UM DIA MUITO IMPORTANTE

TEXTO ESCRITO EM 22/09/09, HÁ SEIS ANOS, RECUPERADO DO BLOG TERRA OPINIAODOZE.

UM DIA MUITO IMPORTANTE

Ao contrário do que muitos podem estar pensando, não me refiro ao “Dia Mundial Sem Carros”, grande hipocrisia brasileira, plagiada da comunidade internacional.

O brasileiro, como todo bípede pensante(será que pensa mesmo???) adora carrões, objeto de consumo e  status.

Prefere morar mal, mas ostentar para vizinhos e amigos aquele carango incrementado.

Não dou a mínima para esse pseudo dia sem carros, pois não vou deixar de utilizar o meu, se necessário, para aderir a frescura desses aitolás conservacionistas, que só pensam em reduzir o efeito estufa.

Hoje é um dia muito importante para a família Rosas/Ferraz.

Vinte e dois de setembro é um dia especial, pois foi nessa data, véspera da primavera, que há vários anos atrás, nossa primogênita, Maria Silvia deu o ar de sua graça.

Pai de primeira viagem, fica com os sentimentos confusos, divididos, entre a mulher que perde aos poucos sua elegância e esbeltês, ganhando em contrapartida um brilho e  charme especial, com o filho que cresce em sua santa e roliça barriga.

Ao contrário da mulher que tem uma ligação instantânea com sua cria, desde o momento da fecundação, o homem precisa aprender a gostar do filho oculto, dando tratos a imaginação, sobre aquela “coisinha” que tomou posse do corpo da pessoa amada.

Depois de meses de ansiedade e catequese, escutar aquele coraçãozinho pulsante e sentir os chutes do filho, demonstrando  já estar  pronto para sair de seu refúgio sagrado, nos enche de curiosidade e apreensão, preparando-nos para o grande dia.

Finalmente seremos apresentados a uma obra mágica, sobre a qual tivemos participação fundamental, mas noventa por cento do mérito deve ser creditada a mãe, a verdadeira arquiteta e executora de tão importante projeto.

E assim, numa tarde de um vinte e dois de setembro, na Maternidade de Campinas, Maria Silvia decidiu finalmente enfrentar o mundo.

Recordo, que logo depois do parto, aguardava com outros pais e parentes, a comunicação do nascimento.

Logo que a enfermeira apareceu informando que a cesariana havia corrido bem, perguntei o peso e tamanho do meu filho.

Uma pessoa que estava ao lado me cutucou, lembrando que eu não havia perguntado o sexo.

Foi uma boa surpresa quando soube que era uma menina, contrariando todos os prognósticos, truques e simpatias realizados por minha sogra, que afirmava ser um menino.

Jamais tive qualquer preferência.

Somente algumas horas depois, no quarto, com minha mulher, vi pela primeira vez aquela carinha redonda que tanto influenciaria minha vida.

De olhos bem abertos nos encarou, e imaginamos que nos sorria.

Assim, na último dia de um verão distante, nasceu a primeira flor da primavera.

Maria Silvia, nossa rosa azul.

José Roberto- 22/09/09