quarta-feira, 12 de agosto de 2015

DILEMAS DE UM AVÔ CORUJA

DILEMAS DE UM AVÔ CORUJA

Tinha jurado de pés juntos que não seria mais escudeiro de minha filha nas “visitas” de Lelê ao pediatra.
Com o avanço da idade, fiquei mais emotivo, mais sensível, um verdadeiro velhote molengão.
Qualquer choro de minha netinha me comove, mesmo aqueles fingidos e manhosos que a danadinha já sabe executar com maestria, quebrando qualquer resistência a seus desejos e vontades.
O choro sentido da última consulta na qual marquei presença, ainda está bem vivo em minha memória. Impossível esquecer aquele rostinho transbordando em lágrimas e implorando pelo colo da mãe, enquanto era futucada e esquadrinhada pelo médico.
Mas..., impossível resistir ao apelo da filhota caçula, pois o marido tinha compromissos de trabalho inadiáveis e a mãe, Dona Regina,  também tinha seus compromissos  na academia, daí, restou ao velho, respirar fundo e arcar com suas responsabilidades afetivas de pai e avô.
Ontem, as nove da manhã, já estávamos de prontidão na sala de espera do pediatra, um baixinho risonho e sádico, especializado em infectologia.
Tenho graves suspeitas que esse Dr. Seringa, tenha uma paixão secreta em espetar seus indefesos clientes com agulhas de todos os calibres, se comprazendo com o sentido choro de suas vítimas.
Minha neta já deve ter tomado umas “44” vacinas, e a cada visita são mais duas ou três, que alem de extremamente dolorosas, o que presumo pelo seu choro, doem também no bolso de minha filha, pois custam um nota preta.
Na recepção, Letícia já manuseava os inúmeros brinquedos disponíveis com uma certa reserva, sabendo que estava “pisando em terreno minado”.
Quando o baixinho sorridente apareceu, convidando-nos a transpor o “portal dos sacrifícios”, a aflição da pequenina se tornou latente.
Desandou imediatamente num choro contido, que aumentou quando a mãe tirou suas roupinhas para os necessários exames.
Noventa centímetros, 13,4 Kg, tudo dentro dos conformes, requisitos de uma garotinha saudável com dois anos recém completados.
O epílogo esperado, seguiu o script do sequioso “espetador de criancinhas”.
Duas picadas, uma em cada coxinha, acompanhada dos tristes e derradeiros lamentos da chorosa netinha.
Refugiada no colo da mãe e com os agrados do avô se recompôs rapidamente, extinguindo totalmente as lagrimas, após deixarmos o “recinto de torturas”.
Para apagar totalmente esses momentos difíceis, mas imprescindíveis para garantir o florescimento sadio da nossa Lelê, nada melhor que uma passada na casa dos avós, para um almoço, brincadeiras, folguedos e muitas historinhas.
Até que resisti bravamente a mais essa missão quase impossível, pois o verdadeiro avô tem que ser solidário em todos os momentos.
Mas que avô sofre, não resta dúvida, porem ver aquela coisinha maravilhosa chamando o “vovô Beto”, compensa qualquer dor ou sofrimento.
Texto assinado por um avô babão.

José Roberto- 12/08/15






3 comentários:

  1. Pai, você é um avô maravilhoso! Obrigada! Bjsss

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  2. Não sei de avô é o pai com acúcar, ou se o neto e o filho com açúcar.
    Só sei que é uma delícia ser avÔ!!!!!

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  3. Isto sim é viver. Ter a chance de poder cuidar da neta. Parabéns! Você está se saindo muito bem.

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