sexta-feira, 2 de setembro de 2016

O DEDO CERTEIRO DO DIABO




 
O DEDO CERTEIRO DO DIABO

Nem sei como consegui escrever o texto de ontem, depois de uma noite insone atormentada por pesadelos.
Normalmente desperto assustado, agradeço a Deus por aquele sofrimento ter sido um sonho e volto a dormir, sempre de forma entrecortada, esquecendo totalmente o teor do sonho.
Na manhã seguinte lembro apenas que foi um pesadelo, com raras exceções.
A lembrança de ontem é que por alguma razão, raivoso, esmurrava seguidamente o nariz de uma pessoa sentada atrás de uma escrivaninha, sem que o agredido esboçasse qualquer reação.
Fiquei encucado com minha atitude agressiva, mesmo num pesadelo, pois embora não seja nenhum santo e já tenha distribuído algumas porradas pela vida, jamais bati em alguém que não reagisse.
Refletindo melhor, cheguei a conclusão que o ato tresloucado do meu sonho, só poderia ser uma reação ao martírio que me aguardava.
Nada a ver com Dona Dilma, Mula e esses políticos corruptos de merda que foderam o país, mas sim, com o pavor da consulta marcada para as 11,00 horas com Dr. Kededo, a broca assassina.
Depois de muitos protelamentos não haveria escapatória.
A hora da suprema humilhação estava chegando.
Enrolei o ano passado, deixando de um mês para o outro, escapando do dedo libidinoso do meu urologista, mas, como quem tem fiofó tem medo, apesar do meu PSA estar baixo, fui obrigado a escutar a voz da razão.
Ainda bem que não havia ninguém na sala de espera, sendo eu a próxima vitima, alem daquela que gemia na sala ao lado, cujos uivos, mesmo com as portas cerradas chegavam a meus ouvidos.
A perversa atendente, examinando minha ficha observou sorridente; “Não apareceu o ano passado hemmmm....”
Não me dignei a responder, pagando antecipadamente a consulta e exigindo recibo.
É o fim da picada. Pagar para ser humilhado e escarafunchado nas partes baixas!!!
Eis que de repente a porta do inferno se abriu, e um sujeito acompanhado pelo médico saiu cabisbaixo,  de pernas meio abertas e mancando, sem dirigir qualquer cumprimento a mim e a secretária.
Dr. Kededo feliz e sorridente convidou-me  a entrar na sala de torturas.
O danado lembra muito bem mim ou do meu fiofó, pois recordou que eu gostava de tênis, comentando os jogos que estão ocorrendo no Aberto dos Estados Unidos.
Analisando meus exames de sangue, PSA, ultrassonografia da próstata e abdome, verificou que tudo estava nos conformes, criticando apenas o fato de eu não tê-lo visitado o ano passado.
Inventei uma desculpa qualquer e o danado continuava falando, dando a entender que se deliciava em prorrogar meu sofrimento.
Não sei por qual cargas d’água mudou a conversa para vinhos, reclamando dos altos preços de um de sua preferência.
Distraidamente, cheguei até a comentar sobre um que gosto mais compro raramente, pois é meio dispendioso para meu bolso.
Sem mais nem menos, o tarado me convida a baixar as calças, pedindo para que deitasse na mesa que estava num canto de sua imensa sala.
Ainda bem que deitei de barriga para cima, pois mesmo naquela posição horrível, com as pernas arreganhadas e o breoco totalmente exposto, poderia ver se era mesmo o dedo que seria introduzido em minhas entranhas.
Não faria esse exame de costas em hipótese alguma.
Humilhação tem limites, vá lá que o danado se anime e tente lhe perfurar com outro “instrumento” ao invés do dedo?
Ao ouvir a palavra “relaxa”, travei o fiofó e o estupro foi altamente doloroso.
Parecia que o sacana estava se vingando por eu não ter aparecido o ano passado.
Apertava a esquerda, a direita, rodava o dedão, pouco se importando com meus urros de dor, comentando que apesar de dilatada, normal para a idade, minha próstata estava tinindo.
Foram alguns segundos de sofrimento que pareceram horas.
Prometi voltar ano que vem sem falta, mas até lá muita água vai rolar, pois ficarei rezando para descobrirem algum novo exame, acabando de vez com esse vexame ignominioso.
Saí do consultório cabisbaixo, sem olhar para ninguém.
Os poucos metros até o Metrô foram sofridos, pois da cintura para baixo estava todo doído, cada passo era uma ferroada.
Passei a tarde em repouso, cochilando a custa de algumas novalginas.
A terceira idade é foda!
Alem da preocupação com o porra do alemão(alzeheimer), temos que nos submeter a essa escavação reto-furicular anual(com duplo sentido).
Fico arrepiado de pensar que tem gente que gosta!

José Roberto- 02/09/16




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