terça-feira, 11 de setembro de 2012

A ALEMANHA QUE EU VI


A ALEMANHA QUE EU VI

 

A primeira vez que cruzamos a Alemanha foi em maio/88, antes da reunificação.

Viajávamos de carro pelas maravilhosas auto-estradas do lado ocidental, nas quais não havia limite de velocidade e os carros passavam voando, humilhando nossos 140 ou 150 por hora.

Pernoitamos em diversas cidades, grandes e pequenas, espantados com a ordem, limpeza das ruas e com os preços da comida e demais artigos, bem superiores aos nossos.

Por todos os cantos dava para sentir a pujança do país, contrastando com o lado oriental, manietado pela burocracia soviética.

Na segunda visita, estivemos apenas em Berlin, poucos anos após a queda do muro, ocorrida em outubro de 1989.

A cidade havia se transformado num imenso canteiro de obras, investindo firme na recuperação dos locais e monumentos históricos, tentando minimizar os estragos causados pela guerra e pela horrível arquitetura bolchevista, impregnada de “caixotes” cinzas de péssimo gosto.

A unificação da Alemanha Ocidental evoluída, com uma Alemanha Oriental atrasada em todos os aspectos, cobraria um ônus significativo, exigindo um esforço extra dos irmãos ricos, para propiciar a readaptação e melhoria do padrão de vida dos antigos moradores da RDA(DDR).

O exemplo mais típico e motivo de galhofa mundial, eram os “poderosos” Trabants, o único carro produzido no lado oriental, abandonado por todos que conseguiam cruzar o muro, e jogados no ferro velho após a reunificação.

Nessa terceira visita ao pulmão da Europa e baluarte principal da zona do euro, numa excursão, visitamos rapidamente de norte a sul, a principais cidades, observando que a Alemanha continua forte, limpa, com ótimas estradas, mas deu para notar algumas pequenas diferenças.

O enorme custo da reunificação deve ter cobrado seu tributo, para realocar e dar emprego à aproximadamente 17 milhões de alemães orientais, que viviam pendurados numa imensa burocracia estatal, custeada pela antiga União Soviética.

As estradas continuam perfeitas, mas atualmente estão sujeitas aos limites de velocidade, controlada por radares fixos e patrulheiros, seguindo a cartilha que bem conhecemos, obviamente muito mais séria e eficiente.

Sentimos que o povo está mais aberto e receptivo aos milhares de turistas, atraídos pelas belezas naturais, castelos, igrejas e monumentos que fazem parte da historia mundial.

Deu para sentir que as dificuldades internas aumentaram, reflexos da crise mundial, dos problemas da zona do euro e conforme dito anteriormente, do elevado ônus despendido com a integração.

Observei, no centro de Munique, esperando por minha mulher que garimpava ofertas numa loja de departamentos, que em 15 minutos, o recipiente de lixo que estava a meu lado, foi visitado e vasculhado por nada menos que 11 pessoas, a maioria bem vestidas, procurando latas, garrafas plásticas e quem sabe, restos de comida.

Evidências de que nem tudo anda as mil maravilhas no portentoso país germânico.

Outro fato que chamou a atenção, foi o preço convidativo dos restaurantes, bem abaixo dos praticados no eixo Rio/São Paulo.

Pudemos comer e beber muito bem, pela metade do preço que pagaríamos em restaurantes similares aqui no Brasil.

Difícil entender como uma cerveja de trigo, que custa 0,85 centavos de euro num supermercado alemão, custe aqui em nossa terra, o absurdo de 13 a 14 reais.

Nossa excursão, noves fora o péssimo hotel que nos acomodaram em Berlin, foi prazerosa, com destaque para as pequenas cidades históricas que visitamos, belas e acolhedoras, com castelos que não acabam mais, prato cheio para quem gosta(eu já estou satisfeito pelo resto da vida).

O grupo, tanto no inicio com alguns argentinos, colombianos e uruguaios, como da metade ao final, só de brasileiros, foi de pessoas amigáveis, cordatas, de convivência salutar e harmoniosa.

Bons companheiros de viagem.

O guia, uma figura impar, culta, alegre, bem disposta e com um fino humor. Um alemãozão típico e gorducho, que enriqueceu nossa viagem.

Seus esclarecimentos, explicações e versão sobre os fatos históricos foram o ponto alto da viagem.

Uma figura impagável.

Deixo claro, que minhas observações sobre o que vi e senti, são de caráter estritamente pessoal, baseadas apenas na intuição, sem lastro, pesquisa ou reflexão mais ampla.

Agora que acabou, fica aquela saudade e a vontade de pensarmos em nosso próximo destino.

Uma informação importante: o Jageirmester é uma bebida milagrosa, comprovada aqui pelo “degas” e pela esposa, que não teve dor de cabeça nenhum dia durante toda a viagem, graças ao uso e abuso do “jager”.

 

José Roberto- 11/09/12

 

 

 

 

 

6 comentários:

  1. Adorei a coluna de hoje... deu vontade de voltar à Alemanha...

    PS. Provei um golinho do Jageirmester ontem, gostei, é parecido com o schnapps que tomei em Colônia.

    Bjs

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  2. Ja notei que quando não recebo leio seu texto diário é porque você está batendo pernas pelo mundo.
    E ainda vive reclamando que a grana anda curta.
    Deixe de conversa e chorar de barriga cheia.
    Aproveite enquanto pode, viaje bastante, mas não deixe de escrever suas crônicas, que distraem e nos diverte,

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  3. A crise pegou todos, inclusive países fortes como a Alemanha.
    Parece que ainda vai piorar, pois a
    Europa está num buraco sem fim.
    Obviamente a Alemanha sofrerá menos, mas pagará sua quota.
    Quanto as belezas do país, realmente vale a pena conhecer e desfrutar.

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  4. Adoro a Alemanha e principalmente o jagmeister.
    É mesmo um santo remédio.

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  5. Não conheço a Alemanha. Quem sabe um dia vá lá. No entanto, o “licor” Jägermeister é ótimo, tanto é que tenho constantemente na geladeira. Jägermeister é uma bebida composta de mais de 50 ervas, frutas e raízes, sendo ela uma bebida única. Gelada, pura ou com cerveja é uma delícia. Em São Paulo uma garrafa de Jägermeister custa em torno de R$60,00 e na Alemanha deve ser bem mais barata.

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  6. Estive com voces nesta excursão e viajei, novamente, agora lendo o texto!
    Quanto a lata de lixo revirada, presenciei algo parecido na Estação de Trem de Viena. Um senhor, não aparentando carência, olhava muito enquanto comiamos e solicitou os restos de todos nós!
    Fiquei chocada e muito desconfortável!

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