segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

CARAVELAS 2016

CARAVELAS 2016

Depois de ter falhado o ano passado, a segunda vez em 35 anos, finalmente chegou o dia tão esperado.
Encontrei com a turma no primeiro posto de combustível na Nieterói-Manilha, onde me aguardavam há alguns minutos.
Chefiando a troupe, o Capitão Ricardo Yellow com seu jipão Land Rover, barulhento  e sem ar condicionado, tinha como contra-mestre o mímíco detalhista  Carlinhos, Peba, dono de uma invejável barriga, a lá “baiacu de espinhos”.
Numa segunda camioneta, pilotada por Marcelo Fiote Preto(digo afro-brasileiro), estavam também seu filho Rodrigo(Digão), novo e ótimo dentista no pedaço e salvador da pátria, que garantiu nossas moquecas, alem do campeão de mergulho do Caribe e adjacências, o brasileiro salvadorenho Mario Moreno, o terror dos mares, o homem que assusta budiões com seu grande o poderoso arbalete de 30 cm,  assassino impiedoso de parus cagões.
O velho escriba e lobo do mar aposentado, se instalou na rabeira, num pequeno carro alugado pelo novato Tony, um ítalo-suiço-franco-alemão e brasileiro quase nato, pois passa três meses do ano em Mongaguá, mais conhecida como o piniquinho do mundo. O terceiro, também novato, Marquinhos, que viria a se revelar o rei das caipirinhas, também  de Mongaguá, onde atua soberano como o rei do mármore e granito, alem de dominar o mercado de vidro de espelhos de toda a região.
Depois das devidas e calorosas apresentações, abraços nos sobrinhos e amigos queridos, iniciamos nossa heróica e longa viagem, normalmente agradável, mas dessa vez, com chuva forte, realmente uma peripécia aventureira e perigosa.
Pilotando o resfolegante carrinho com destreza, o hábil e corajoso piloto internacional Tony, respeitando os limites de velocidade exigidos por lei e pela razão, conduziu nossa máquina com segurança na incrível velocidade entre 40 e 70 km/hora, obrigando o resto da turma a nos esperar um bocado, nos pontos de encontro pré determinados, por quase uma hora a cada parada.
Foi uma longa e dura viagem, com chuva forte e incessante que nos acompanhou até Caravelas.
Dirigi apenas os derradeiros 120 km, tentando reduzir a distância até os líderes, porem sem sucesso.
Chegamos inteiros e cansados, na manhã de domingo a nossa bela e tranqüila Pousada.
Após um primeiro dia de aclimatação e descanso, ainda com o tempo chuvoso, saímos para o mar, para nosso primeiro mergulho nos corais, em águas que não apresentavam boa visibilidade.
Fora de forma, pois não mergulhava desde longa data, após aproximadamente duas horas correndo atrás de pequenos budiões, retornei ao barco cansado, com uma fieira de fazer vergonha a qualquer iniciante de caça submarina.
Encerrei meu primeiro dia de mergulhos, preferindo ficar degustando as caipirinhas de caju, preparadas com esmero pelo novato Marquinhos, que apenas deu uma leve molhada no fiofó, preferindo dedicar-se a sua especialidade, bebendo e servindo os amigos a vontade.
E bota vontade, pois alem de tomar muitas, cheguei segundo dizem, a comer saximi, prato cru que abomino. Mas como gosto de bêbado não é confiável, fico na dúvida se comi ou não.
Meu sobrinho, o Capitão Ricardo Yellow, também manguaçado, não se recorda de nada  sobre o ocorrido.
Prefiro ficar na dúvida, considerar intriga da oposição, mantendo meu status quo de detestador de saximi.
De uma coisa tenho certeza. Fui o mais esganado e comilão do barco, mandando para o buxo quantidades intermináveis de peixes fritos e pratos de moqueca, preparadas com todo esmero pelo sobrinho Yellow.
O jantar da pousada era ótimo, mas de barrigão cheio, comia pouco, reservando meu apetite para os peixes do dia seguinte.
Todos devoravam com aguerrimento os suculentos pratos escolhidos, mas Carlinhos Peba sem dúvida, era o limpa trilho da turma, raspando seu prato e as sobras dos vizinhos, haja vista que tinha um barrigão para manter em forma.
O mais comedido dentre todos, como sempre foi meu sobrinho Marcelo( ex-MMG), parcimonioso em todos os aspectos.
Toni, nosso multi-nacional e poliglota companheiro, nos brindou com suas histórias, vividas em cinco paises nos quais passou boa parte de sua frutuosa vida.
Marquinhos, o mongaguense palrador, nos entupiu com seus longos casos, detalhados e pitorescos, partilhados de comédia e suspense, sobre sua longa trajetória profissional. É uma grande e incomparável figura.
Não posso deixar de mencionar um querido e velho amigo, sobrinho por afinidade, o terrível Mario Moreno, o “trocador de idéias”, cuja missão secreta parece ter a finalidade de extinguir os parus cagões da região de Caravelas, já que os cobiçados budiões, estão sendo extintos pelos próprios mergulhadores locais.
Mario e seu canhão de 30 cm não perdoam, matam, inclusive bocas de velha, sargentos e budiões batatas anões. O homem é um azougue!
O demais dias de mergulhos foram fracos, salvos pela juventude do sobrinho-neto Digão, que alem de matar invariavelmente os maiores peixes, inclusive um badejo de 12 kg, que me deixou com uma baita inveja, garantiu a moqueca de cada dia.
Ricardo que garantia os regabofes, nem chegou a molhar o saco, Marquinhos preparava as caipirinhas, Toni jogava conversa fora, eu mergulhei pouco, matei pouquíssimo e bebi alem da conta.
Carlinhos Peba, escutava e gesticulava acompanhando os casos contados por Toni. Também não matou quase nada, devido a carestia de peixes e a preguiça de molhar o barrigão.
Marcelo, o ponderado, acompanhava tudo com maestria, dando a necessária segurança aos paus d’água a bordo.
Foi uma grande farra, ingênua, inocente, dias agradáveis em que as preocupações foram postas de lado, todos se dedicando apenas a dizer besteiras, contar piadas, esquecendo as agruras do dia a dia.
Pena que esses dias passam rápidos, quando percebemos, está na hora de partir.
Compras locais concluídas, com meus sobrinhos comprando inacreditáveis 80 kg de farinha de mandioca, alguns quilos de bijus preparados no capricho com moscas varejeiras e carne de siri,também manuseada com a mesma higiene, com moscas de varias espécies, estávamos prontos para a partida.
Saímos ao anoitecer, atravessando a noite numa longa e tranqüila viagem.
Fui o primeiro a deixar a troupe, ficando no Rio, pois o restante ainda teria uma boa esticada, até Itanhaém.
Ricardo, meu sobrinho, confirmou que chegaram todos bem.
Mais uma jornada bem sucedida para recordar, novos amigos, velhas amizades reforçadas, laços de parentesco estreitados, poucos peixes, mas muita alegria.
Um ano pela frente, para lembrar e pensar em Caravelhas 2017, onde se Deus quiser, estaremos juntos novamente.

