segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

FUTEBOL, UM (BOM) NEGÓCIO

 FUTEBOL, UM (BOM) NEGÓCIO

Voltando do batismo carnavalesco de minha neta, no sábado pela manhã, observei dois meninos que treinavam intensivamente numa das quadras de esportes do Parque da Lagoa.
Os pais, de boa aparência, assistiam um instrutor, dar ordens incessantes ao dois pequenos, que davam o máximo para cumprir as orientações recebidas.
Dei uma parada e fiquei olhando o esforço dos meninos, incentivados pelos pais, saltitando sobre arcos, alternando com corridas em zigue-zague , contornando cones distribuídos ao longo da quadra.
Um dos meninos não devia ter mais que cinco anos, o outro, talvez, uns sete.
Pais investindo no futuro dos filhos, transformando aquilo que deveria ser prazer em obrigação, considerando principalmente a baixa idade das crianças.
Como nosso apartamento fica defronte ao Parque, tenho observado essa atividade intensa com jovens que se submetem a treinamentos estafantes, acompanhados e supervisionados por “instrutores”, preparando nossa futura geração de craques.
Craques uma ova, pois sem espontaneidade e criatividade, transformam-se em robôs, super atletas, que correm atrás da bola como autômatos, sem a magia dos craques de antigamente.
Os contratos fabulosos tais como o de Neymar com o Barcelona, instigam pais a apostarem todas suas fichas nas carreiras dos filhos, submetendo-os a treinamentos excessivos, sob orientação de pessoas pouco qualificadas que apenas se preocupam com a condição física.
O futebol sempre foi uma coisa intuitiva para os brasileiros, praticado nos mais diversos locais onde houvesse espaço suficiente, de forma alegre, gaiata e competitiva, onde era realçada a habilidade natural dos jogadores.
Ao menos na infância, era assim que jogávamos futebol, sem treinadores, sem treinamentos físicos, apenas correndo atrás da bola e aprimorando nossas qualidades.
Foi dessa forma que surgiram muitos craques.
Basta compararmos o numero de bons jogadores que existiam no clubes, nas décadas de 60 e 70, antes de surgirem esse malditos olheiros e o futebol ser inflacionado por empresários e dirigentes picaretas.
Na época áurea do Santos de Pelé, Coutinho, Pepe, time completo de cobras, o Palmeiras também era um timaço, com Ademir da Guia, Djalma Santos e muitos outros.
No Rio, o Botafogo era uma verdadeira seleção, os demais também eram equipes de respeito.
O trabalho do técnico para formar nossa seleção era dos mais ingratos, dado o número de ótimos jogadores que existiam para as diversas posições.
Hoje a situação é inversa.
Temos ótimos atletas, musculosos e velozes, mas incapazes de fazer um passe  a mais de cinco metros.
Cabeças de bagre que partem pela lateral do campo feito um “puro sangue”, mas não sabem cruzar uma bola, despachando foguetes pela linha de fundo.
Todavia, qualquer desses “galos cegos” recebem boladas de fazer inveja a médicos, engenheiros e outros profissionais que labutam duramente.
Esse é um dos motivos da pobreza técnica atual do nosso futebol, que copiando modelos dos disciplinados europeus, degradou a qualidade dos nossos jogadores, que hoje são apenas bons “atletas”.
Neymar, é hoje uma das raras exceções.
Mas como a grana é alta, jogador de futebol tornou-se profissão das mais cobiçadas, sonho dos pobres e da classe média.
A tendência é de vermos no futuro, velocistas musculosos correndo atrás de uma bola muito colorida, tornando nosso futebol muito parecido com o futebol americano ou o rubgy, onde ao invés da arte, prevalece a força bruta.

José Roberto- 17/02/14




2 comentários:

  1. É por isso que a molecada futebolista atual só se refere ao técnico como "professor", como faz o "cabeça de bagre" Alexandre Pato, egresso de "escolinha de futebol".
    Luizinho.

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  2. Futebol está tão chato, em especial os jogos dos nossos campeonatos, que me recuso a assistir essas peladas.
    Sinto como você, saudades quando existiam verdadeiros craques e não cabeças de bagres que adoram "crack"

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