nossa Fundação, que administra um patrimônio de milhões. Só fico imaginando o que esse cara aprontou. Espero que a Fundação não quebre, pelo menos enquanto eu viver, garantindo minha complementação salarial, que é mixuruca, mas quebra o galho.
Segundo furo: me arrependo amargamente de nunca ter gostado de dirigentes sindicais e de não ter sido um deles. Estaria hoje nadando de braçadas, ou sendo um pelego desonesto metendo a mão nas verbas do imposto sindical, ou diretor de alguma estatal, em especial da Petrobrás, refúgio de camaradas petistas e sindicalistas, que não querem saber do trabalho, mas adoram um contracheque gordo. E bota gordo nisso!
Terceiro furo: caso tivesse preenchido qualquer um dos requisitos anteriores, poderia ser um super assessor em Brasília, tipo DAS 1000000, com casa. comida(no amplo sentido) e carro custeado pelo governo, usufruindo como tantos do dinheiro extorquido da plebe ignara. Mas o melhor mesmo seria desfrutar da maravilhas oferecidas pelo bendito cartão corporativo. Esse sim me mata de inveja. Logicamente todas os meus gastos seriam confidenciais, segredos de estado, iguais ao do “Nosso Guia. Iria botar para quebrar sem qualquer remorso, por sinal palavra abolida dos dicionários da capital federal.
Quarto furo: lamento não ter dito durante os anos de repressão, qualquer palavra que me custasse uma reprimenda ou um dia de “cana”. Porém tenho um forte argumento que talvez seja considerado pela receptiva e pródiga Comissão de Anistia. Junto com um grande amigo de infância, visitei diversas vezes na cadeia pública de Piracicaba, seu pai, que passou um seis meses no xilindró, após o golpe militar,  sem saber por qual motivo. Acho que esse fato já me credencia a pleitear junto a bondosa Comissão, a grana para reparar os abalos psicológicos sofridos na mocidade, presenciando o sofrimento e ansiedade do meu amigo. Não quero muito, pois não sou nenhum esganado. A exemplo de Cony, Ziraldo e Jaguar me contento com um milhãozinho de atrasados e uns quatro mil por mês para ajudar nos leite das crianças(hoje marmanjos), que  dão uma despesa danada, pois formados, ao invés de  casarem e cuidarem das próprias vidas, continuam mamando nas tetas do velho e cansado pai(geração canguru, vivem na bolsa da mãe e no bolso do pai).
Como podem ver, não sou pretensioso.
Me contentaria com muito pouco.
Deixei o bonde passar e não peguei a rabeira.

José Roberto- 11/04/08


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