José Roberto- 01/02/16









5 comentários:

  1. Um grande abraço velho amigo e bem-vindo de volta à luta! Melhores companhias seriam impossíveis, a julgar pelos sobrinhos (e até sobrinho neto) que compuseram a "troupe" e, se novos componentes foram agregados é, sem dúvida, por suas qualidades como pessoas e como companheiros. Que muitas outras dessas jornadas ainda lhes estejam reservadas
    Luizinho.

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    1. É SEMPRE BOM SABER QUE O VELHO E QUERIDO LUIZINHO ESTÁ SEMPRE A POSTOS, PARA LER, COMENTAR E COMPLEMENTAR COM MAESTRIA MEUS CANHESTROS TEXTOS.
      UMA ABRAÇÃO.
      ZE(GIGI)

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  2. A cada ano que leio seus textos sobre as maravilhosas viagens a Caravelas, fico babando de inveja. Qualquer dia me apresento para fazer parte dessa turma tão especial.
    Abraços
    Pedro paulo

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  3. Pelo relato a viagem e as aventuras em Caravelas foram excelentes. É para isso é que estamos vivos, parabéns! Com certeza todos voltaram rejuvenescidos. Deu água na boca pelas bebidas, comidas e tudo mais. Um dia ainda vou numa dessas.

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  4. Zé em cada parágrafo consigo ver exatamente o que está acontecendo...kkkkkkk. Já fui bom nisso!!!
    Parabéns pelo artigo.
    Grande abraço.

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